19.3.21

Tudo vazio!

 

Passei por lá, mas o desvio não fez qualquer sentido. Tudo vazio!
Exagero, talvez: havia três turistas e alguns velhos resguardados nos bancos do largo… Só o sol dava algum brilho ao celebrado edifício, ali postado à espera. Até quando?
Nem o D. João V que ali voltasse teria qualquer vontade de se rever na sua megalomania. E o próprio José Saramago, se o acompanhasse, pensaria certamente que a melhor fantasia seria a da demolição do convento…

16.3.21

Como se fosse um pastel de nata...

 

Como se… com ou sem postigo.

Hoje, decidiram proibir o 'café ao postigo' no Centro Comercial da Portela.

A maioria dos estabelecimentos acatou a decisão da Autoridade. No entanto, houve quem encontrasse uma solução para o novo problema…

Com ou sem pastel de nata, foi possível solicitar uma bica em copo de plástico e servi-la numa caixa devidamente fechada. Só faltou o lacinho!

Discretamente, o cafeinómano lá foi bicar para o jardim…

15.3.21

Exemplar

 

Não o levaram à escola nem procurou qualquer postigo para tomar café. Também não leu o jornal nem  viu televisão. De redes sociais, nada sabe.

Pousou num galho e ali ficou, confinado por vontade própria. Apesar da folhagem ainda ser escassa, tenciona passar ali a noite, apenas desejando que anoiteça e que amanhã seja um novo dia, tão sossegado como o de hoje.

Depois se verá, porque, embora pareça, nunca está sozinho. Para o bem e para o mal!

14.3.21

No meio das flores

 

Apesar do mal-estar, vale a pena ler o conto NOCTURNO EM BI BEMOL MAIOR de Hermann Hesse, inspirado em Chopin.

«A sala transforma-se. As paredes em redor afastam-se, as janelas ganham grandes arcos e os arcos altos e redondos enchem-se de copas de árvores e de luar. »

No meio das flores de março, a borboleta passa despercebida tal como a confluência da escrita e da música... em apenas 4 minutos e alguns segundos.



12.3.21

Bicar

 Não viemos do mar nem do ar, mas um destes dias vamos bicar. Por maior que seja o problema, o que preocupa é a bica…

Vamos lá bicar que o gota-a-gota pode secar! E tenham cuidado com o Rt!

11.3.21

No estendal...




Há coisas que não mudam. Temos de ser nós a mudá-las. Por exemplo, a roupa presa no estendal.

Há pessoas que não mudam. De nada serve ensiná-las... algumas ainda despertam a tempo; outras ficam presas no estendal. Por exemplo, o velho jarreta que ainda ameaça casar.

No estendal da vida, o vento bem pode soprar… A borboleta, essa, segue o seu curso.

9.3.21

O advérbio

 


As flores, naturalmente... os graffiti, artificialmente.

O advérbio pouco acrescenta e nada modifica. É desnecessário, mas resiste, alapado permanece. Se transformado, encalha na hipálage e ficamos às voltas, a saltar de lugar... à procura da sensação, do instantâneo, do movimento…

Com o tempo, o advérbio vai esmorecendo. Cristaliza, sobretudo se o autor perder a graça ou, pior, se a graça faltar ao leitor…

Naturalmente, as flores... os graffiti, desgraçadamente.

(No dia em que o presidente voltou a tomar posse, cerimoniosamente.)