6.7.11

A causa pública

A um político só fixo o nome a partir do momento em que me convenço que este serve a causa pública. E hoje faleceu uma das poucas mulheres cuja acção política despertou há muito a minha atenção: Maria José Nogueira Pinto. Na minha memória, está agora sentada ao lado de Maria de Lourdes Pintasilgo.

Sempre lhes admirei a convicção e a coerência!

5.7.11

Exemplo…

MOODY'S CORTA 'RATING' DE PORTUGAL PARA 'LIXO'.

Eis um título que, de forma exemplar, dá conta do lugar de Portugal no mundo: o caixote do lixo. Metonimicamente, o “caixote” desaparece para ficar apenas a metáfora em que Portugal soçobra definitivamente. Já nem a língua portuguesa nos salva!

A tirania de agências, como a “moody’s’”, deveria servir para nos questionarmos sobre as nossas opções: ou lutamos por uma república federal europeia ou abandonamos a união europeia e, consequentemente, o euro.

O que não se pode aceitar é que diariamente sejamos humilhados e, sobretudo, devemos combater a política de terror que nos está a ser imposta.

3.7.11

O argumento…

Nas eleições legislativas de 5 de Junho, 85% dos votantes sufragaram a solução dos credores.’ É este o argumento que dá início à ditadura democrática, porque a partir da agora só nos resta pagar e calar. Qualquer desacordo vai ser visto como inoportuno e como causa próxima do falhanço que nos ameaça.

Uns tantos passarão a manifestar-se nas ruas em defesa das “conquistas de Abril”, indiferentes à nova ideologia. Para esta, no entanto, a causa remota, está nessas mesmas conquistas.

Apesar de metade da população não ter votado nas recentes eleições, está aberto o caminho para a gestão do terror porque, aparentemente, 85% dos portugueses apoiam as medidas que os condenam à pobreza.

Em nome da transparência, criam-se e propagam-se falsas evidências. O cilindro da propaganda já está no terreno: abençoam-se os princípios e os objectivos, na expectativa que as estratégias sejam convincentes e os custos diminutos.

No caso das estratégias falharem, resta o recurso à força. ‘85% dos votantes sufragaram a solução dos credores.’    

1.7.11

Nem a sorte nem a magia…

«-Não podemos falhar! Não podemos falhar!» Um enunciado a considerar nas fórmulas mágicas da afirmação de impotência…

Em vez da aposta no trabalho e na contenção, preferimos o esconjuro dos padres da igreja a que nos acolhemos. Quase que apetece gritar que É a hora! mas ficamos por: É o momento!

Fica, todavia, uma dúvida razoável: Não podemos falhar em quê? Para Eça, seria a vida! E para nós, há alguma coisa mais importante do que a vida? Não seria melhor, de uma vez por todas, admitir que falhámos como nação!

Nem a sorte nem a magia nos tirarão do açude em que tombámos, mas talvez pudéssemos aproveitar para criar umas trutas!

30.6.11

A nova retórica…

“- Posso assegurar…” Assim começam ou acabam muitas frases proferidas pelos novos governantes. Infelizmente, quem, no contexto actual, arrisca tal certeza revela impreparação para o cargo que desempenha.
Uma análise de conteúdo dos argumentos utilizados mostra ainda que a repetição da “certeza” espelha  a falta de estudo e, sobretudo, adverte para a leviandade da decisão, como no caso da aplicação do imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal… (Quem é que, de verdade, acabará por ser taxado?)
Não se espera que o político seja de tal modo céptico que acabe por desvalorizar a acção, mas também de nada nos servem os iluminados que, em nome da racionalidade e da transparência,  tomam decisões cegas.

29.6.11

Alternativa ao contrato de leitura

Mais do que formalizar contratos de leitura, as escolas deveriam promover o conhecimento da literatura, criar espaços de leitura literária, apetrechar as bibliotecas escolares com um número significativo de exemplares das obras mais consagradas dos vários cânones culturais e, sobretudo, promover a leitura em rede, socorrendo-se dos fundos das bibliotecas públicas…

A existência de 4 ou 5 gabinetes de leitura em cada escola permitiria recriar a leitura partilhada, fomentando a socialização dos jovens em torno das grandes questões que preocupam as sociedades actuais. Por outro lado, permitiria criar redes dinâmicas de leitores em torno de temas por eles próprios seleccionados.

Esperar que a disciplina de Português possa, em 2 blocos de 90 minutos semanais, promover a leitura literária não passa de um disparate! E a prova foi dada no III Grupo do exame nacional de Português (1ª fase): raros foram os alunos que, efectivamente, se referiram à importância da literatura ou que revelaram ter uma noção do que é a leitura literária.

26.6.11

Imagens da literatura…

A literatura

  • uma actividade relaxante… pode ser praticada na praia ou em casa; lugar de esquecimento, de descontração.
  • organizador mental e intelectual; ajuda a simplificar o complicado; sinónimo de ser culto; abre a mente; prepara para o verdadeiro mundo…
  • fuga à rotina; lugar de sonho, de vida (a criança sonha! o adulto vive!)
  • excêntrica e chocante (para pessoas calmas!); bem comportada (para pessoas stressadas!)
  • lugar de engrandecimento e de cumprimento (Falta cumprir-se a literatura!
  • cara; encontra-se em todo o lado, e acessível a todos; não devia ser só para cromos e introvertidos...
  • vítima da televisão, do cinema e da internet; as novas gerações querem quebrar a tradição da literatura; a leitura literária deve dar lugar à leitura digital.
  • cansativa; antidepressiva; retrógrada.
  • sem a literatura, a formação é deficiente; é o fim das relações entre os seres humanos…

Nota: No exame nacional de Português do 12º ano, o CONTRATO DE LEITURA não fornece exemplos. Porque será?