6.9.21

Gostar

«O segredo da felicidade e da virtude é gostar daquilo que se é obrigado a fazer. Tal é o fim de todo o condicionamento: fazer as pessoas apreciar o destino social a que não podem escapar.» Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo.

Poucos são aqueles que fazem livremente aquilo de que gostam. Uns tantos não chegam a ter oportunidade de gostar do que quer que seja... e muitos afirmam gostar do que lhes é imposto para que se possam sentir virtuosos e felizes...
As caravanas prometem mais emprego, melhor alojamento, descarbonização, serviço nacional de saúde mais abrangente e eficiente, transparência, e até a Santa Casa promete aumentar os prémios de jogo... desde que continuemos a jogar, sem esquecer a promessa dos 850€ para o ordenado mínimo nacional…
Pelo andar da caravana, um destes dias, somos todos alfas ou betas ou gamas. Tanto dá!

3.9.21

Duma penada


Preocupado? Creio que sim!

Nunca se sabe quando o inimigo ataca. Sim, porque já não se pode confiar em ninguém.

Os povos com história são aqueles que, de forma permanente, combatem os inimigos que se vão revezando.

Durante as tréguas - formas de baixar a guarda - e, quando menos se espera, o amigo vaticina a desistência, por cansaço ou por descrença.

Duma penada, confirma-se, para 2023, a insolvência da nação e o naufrágio do PS. 

E para quê? Para modificar a agenda comunicacional deste fim de semana. Talvez tenham reparado que o dia de ontem foi um dia triste para o Presidente, porque o António Costa se lembrou de celebrar a ação política de um governo de há 40 anos... e foram recordados atos pouco abonatórios.

1.9.21

Gente falaciosa

 

Junto à A1, está a crescer uma nova urbanização, fálica, ao que se percebe.

Destrói-se, para depois se importar, mantendo a galhardia de outros tempos.

Mas é só fachada, a natalidade vai diminuindo e a mortalidade continua impiedosa...

A estatística não engana, só que nada diz sobre a impiedade da pobreza. Promete-se um acréscimo do ordenado mínimo e, ao mesmo tempo, a classe média vai sendo atirada para dentro da chaminé, vai sendo incinerada por gente falaciosa...


28.8.21

Livros por ler

Desta vez, o azar saiu ao estudo de Michael Herzfeld, A Antropologia do Outro Lado do Espelho... Faltam-me os pré-requisitos para compreender debate tão aprofundado sobre os laços entre a antiga Grécia e a Moderna Grécia, sobre os maus tratos sofridos ao longo dos séculos, sobre a influência 'poluidora' dos Turcos, no passado como no presente, sobre o olhar acusador da Europa reivindicadora do legado 'grego'...

Percebi, no entanto, que os antropólogos têm a qualidade divina de ver por detrás do espelho … e não dos 'olhos cegos' de Ricardo Reis. Ora, no meu caso, começo a passar bem sem o espelho - a escrita, desde que foi inventada, insiste na deformação do que, a cada momento, nos entra pelos olhos dentro… E não precisam de ser gregos!

Bem sei que sem a escrita (o espelho), Heródoto teria ficado esquecido nas areias da memória, e assim faltar-nos-ia a História e sobrariam as estórias, malfadadas, mas do lado de cá do espelho - vulgares e desafiantes da alteridade. 

(Livros que repousam nas estantes à espera de leitor, porque alguém se esqueceu inadvertidamente deles.)

26.8.21

O besouro 🐞

Refém de mim próprio, talvez!
Todos conhecemos o princípio: a liberdade de tudo querer, a liberdade de tudo poder, a liberdade de tudo fazer...
Por tácitos motivos, deixamos de fazer, desculpamamo-nos com o desnorte da vontade e, quanto ao querer, desconsolados, deixamo-nos estar.
Tudo o que ainda fazemos é reação a estímulos que a consciência nos proibe de rejeitar. De nada nos serviria hipotecá-la. A mão perde-se no vazio e nada temos para penhorar.
Posso olhar a flor, procurar a abelha, ver se a borboleta se oferece, mas a única impressão é a de que o besouro veio para ficar.
Hoje, acordei, sem perceber porque há mais de 300.000 besouros diferentes na terra, e que há quem os saiba distinguir. Talvez, um dia, alguém explique cientificamente que eu sou um desses insectos que nunca chegou a saber que a liberdade é uma borboleta.
(As borboletas não têm fé, seguem um roteiro de que ignoram a finalidade, obedecendo. A não ser que a fé seja uma forma de obediência.)

22.8.21

Será que o Ocidente capitulou?

37 milhões de pessoas vivem no Afeganistão. Apesar da diversidade étnica, mais de 90% da população é muçulmana, a grande maioria sunita...

Superfície total: 652230 Km2.  A título comparativo, a superficie total da França: 643801 km2.

Esperança de vida dos homens: 50,6 anos (2018)
Esperança de vida das mulheres: 53,6 anos (2018)
167000 postos de rádio (1999).
Telemóveis: + de 22 milhões (2019)
Utilizadores de Internet: + de 4 milhões (2018)

Há números que nunca chegaremos a conhecer. Por exemplo, quantos afgãos querem abandonar o país? Quantos estrangeiros se instalaram no Afeganistão nos últimos anos, e a fazer o quê?

Um dos grandes problemas parece ser o da informação: O que é que efetivamente os EUA (e a NATO) negociaram com os talibãs? 

Será que o Ocidente capitulou ou tudo não passa de uma encenação miserável, sacrificando mais uma vez as minorias, os mais pobres e os mais fracos?

19.8.21

Vidas!

https://1drv.ms/v/s!An_cC0-n2ycigcI2UPwGFk6T3quOBA

Enviado do Correio para Windows 10


Na Tapada das Necessidades, não há cobras e os gatos detestam a gritaria dos galináceos. Assim se explica que os pintos possam crescer sem preocupações de maior...

Nós, pelo contrário, vivemos em permanente desassossego. Há sempre uma víbora que espreita os rostos destapados e incautos.

Se por uma vez, as vozes em uníssono se levantassem, talvez a noite não caísse tão cedo.