Uma gota de sangue, em troca de um remoçamento, de uma conversa de circunstância, de um chega para cá, com ou sem selfie.
Uma gota de sangue, e o cansaço desaparece no paredão, mesmo que não muito longe se acumulem os caixões…
Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
Uma gota de sangue, em troca de um remoçamento, de uma conversa de circunstância, de um chega para cá, com ou sem selfie.
Uma gota de sangue, e o cansaço desaparece no paredão, mesmo que não muito longe se acumulem os caixões…
Talvez seja por isso que, por vezes, começo a pensar na minha natureza vegetal, já que da animal não consigo determinar a fronteira entre as diversas categorias a que pressinto, também, pertencer.
É certo que alguns vegetais marcaram os dias da minha infância e nem sempre de maneira positiva, mas se tivesse de me enraizar optaria pela serralha, bravia e leitosa…
Esta ideia de ter tido um passado leguminoso é um pouco obscura, porém é melhor que o prometido pó, já desfeita a cinza…
Será que os deuses teriam piedade da minha pequenez se esculpisse uma serralha no meu corpo?
Bem sei que é difícil aceitar que o futuro possa repetir o passado. No entanto, se pensarmos no que está a acontecer, certos comportamentos são a reprodução de ações anteriores cuidadosamente dissimuladas.
O prémio (ou castigo) de vida não está guardado para ser usufruído na outra margem. É aqui, nesta margem, que o PRESENTE premeia (ou castiga) o passado.
Tristemente, nesta margem, insistimos em bater à porta do palácio, mas lá já não mora a ventura.
A minha preocupação imediata foi não o incomodar. A simples ideia de que a minha presença o levasse a afastar-se enerva-me. Mas não, desta vez, ele continuou na sua rotina e eu segui na minha…
Creio que a vida seria mais autêntica, se incomodássemos menos...
De qualquer modo, por hoje, não quero incomodar mais.
No silêncio, só os pavões dialogam entre si. Sobre o quê? Nunca soube.
(Ouço-os com alguma frequência, estridentes.)
Na árvore, em silêncio, periquitos de colar esperam que o Sol lhes devolva a zoada.
Eu desço, junto ao muro, sem plano, apenas atento ao movimento de um ou outro carro...
Desço só, a pensar na próxima curva, na incerteza que ela esconde, porque tudo o resto é algaraviada.