6.4.23

Visitado por três vezes

É obra! Três clics! À procura do quê?
Nem sei porque me dou ao trabalho de verificar o número de visitantes...
Bem sei que o blogue não é suficientemente atrativo e, sobretudo, é narcísico quanto baste. O EU não consegue diluir-se nem sequer vestir-se de outras cores mais primaveris... Quem sabe, até mais pluviosas... só que abril já não rima com 'águas mil'...
Talvez pudesse recuar, e queixar-me, mas de quem ou de quê? Seria redundante, pois já o devo ter feito inúmeras vezes... é só revisitar os fundos, sem fundo.
(O Freud não se cansa de me dar ideias que, no entando, se vão reduzindo a jogos palacianos, deixando de fora os escravos, a maioria.)
E depois a ideia de que sei, bem sei, é absurda. O saber lisonjeia, mas só traz dor.
Ora o que verdadeiramente conta é fugir da dor ou, pelo menos, aprender a controlá-la, naturalmente.
Nem que seja imaginando os anónimos que me visitam.

Alegria.

1.4.23

3 anos depois

 

Passaram 3 anos, perdi (temporariamente) os óculos e fotografo-me à sombra das palmeiras do Hospital Curry Cabral...

As salas de aula ficaram para trás, tendo sido substituídas por consultórios médicos e enfermarias.

A troca não compensa, mas o que fazer? Nem sempre a aposentação traz melhores dias, sobretudo porque coincidiu com o confinamento imposto pelo Covid 19... 

Pode ser que a linha invisível não quebre, e, se quebrar... nada mais haverá a dizer.

De facto, o que se disse foi sempre tão pouco que não espanta que a distância vá aumentando.

28.3.23

Tento destapar-me

Vou lendo à procura sem saber do quê...
Por vezes, tento destapar-me, mas nada encontro... 
É como se a substância, afinal, mais não fosse do que a ilusão da hora...
Talvez, assim, se explique a fatuidade dos dias de outrora...
Esforçados, bem sei.
Porém, os resultados vão perdendo evidência ou não passaram de falácia lisonjeadora.

O que vou lendo nem sequer me ajuda a ligar os fios de que a vida se vai tecendo. 
Por agora, entretenho-me com o caso Schreber, na leitura de Freud...

(O que é curioso é que ainda não li Memórias de um doente dos nervos, de Daniel Paul Schreber. Mas já li O Alienista de Machado de Assis;  Darandina, de João Guimarães Rosa, O Caso Schreber, de Elias Canetti.)

Sinto que, tal como na vida, o que falta é seguir a linha invisível, sem querer o impossível: destapá-la.

23.3.23

A Casa Verde

Senhores do momento deixam a imagem de um profundo egoísmo e, sobretudo, de se quererem manter em cena a qualquer custo.
É a vaidade que os move e que os torna ressabiados, parasitando, a cada dia que passa, o talento dos mais novos, como se estes apenas existissem para os servir.
Seres, por vezes brilhantes, acabam por dar exemplos repugnantes...  Bem podiam seguir a derradeira lição de Simão Bacamarte... (Referência: O alienista, de Machado de Assis)

21.3.23

e os outros...


Dizem que há poesia , primavera, flores, vida, 
pois eu digo que há guerra, fome, miséria e, sobretudo, morte.

Vamos fazendo de conta, tratando da nossa vida, enterrando os nossos mortos...
e os outros que se lixem.

A mentira.

19.3.23

O gato e o pavão

 

É difícil de imaginar o que lhes está a passar pela cabeça.
Indiferentes à cerca, com vista para o campo de futebol, talvez pensem como seria interessante trocar de papéis... nem que fosse por umas horas.
Jogar à bola ser-lhes-ia difícil, deixam isso a cargo dos seminaristas e dos padres que por ali, ocasionalmente, vão trocando o esférico, mas sem capacidade para se colocarem no lugar das vítimas ou, sendo-o, preferem não o confessar.
Fingir continua a ser uma arte, mesmo que não seja a de Pessoa...
(Falta o contexto? Talvez, mas, se quiserem, podem procurar a quinta do Seminário dos Olivais...)

14.3.23

o feio está a ficar coisa

 

Por mais que me esforce, não consigo libertar-me de Sua Excelência e de outros comentadores do mesmo calibre. Segundo ele, 'a coisa está a ficar feia'.
Como diria o João Guimarães Rosa, ' o feio está a ficar coisa'. E quanto mais penso no assunto, mais me convenço que a aposta é na fealdade.
De regresso ao grotesco, impingem-nos toneladas de suspeições de modo a que vivamos em permanente instabilidade . Não se trata, apenas, de nos desassossegar, de nos fazer sair do comodismo. O objetivo é instalar a ansiedade, o medo de tudo perder.
Em nome do quê? Dos que, fingidamente, nada têm. Dos que aproveitam para viver da panóplia de subsídios que conseguem capturar.