4.11.23

Da nomeação

Com o tempo, a Caruma fenece e com as chuvas vira pasta escorregadia... E para que ninguém escorregue, assumo, definitivamente, a autoria. Pode parecer capricho, mas não o é.
Como se sabe, o nome mais não é do que a antecâmera do anonimato. E assim deve ser!
Quanto ao tempo, as guerras mantêm o ímpeto destrutivo, em nome de causas absurdas. 

3.11.23

Aos poucos...

Aos poucos, deixo de escrever porque os factos são tão horrendos que de nada serve emitir opinião. A retórica só serve para nos confundir,  encaminhando-nos para ideias medíocres que só nos podem afastar da verdade...
Perturbado pelos factos, incapaz de contribuir para uma efetiva alteração das atitudes, abdico de escrever a ver se dou um passo para a diminuição do ruído comunicacional.
De qualquer modo, já sabia que a minha voz não move uma palha, quanto mais montanhas... 
(...)
O horror em Gaza, na Ucrânia e em tantos outros sítios persiste.

25.10.23

O que nos compromete

O que acontece é o que nos compromete. 
Para a maioria, passar ao lado é a melhor solução... Para as fações, vinga o extremismo, sempre descontextualizado...
Desta vez, António Guterres pegou os bois pelos cornos, e fez muito bem. Dentro e fora de portas, os faciosos não se vão calar.
A maioria não se compromete. Prefere ignorar.


17.10.23

Não foi fácil

Não foi fácil o ano que ontem terminou.
Esperemos que o que se inicia, felizmente com chuva, se revele menos tormentoso.
Não é só o corpo, mesmo que nem sempre seja o meu, que nos limita a caminhada. É sobretudo a alma, que nem Platão me consegue explicar de forma luminosa, que carregada de sombras insiste em desfazer a razão.
Neste novo ano, a escrita será cada vez mais restrita, pois de pouco serve espraiar-se para outras plataformas.
Esperemos, sim, que a chuva não nos falte, porque de paz andamos desconversados.

13.10.23

O desregramento...


Parece que vamos ter chuva! Esperemos que seja moderada, já que o desregramento humano campeia, da Rússia a Israel... Ambos dizem combater os extremismos, como se não tivessem responsabilidade na sua proliferação... 
Praticar o mal para destruir o mal nunca foi solução. Não quer dizer que se entregue a outra face... só que é criminoso atentar contra populações indefesas.
Esse ataque deveria ser universalmente condenado.
(Ai, o condicional...)

6.10.23

Sem defesa

 «Os escritos são peças mortas que não conseguem defender-se quando atacados.» Platão, Fedro

A dialética socrática procurava, a todo o custo, evitar a morte, só que num registo oral argumentativo. A escrita encarcera.
De certo modo, ao escrevermos, todos sabemos, de antemão, que a imortalidade só seria possível se conseguíssemos prolongar a vida...
Por isso, insistimos na ilusão até nos cansarmos, em definitivo. 
Do anátema não escapamos!

23.9.23

Bocage, tão alto!

Que apreço!

«Aqui nasceu Bocage. o de curta vida. Está no alto daquela coluna, voltado para a igreja de São Julião, e há de estar perguntando a si mesmo por que foi que ali o puseram, tão sozinho, ele que foi homem de boémia, de versos improvisados em tabernas, de tumultuosos amores em camas de aluguer, de muita rixa e vinho. (...) Quem cá ficou, abusou de quem morreu. Manuel Maria merecia uma arrebatada fúria, não esta romanização de senador que vai pregar no fórum sonetos de parabéns.» José Saramago, Viagem a Portugal.

Até a data, o deseja de Saramago (op. cit., pág. 593) encontra-se por cumprir.

Resta saber se alguém ainda o lê e, sobretudo, se o compreende...O tempo não tem culpa se a ignorância vai crescendo de tal modo que muitos dos seus poemas se tornam incompreensíveis... No entanto Bocage deveria ser um exemplo para as novas gerações. Tão alto, porquê? Será complexo de inferioridade?