17.3.17

Do que é que têm medo? Será de Platão?

Acusem o homem!
Se tantas foram as vantagens financeiras dos negócios apadrinhados pelo homem, acusem-no de vez!
O Ministério Público sabe certamente onde é que param os milhões de euros ou como é que foram gastos. E também conhece as rotas, pelo que se diz na comunicação social. Será que os milhares de ficheiros produzidos não são suficientes para fundamentar a acusação?
O processo já vai tão carregado que, quando chegar a julgamento, irá ficar parado até que os senhores juízes o leiam. Provavelmente, serão os netos dos atuais magistrados a deliberar, já Sócrates terá optado pela cicuta...
Do que é que têm medo? Será de Platão? 

16.3.17

De regresso ao Paraíso

«Em meados do século XX, presumia-se frequentemente que o secularismo seria a ideologia dominante e que a religião não mais voltaria a desempenhar um papel preponderante na política mundial.» Karen Armstrong, Conseguimos Nós Viver sem o Outro?

Na escola pública, o silêncio sobre as religiões é tão profundo que já não sei o que fazer aos meus jovens interlocutores. Se lhes ensinasse Matemática, provavelmente, a minha angústia não teria razão de ser, mas como, por ora, o meu magistério continua centrado na língua, na cultura, na arte, na literatura, nas vertentes diacrónica e sincrónica, vivo num monólogo interminável, pois o Outro, absolutamente secularizado, nada sabe da referência religiosa, vista de forma identitária ou hostil... e tudo isto num tempo de proximidade e conflitualidade inevitáveis...
E apesar de tal estranheza, os estereótipos continuam a poluir a língua e a reproduzir-se insensatamente nas políticas, nos programas e nos manuais das Ciências, ditas, Humanas, incapazes de abolir a simples ideia de que a superioridade moral de uma qualquer cultura possa continuar a imperar, mesmo se alicerçada na santidade de valores, como tolerância, liberdade de expressão, democracia, separação da Igreja do Estado...
              porque «a modernidade não foi baseada num conjunto de ideias, mas sim numa alteração fundamental que se deu na base económica da sociedade.»  Karen ArmstrongConseguimos Nós Viver sem o Outro?

             Bem pode o Papa Francisco  declarar  que comete "um pecado gravíssimo", quem «retira o emprego" às pessoas para realizar "manobras económicas ou negócios pouco claros", a verdade é que, neste século XXI, a base económica da sociedade está a mudar, precarizando cada vez mais o trabalho humano...
Eu, por mim, já tenho dificuldade em explicar o que possa ser o ´pecado', ainda por cima gravíssimo, embora saiba que a culpa é de Deus... e data do dia em que expulsou os anjos do Paraíso, obrigando-os a sofrer, a trabalhar e a multiplicarem-se, isto é, a serem homens... Afinal, no Paraíso não havia homens!
Pela via secular, estaremos de regresso ao Paraíso e os meus jovens interlocutores estão bem mais perto dele do que podem imaginar.

No essencial, o que eu queria registar é que, em 2009, foi posto à venda um livrinho que talvez nos possa FAZER PENSAR: Podemos Viver Sem o Outro? As possibilidades e os limites da Interculturalidade, Lisboa, Tinta-da-China.

15.3.17

Costa trava flexibilização curricular

Primeiro-ministro deu orientações a Tiago Brandão Rodrigues para não avançar com flexibilização curricular e evitar riscos no arranque do ano letivo, a um mês de eleições. Em setembro, a medida só vai avançar em 50 escolas para o ministro da Educação não perder a face.  

Como todos sabemos, a educação é a prioridade do coração socialista, mas que, de tão entranhada, bem pode ser atirada para longe  do calendário eleitoral... Quanto ao jovem Tiago,  este não irá "perder a face", pois vai poder flexibilizar nas 50 escolas que se manifestarem dispostas a servir 'suas excelências'...

14.3.17

Rabugice minha

As portas vão-se fechando. Das janelas pouco se enxerga. Dos bandos, chovem acusações enquanto se afiam facas...
Ainda se a guerra fosse tão discreta, mas não, a que nos cerca arranca as raízes e esmaga os frutos... Das flores, só as de plástico e mesmo estas, liquefeitas, já não sabem o caminho da foz...
(...)
Ainda andamos à procura do perfil do guerreiro, sem saber que este vive nos templos de todas as religiões, de todas as seitas, de todas as ciências... Só que o guerreiro total não tem perfil - é uma máquina omnívora infernal.
Não levem a mal! Isto deve ser rabugice minha! 

13.3.17

O perfil na terra dos néscios

1. Contorno do rosto de uma pessoa, visto de lado; delineamento de um objeto, visto de um dos lados...
2. Corte que deixa ver a disposição e a natureza das camadas dos terrenos...
3. Escrito breve, em que a traços rápidos se esboça o retrato de uma pessoa.
4. Carácter.
5. Génio
             Dicionário de Português da Porto Editora. 

Creio que os cubistas e os intersecionistas (e outros que ignoro!) já se terão debatido com a parcialidade ( a insuficiência) do perfil. Já lá vão 100 anos!
Espero que, à saída dessa enormidade que é a "escolaridade obrigatória", não aproveitem para seccionar o aluno / cidadão, em democrático e não democrático... isto é, observá-lo de um dos lados, como se a cidadania fosse graduada e segmentável...
Em termos psicológicos, estou ansioso por ver a máscara que os jovens cidadãos vão ter de colocar para poderem ser membros de pleno direito desta engrenagem carnavalesca.
Quanto ao carácter, provavelmente, o programador já o terá desenhado, deixando-o falho de qualquer engenho, por muito genial que possa parecer...

Como se pode imaginar, se há algumas décadas, alguém se tivesse lembrado de traçar o "perfil do aluno à saída do Liceu", não andaríamos hoje às voltas ao Marquês, a tentar apurar se o Espírito Santo é, afinal, uma pomba estúpida ou uma língua de fogo...

12.3.17

Um caso de indisciplina

Volvidas duas (três) semanas de debate em torno de uma questão que, efetivamente, não se coloca, entendeu o Ministério da Educação ser taxativo quanto à questão do Português e Matemática — que não irão sofrer redução horária”. (sic)
Um caso de indisciplina


Efetivamente, a questão não deveria ter sido lançada nos termos em que o foi, até porque o tempo atribuído para a lecionação das disciplinas de Português e de Matemática é manifestamente insuficiente.
A aprendizagem pressupõe tempo de exposição, de consolidação, de correlação e de aplicação em novas circunstâncias. 
A aprendizagem pressupõe o recurso a uma metodologia estável, imune à volubilidade de quem governa e de quem gere...
E já agora, a aprendizagem também pressupõe uma certa dose de honestidade!

10.3.17

Da indisciplina

(Um papagaio indisciplinado soltou-se do penteado da "dona" e decidiu regressar ao Congo...)

Um vizinho entra na loja de pronto-a-comer e, fazendo de conta de que não está lá mais ninguém, compra meio frango assado, porque não lhe vendem um quarto, uma colher de polvo, 50 gramas de batata frita...
Na mesma loja, o e-fatura esclarece que os produtos ali vendidos não devem ser considerados na categoria "restauração", mas "outros serviços"...
(...) 
Entretanto, alguém me pede explicação sobre o que é um "comportamento indisciplinado" numa sala de aula, ao mesmo tempo que me é solicitado que deixe de cumprir a programação para que uma turma possa estar presente numa atividade transdisciplinar(?) - prática corrente, recorrente...

Convencido de que a disciplina serve para poder levar a cabo um programa, uma aula, uma tarefa, um plano de tratamento de saúde, de forma eficaz, vejo-me a braços com atos cada vez mais abusivos de indisciplina.
Por este andar, mais vale acabar com qualquer tipo de regra. Salve-se quem puder, que eu já não tenho cura: a não ser ter paciência, ser tolerante, obedecer e conformar-me com a desfaçatez reinante.