2.2.22

Neste inverno

 

Apesar da falta de chuva, a vida não acaba.... 
A estatística não perdoa - 20024 óbitos por covid desde março de 2020, a maioria com mais de 80 anos (cerca de 13000...)

A natureza com maior ou menor dificuldade acabará por superar a falta de chuva, mas nós, será que seremos capazes de superar a fatalidade sem cairmos na indiferença?

Ultimamente, os governos vão dando cada vez mais sinais de que o que importa é a economia, sem nunca confessar o óbvio: a morte dos mais velhos é, afinal, uma mais valia.

31.1.22

O caminho


Quem olha muitas vezes para o caminho percorrido enquista-se e perde-se em autopiedade, quando não em vanglória. António Quadros, DN, 8 dez. 1991.

O que vale a pena é atravessar o mistério que, a cada passo, nos surpreende, dando conta dessa travessia, ainda que de forma desajeitada.
(Se nada acontece, o melhor é ficar em silêncio.)
O dia de ontem passa a sinalizar o termo de um ciclo, inaugurando, por seu turno, um novo caminho cheio de incertezas.
O resto não é literatura, e já caiu no olvido.

28.1.22

Com tantas flores...


Com tantas flores, não há desculpa, mesmo que umas se inclinem para a direita e outras para a esquerda.

O que as move? Talvez o capricho!? Pouco importa.
Sem elas janeiro seria mais taciturno.
 
Com tantas flores, não faz sentido deixar de votar neste 30 de janeiro...

26.1.22

O mandarim

 

A foto deveria ser de um mandarim, mas, por inépcia do fotógrafo, a ave regressou à China, não sem antes ter alimentado o nosso imaginário.
Sim, o ilusionismo não cativa apenas as crianças... faz-nos crer que somos grandes e que poderemos, ainda, ser ricos, mesmo que fechemos os olhos ao trabalho de cada dia...
Afinal, há mil e uma artimanhas ao nosso dispor....

Hoje, por momentos, cheguei a pensar em participar numa arruada, nem que fosse para fotografar uma andorinha... 
Só que ainda estamos em janeiro!
( Este é um daqueles textos sem conteúdo que a Google acabará por eliminar.)

25.1.22

Só pode estar cansado...

(Dois motoristas da Carris:Tanto se me dá como se me deu.)

Mesmo que diga o contrário, só pode estar cansado.
Tantos anos a esbracejar em águas turvas, não se pode esperar que se erga qual superhomem, mesmo que, por vezes, o obriguem a dizer o contrário.
Por estes dias, não é ele que está em causa, mas nós. É possível que nos apeteça variar, que nos apeteça vê-lo pelas costas e, como as trutas, subir o rio de água escassa. É possível que nos apeteça ficar em casa para, mais tarde, acusar os do costume.
Nós é que estamos em causa!

23.1.22

A REBELIÃO, Josep Roth

Andreas Pum, servidor de Deus e da Pátria, apesar da perda de uma perna em combate durante a Primeira Guerra Mundial, enfrenta os desaires da vida, convencido de que a Justiça e a Autoridade o protegem e lhe reconhecem o sacrifício...
O romance desenvolve-se, no entanto, não como comprovação das ilusões de Andreas Pum, mas como desconstrução da Fé do protagonista na ordem moral do mundo, o que tem como consequência uma atitude de rebeldia já que nem o Governo nem Deus se interessam pelos 'justos' deste mundo:

«Da minha inocente humildade, acordei para uma insubmissão vermelha, rebelde. Gostaria de Te negar, Deus, se fosse vivo e não estivesse diante de Ti. Mas, como Te vejo com os meus olhos e Te oiço com os meus ouvidos, tenho de fazer pior do que Te negar: tenho de Te injuriar! Na Tua fecunda falta de sentido, Tu geras milhões dos meus semelhantes, estes crescem, crentes e resignados, sofrem golpes em Teu nome, saude imperadores, reis e governos em Teu nome, deixam que as balas lhe abram corpo feridas que criam pus...» Joseph Roth (1894-1939), A Rebelião, 1924.

Infelizmente, aqueles que sacrificam a Deus e à Pátria, aqueles que apostam na educação das novas gerações, aqueles que cuidam da saúde dos concidadãos, morrem revoltados, tal como Andreas Pum... e já entrámos em 2022. 

21.1.22

É só encenação!

 
As campanhas eleitorais aborrecem-me!
O maioral de cada partido percorre o país sem nada ver e ouvir, preso das marcações que o encenador partidário lhe fixou.
Em cada palco, tudo é artifícioso: os figurantes movem-se em círculos fechados e os protagonistas não passam de fantoches mais ou menos emparelhados, com réplicas ensaiadas e, em regra, de mau gosto...
Antes da campanha começar, tinha a ideia de que nos partidos havia pessoas inteligentes, com ideias bem alicerçadas e capazes de as expor com clareza...
Entretanto, essas pessoas cairam no anonimato, e as ideias capazes desapareceram, como se tivessemos passado a viver no reino da estupidez.
Antes, estava convencido de que sabia em que partido deveria votar, agora aconselham-me a votar no menor dos males... como se o mal pudesse ser graduado.
E depois admiram-se que as urnas fiquem às moscas...