17.1.15

E se o «botas» tivesse sido preso?

Pouco provável, não é?
Lembrei-me dele a propósito da notícia de que José Sócrates luta com os serviços prisionais por causa de um par de botas... É triste!
Num país em que estão a morrer cerca de 500 pessoas por dia, em que há centenas de milhar sem emprego, em que todos dias cresce a precariedade, em que o BES, a PT e a TAP são desmantelados ou entregues a vampiros  ... é triste que as botas de Sócrates, a namorada de Cristiano Ronaldo possam ser notícia...
Somos um país de tristes, de botas e de namoradas.

16.1.15

O desenho não mata, mas pode ajudar!

De acordo, os desenhos não matam!
No entanto, todos sabemos que os desenhos são essenciais na construção e na destruição. Embora não saibamos quem desenhou a natureza, e muitos sintam necessidade de atribuir essa ação a um Deus - o CRIADOR -, todos aceitamos que o homem, arquiteto civilizacional, não pode prescindir do desenho. Sem ele, não teríamos nem cidades nem armas...
O desenho é uma ferramenta essencial para o Bem e para o Mal.

Por outro lado, defender que o desenho não mata, pois isso limitaria a liberdade de ofender, é absurdo. 
O argumento é simultaneamente sedutor e perigoso. Lembra-me Carolino, o "Bexiguinha", no romance APARIÇÃO, de Vergílio Ferreira:

- «Os senhores julgam que eu sou um trouxa, todos vocês julgam que eu sou para aqui uma trampa. Mas enganam-se, mas enganam-se, sou um homem, sou eu! Eu posso!Eu, se quiser... Tenho o mundo nas mãos, até a cidade, até uma cidade, podia deitar fogo à cidade, podia... Eu sou eu! Tenho estas mãos.... 
E ergui-as, de dedos estranguladores.
- Tenho-me a mim, não sou um monte de esterco, sou um homem livre, posso, que são vocês mais do que eu?
(...)
- Eu sou um homem! - gritou outra vez. - Sei o que quero. Sou livre, sou grande, tenho em mim um poder imenso. Imenso como Deus. Ele construía. Eu posso destruir

15.1.15

As salsichas não pensam!

Em primeiro lugar, pegue numa bela tripa, de preferência natural e estanque, e coloque-a sobre a mesa de montagem.
Em segundo lugar, confecione um preparado das melhores carnes alentejanas, esburgadas de peles, de ossos e  de cartilagens, deixando-as a marinar num molho de vinho, dente de alho e colorau, sem esquecer uma pitada de sal e de paprika, durante 90 minutos.
Em terceiro lugar, quando a marinada começar a cachoar, filtre-a de modo a eliminar todo o líquido. Nesta fase, convém que o guloso salsicheiro não se deixe inebriar...
Em quarto lugar, encha a bela tripa com o preparado, tendo a preocupação de respeitar a norma europeia que determina a medida e o peso. 
Advertência: a arte da salsicharia exige que o salsicheiro esteja devidamente habilitado e certificado em leitura, pesagem, contagem e etiquetagem.
Finalmente, leve a salsicha a exame, exigindo-lhe, entre outras tarefas menos nobres, que, em 20 minutos, redija um texto argumentativo que definitivamente irradie a fome no mundo...

À hora universal, a salsicha senta-se, olha o salsicheiro e pergunta-lhe: - Que mais queres de mim?  

14.1.15

Parece que chegou o momento de calar...

Há tempo para calar e há tempo para falar...
Parece que chegou o momento de calar....Com tanta gente a falar, de que serve questionar a hipocrisia, a vaidade e a sobranceria?

A insanidade alastra e mata, em vez de incendiar, a faúlha - na linguagem minhota, a 'caruma seca'.

13.1.15

Nem São Marcos nem São Mateus

São Marcos: Jesus falava como autoridade e não como os escribas. E para surpresa de todos, libertou o seu interlocutor dos "espíritos impuros"
São Mateus: É necessário experimentar a morte para subir à glória...

Por razões que não são de interesse público, tive de ouvir, neste fim de tarde, a defesa destas duas ideias, em que Cristo surge como protagonista.
Apesar de tal pensamento me parecer extremamente perigoso, nada pude opor, pois, neste tipo de cerimónia, o participante não tem o direito de questionar ou de refutar. O participante apenas pode responder ritualmente!

Esta liturgia assenta numa doutrina dogmática que impõe a obediência cega à Autoridade e, sobretudo, legitima a morte própria ou alheia como escada celestial...

Afinal, o que é que distingue o pensamento cristão do pensamento islâmico?

12.1.15

Era domingo...

Era domingo, os olhos do mundo sobre Paris e eu, que nada sou, percorria Lisboa: uma cidade quase deserta, a sair da neblina, fotografada por uns tantos forasteiros... Um pequeno grupo de nativos esperava que o cicerone desse início à visita, atrasada pela cunhada vá lá saber-se porquê... talvez ela preferisse as imagens de Paris...
Entretanto, enquanto observava os céus e os jardins de Lisboa, eu ia pensando que o fervor dominical não faz qualquer sentido se, no dia seguinte, tudo continua na mesma...
Ainda pensei que a minha descrença era inútil e até infantil, mas, hoje, segunda-feira, verifiquei que a matança continua um pouco por toda a parte...

Na Nigéria, as crianças são utilizadas como "explosivos"! Quem é que corre para lá?

11.1.15

Os governantes correm para a arena...

A notícia entusiasma de tal modo os poderosos que eles correm para a arena, assemelhando-se a um grupo de delinquentes. Abraçam-se, beijam-se, dão pancadinhas nas costas... 
Oficialmente solidários, percorrem a avenida, separados da turba e, amanhã, tomarão decisões como ontem...

Senhores das comunicações, dos exércitos e das polícias fazem juras de que o amanhã será mais seguro, fazendo de conta de que nada têm a ver com o mundo em que cada vez há mais seres a viver em condições infra-humanas.

(...) E os pequenos correm, também, procurando juntar-se aos grandes, mesmo se na  notícia não passam do rodapé.

Estas palavras podem parecer ácidas e pouco solidárias com as vítimas. Creio, no entanto, que os humoristas assassinados bem dispensariam a companhia de todos aqueles que se servem do humor em causa própria.