28.3.10

Escola Secundária Liceu Camões

E se mudássemos o nome à Escola? Passado e presente rever-se-iam melhor na mesma instituição…
(As fotos foram eliminadas, não sei por quem...)

26.3.10

Num país de tenentes…

O delator é uma criatura querida. No Parlamento, sucedem-se as comissões de ética e de inquérito que, inquisitoriamente, procuram a verdade. E já percebemos que elas não funcionam sem delatores e relatores. Mesmo que não queiramos, podemos ser chamados a delatar.
Na comunicação social, já não há, como antigamente, fontes. Agora, há escutas largadas na redacção pelos delatores. E o redactor passa a relator ao transcrever as escutas.
Para que ninguém pense que uma conspiração eclesiástica fez ressurgir o Tribunal do Santo Oficio e os seus vorazes sequazes (os abnegados familiares!!!), o Ministério da Educação decidiu introduzir na escola pública um novo actor: o excelentíssimo relator - mistura de redactor e de controlador /tutor... Trata-se evidentemente de uma atenciosa cedência aos escribas, comissários políticos, directores espirituais, gurus e outros que tais. Anuncia-se, deste modo, uma nova casta que não deixará de ser pasto dos corvos.     

24.3.10

Tenentes…

(Quando os tenentes se insinuam junto dos chefes, os pelourinhos crescem…)

O delator aponta o responsável por uma infracção, com o intuito de comprometer o denunciado, tirando proveito junto do chefe.O relator dá, por escrito, um parecer sobre a acção e a ética de um profissional  para ulterior deliberação do chefe.O capataz é um indivíduo lambe-botas capaz de se fazer ouvir pelo chefe.

Leio o i, oiço a Antena 1, ligo o canal Parlamento, atravesso a rua, desço a escadaria, dormito no autocarro, desperto na areia… e os tenentes, frenéticos, elevam a voz até as minhas sinapses explodirem.

Só não compreendo porquê… eu nunca quis ser chefe de ninguém! Mas se o fosse, teria como regra de vida: a eliminação dos tenentes.


21.3.10

Risonho, o futuro da Esc.sec.Camões



E a propósito, para quem se interroga sobre o futuro da ciência e da poesia, transcrevo ARS POETICA de David Mourão-Ferreira:

Roubado à natureza o dossier secreto
Patente a analogia entre o fundo do poço
o rosto de Narciso    o sangue do incesto
há-de tudo prender-se  aereamente solto
Que o verbo seja um espelho   Ao mesmo tempo um véu
Que não baste   no lago   a pureza do rosto
A lira é com certeza a mão esquerda de Orfeu
Mas é a mão direita a que revolve o lodo.

20.3.10

Lugar de massacre…

 Sembène Ousmane (1923-2007).
Hoje vi, finalmente, o filme “Camp de Thiaroye(1988), na Biblioteca do Instituto Cultural Romeno.
Em 1944, um batalhão de atiradores de  diferentes religiões e culturas africanas , acantonado no campo de Thiaroye, no Senegal, espera a desmobilização e o pagamento dos serviços prestados à potência colonial – a França. Muitos deles lutaram em França contra a Alemanha nazi, tendo mesmo experimentado os campos de concentração.
No entanto, esse contributo para a libertação da Europa de nada lhes serve, pois acabam numa cova comum, chacinados pelo racismo da hierarquia militar, simpatizante do regime de Vichy.
Um filme que chega a ser divertido porque, apesar do que separa aqueles atiradores africanos, eles acabam por se entender em nome da justiça… É, todavia, um filme amargo e trágico, porque a Europa continua sem considerar África como sua parceira…
Nota: O título “Lugar de Massacre” , lembro-me, agora, é o título de um romance do esquecido Martins Garcia. Talvez valha a pena lembrar, a propósito deste filme, a dedicatória do autor açoriano: «a todas as vítimas da paranoïa e da incompetência dos déspotas, caídas para nada no campo do dever e do absurdo.»

19.3.10

A mentira…

Tenho um livro para ler e não o leio. Em alternativa, vejo um filme baseado numa adaptação da obra… e faço crer que é a mesma coisa, como se fosse possível reproduzir todas as vozes que atormentam o escritor…

Tenho um livro para apresentar na sala de aula e não o leio. Procuro uma sinopse na internet, copio-a e espero que o professor seja tão néscio que ainda bata palmas…

14.3.10

A Processionária…

  Acabo de tropeçar na Lagarta do Pinheiro, vulgarmente conhecida como Bicho da Peçonha.Mata o pinheiro e provoca irritações graves na pele, olhos e sistema respiratório.

Bem me parecia que os congressos e as peregrinações não eram invenção humana… sem qualquer desconsideração pelas formigas. A partir de agora, posso criar novas e herméticas metáforas. E quanto à peçonha que vem atacando os pinheiros, vou passar a associá-la à peçonha que, no século XVI, invadiu as ruas de Lisboa vinda da Ásia e nos tornou definitivamente vítimas da abulia. Ou seria da acrasia?

(Ó meu velho Sá de Miranda tira-me daqui!)