Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
7.6.10
Da ataraxia
6.6.10
O que sobra das histórias invisíveis…
No Palácio que, no século XIX, foi edificado por Policarpo Anjos, como moradia de veraneio, a Câmara Municipal de Oeiras instalou, em 2006, o Centro de Arte – Colecção Manuel de Brito. Sem se saber como, há histórias de riqueza que continuam invisíveis, mas que, de algum modo, geram espaços de recreio e de cultura que vale a pena frequentar. Até Setembro, vale a pena visitar as exposição de Graça Morais e Por Paris.
4.6.10
Na morte de João Aguiar…
3.6.10
Antero de Quental e Raúl Brandão, o mesmo drama…
(…)Interrogo o infinito e às vezes choro… / Mas, estendendo as mãos no vácuo, adoro / E aspiro unicamente à liberdade. Sonetos, Antero de Quental
Outrora rocha, tronco, monstro primitivo, o HOMEM pode contemplar e, talvez, orgulhar-se da sua Evolução, desde que não esqueça a sua génese. No entanto, passado é passado, e quando interrogamos o PRESENTE (in)finito e nos confrontamos com as nossas opções, por vezes, dá vontade de chorar. Percebemos que, em nós, residem liames que, a cada passo, nos tolhem os caminhos da liberdade. Há vaidades que nos embrutecem e que nos tornam censores da liberdade alheia.
(… ) Hoje sou homem – e na sombra enorme / Vejo, a meus pés, a escada multiforme / que desce, em espirais, na imensidade… É deste ‘homem’, desta ´sombra’ e desta ‘escada’ que fala o GEBO de Raúl Brandão quando se interroga sobre qual é o seu DEVER, quando procura a LUZ. Para o GEBO, o passado inútil e doloroso tolhe-lhe a VISÃO e o caminho da liberdade deixa de ser uma demanda individual para se conformar com os padrões decadentistas vigentes no primeiro quartel do século XX.
Quando há dias, afirmava que o PROGRAMA É O ALUNO – o PROGRAMA É A PESSOA – estava precisamente a querer dizer que só há aprendizagem, só há evolução, se CADA indivíduo compreender e interiorizar a dolorosa e despojada liberdade defendida pelo hegeliano Antero. Quanto ao GEBO mais valia que se tivesse suicidado! Mas faltou-lhe a coragem!
2.6.10
Pensar oblíquo…
Esta manhã, acordei à hora do costume. Da habitual rotina, alterei momentaneamente os passos. Pensei se valia a pena preocupar-me com os acentos circunflexos ou se eles já teriam mudado de lugar ou de nome, um pouco à maneira daqueles complementos que, por uma força obtusa, se tornaram oblíquos. E penso nas respostas oblíquas que irei dar ao longo do dia.
A verdade é que não vejo qualquer motivo para festas e não me apetece desfilar sob arcos de triunfo em ruínas. Ponto final redundante: não vou expor qualquer outro argumento porque já começo a ver o fantasma do Vergílio Ferreira a obliquar na minha direcção. E eu detesto fantasmas e, sobretudo, correr à sua frente…
31.5.10
No Campo dos Mártires da Pátria
Em comum, a ameaça de canícula; a luz e a sombra. Algures, a metamorfose anódina do que sobra da gruta lisboeta do épico. Em contraste, uma cidade suja que soçobra ao lado de jardins esplendorosos. Que dizer das pessoas às 3 horas da tarde? Os operários arrastam-se para as fontes; os jovens escondem-se nos bancos de jardim, sob o pretexto de lerem um livro ou de passearem o cão; os idosos e os desempregados, sentados em torno de uma mesa, jogam à sueca. Invisíveis.
E eu que faço aqui? Interrogo-me se há algodão no Campo dos Mártires da Pátria. Está claro que bem podia relembrar o Gomes Freire de Andrade, a Matilde; o Sousa Martins; o Câmara Pestana; o Viana da Mota… Mas com este calor quem é que quer saber!
/MCG
30.5.10
O primado da biologia…
“Dizemos em ciência que o humano (biológico) se está tornar pessoa (psicológico). Quintino Aires
«6% dos jovens têm problemas de conduta (comportamentos incontroláveis ou destrutivos para si ou para os que os rodeiam).» Daniel Sampaio
A hipótese de Quintino Aires é simpática, mas inverosímil. Basta que chova para que do solo surja uma vegetação exuberante que elimina as veredas e destrói as culturas. Sem a intervenção humana, a biologia segue o seu caminho, impondo a lei do mais forte.
Quanto à transformação do humano em pessoa, o factor afectivo (relacional) é essencial. Os estímulos de apoio ou de rejeição são essenciais desde o berço; os limites (os marcos) devidamente colocados são necessários à decisão fundamentada.
Melhor do que defender que O PROGRAMA É O ALUNO, devemos procurar que O PROGRAMA SEJA A PESSOA. Afinal, os problemas de conduta de jovens e adultos resultam dos sinais errados que lhe foram dados na infância e que a ESCOLA, entretanto, não consegue corrigir… porque fazemos opções erradas, também elas alicerçadas no primado da biologia.