7.1.10

Quando a resposta tarda…

Falar do tempo não faz qualquer sentido, embora nos encontros fortuitos possa ser tema dominante. Há muito que o arrumei na gaveta aristotélica da metafísica. Nessa gaveta, guardo tudo o que se vem tornando inexplicável. Lá moram Deus, a Alma, a Vida Eterna, o Sentido… E por isso também não me passa pela cabeça "enganar o tempo"!

O que é irremediável, remediado está! Compreendo que se possa querer enganar o envelhecimento, que esse, sim, é de ordem física! Todavia, não creio que se possa voltar atrás.
O Corpo estrangula o Sentido até que a matéria de que é feito se diluía, se dissolva perdidamente…

Quando a resposta tarda, não é má vontade, é apenas uma recaída… a grande Ilusão!

5.1.10

Dúvida

 

A palavra 'carantonha' é uma palavra simples ou modificada por sufixação? Na 2ª hipótese, qual é o sufixo?

2.1.10

Ter tempo… no Museu do Neorrealismo

Finalmente, arranjei tempo para ir a Vila Franca de Xira visitar o novo Museu do Neo-Realismo. Em destaque, uma exposição (escrevivendo) sobre a vida e obra de Urbano Tavares Rodrigues; outra (completíssima) sobre Soeiro Pereira Gomes; e uma terceira sobre a globalidade do movimento neo-realista,  no que se reporta à literatura, ao teatro, ao cinema e à música.

Para quem não esteja muito apressado, pode, durante 1h30, revisitar os homens e as mulheres que, de algum modo, se opuseram ao Estado Novo e, deste modo, compreender os dramas vividos pelo povo e, também, os dramas sentidos pelos artistas que, em muitos casos, vítimas da censura, da clandestinidade ou das prisões acabaram por ficar prisioneiros das suas circunstancias.

(Entrada gratuita.)

1.1.10

RESPOSTA…

Há uns meses, um colega enviou-me a intervenção de António Nóvoa, no Debate Nacional sobre Educação /  Assembleia da República, a 22 de Maio de 2006. Creio que M.B.Reis me incitava a reflectir sobre as ideias de Nóvoa, num cenário de construção de um Projecto Educativo.

Só hoje encontrei o tempo de leitura necessário ao pronunciamento. Ora, resumindo: em matéria de educação, Portugal continua na cauda da Europa; a insatisfação “quantitativa” e “qualitativa” continua em alta; avessos à «pedagogia”, desvalorizamos a cultura escolar e preferimos o “centro social”, atribuindo à escola uma multiplicidade de papéis que são da responsabilidade da sociedade; em termos de prioridades, dificilmente as conseguimos equacionar e hierarquizar…, de tal modo que os “bons” professores têm gasto uma boa parte do seu precioso tempo a participar ou a testemunhar numa peça que põe em cena o drama do respectivo estatuto e da avaliação docente – tudo questões prioritárias, mas que não asseguram:

  • os níveis mínimos de aprendizagem;
  • o sucesso de todos os alunos;
  • a valorização do trabalho escolar;
  • a satisfação dos interesses dos alunos, com esforço próprio e a maior liberdade que for possível;
  • a recuperação do contrato educativo para reinstituir um sentido para a escola;
  • o alargamento das vias tecnológicas e profissionalizantes;
  • a existência de escolas diferentes, para que se possa falar de liberdade de escolha;
  • o reforço da formação de professores, aproximando-os da realidade escolar concreta;
  • a inserção cuidada dos novos professores nas escolas;
  • a criação de lideranças profissionais num quadro de um trabalho cooperativo.

Pelo que fica dito, parece que construir um projecto educativo pressupõe saber se queremos ser uma escola diferente, isto é, orientada para o futuro; uma escola que aposte, do mesmo modo, na formação humanística, artística, científica e tecnológica; uma escola capaz de definir projectos de aprendizagem; uma escola que valorize o trabalho; uma escola que integre; uma escola que privilegie a profissionalidade e a responsabilidade; uma escola geradora de lideranças…

Já agora, para afinar a reflexão, deixo aqui as palavras de Lídia Jorge: « O lugar da instrução escolar é um lugar único e irrepetível. Não é um local de trabalho, nem é um local concebido para jogo e deleite, é um outro lugar, onde trabalho, jogo e deleite se cruzam de modo a que todo o exercício seja suportável, e a felicidade resulte da aplicação do exercício.» Contrato Sentimental, pág.50, Sextante editora, Setembro de 2009.  

Sombras…

  Maré-cheia, maré-vazia!

De facto, o que mais me tem interessado nesta passagem 2009-2010 tem sido o livro de Lídia Jorge Contrato Sentimental sobre o PORTUGAL FUTURO, a partir da genuína fórmula PORTUGAL=LIXO.

30.12.09

Santarém - Uma viagem à minha terra…

Hoje, fui às Portas do Sol, Santarém, (re)ver o Tejo. Apesar do comboio parecer o mesmo, a extensão de água é bem diferente da que ficara alojada na minha memória dos anos 60. E das muralhas, não consegui ver a Santa Iria que…, tendo sido compensado pela “liberdade” do Manuel Sousa Coutinho, na Rua Direita.

Nesta minha viagem (que nada deve a Almeida Garrett!), a decepção instalou-se, quando me apercebi que nos campos, balizados pelas muralhas fernandinas (?), em que outrora jogara futebol, havia agora um mal amanhado parque de estacionamento. E do Ginásio, o que é que fizeram? E, finalmente, tenho que confessar que ainda não foi desta vez que consegui visitar o Convento de S. Francisco. Desde que li As Viagens na minha Terra e tenho notícia das malfeitorias dos exércitos napoleónicos,  que sonho  entrar naquele desditoso monumento. Cheguei por volta das 11h00, mas estava fechado! Para compensar a frustração, a cidade pareceu-me mais dinâmica e, sobretudo, fiel a algumas tradições. 

/MCG

28.12.09

TETRO e a VOZ…

TETRO, de Francis Coppola, ou a regeneração da família, após uma descida aos infernos numa Buenos Aires híbrida e caótica. Rejeitando a catástrofe sempre iminente, F.C. opta pela esperança… Devolve à família o lugar de alicerce da (nova) sociedade.
No entanto, fora do ecrã, as fronteiras diluem-se, não fazendo qualquer sentido legislar sobre o modo como nos devemos arrumar nas gavetas do fisco.
A semântica, que tanto tempo leva a consolidar-se, trai-nos a cada passo e não fosse a atávica ignorância, o Governo, em vez de legislar sobre as “partes” que podem constituir o casal, deveria empenhar-se em resolver os verdadeiros problemas que nos arruínam a cada dia que passa.
Nem a tragédia nem o drama são solução. Só a voz pode crescer e afirmar-se, dando sentido à existência.