29.5.18

Vamos lá regatear!

Aluno: - Quando é que faz a autoavaliação?
Surpreendido, o professor replica: - Quando é que apresenta oralmente a obra selecionada no âmbito do projeto de leitura? - E trabalho escrito, apresentou algum durante o ano?
Resposta do aluno: - O que é que isso tem a ver com a autoavaliação?

Este professor ainda é daqueles que pensa que lhe compete criar as condições para que cada aluno possa expor o modo como terá cumprido os critérios de avaliação, mas isso, afinal, não tem qualquer significado...

Sob uma amoreira, acabo de ver um papá babado com o filhote ao colo, incitando-o: - «Meu lindo menino, já deve chegar, mas é como tu quiseres, faz o que te apetecer!»

Ele nem precisa de regatear!

28.5.18

Podem os sindicatos de professores ser felizes?

A notícia da greve às avaliações no final do ano parecia refletir ameaças recentes, aceitáveis por muitas razões... só que o detalhe envenena: estas só terão início a 18 de junho, deixando de fora as avaliações do 9º, 11º e 12º anos. Consequentemente, os exames não serão postos em causa...
A meu ver, estas manobras sindicais só prejudicam os professores, contribuindo para o descrédito social da classe.

27.5.18

Com três sílabas...

A 'árvore' tem três sílabas tal como a 'palavra' - o 'homem' só tem duas, o mesmo acontecendo à 'mulher', a não ser que se chame Maria...
A 'árvore' não engana. Tem raízes, tronco e ramagem. Já quanto à 'palavra', nem sempre exprime lisura, embora, por vezes, seja expressão de secura...
Até o 'espírito' é constituído por três sílabas, apesar de andar longe da santidade. Basta recordar que, certo dia, "visitou" (forma eufemística para os dias de hoje) Maria, deixando-a grávida sem ela ter conhecido homem...
Serve a presente nota para mostrar a minha preferência pelas 'árvores'. De todas as criaturas, só elas me inspiram, porque, para além das estações, elevam-se aos céus sem terem necessidade de ludibriar - sem necessidade de que o espírito desça sobre elas...

26.5.18

O chinelo

Cai pela ribanceira abaixo. Joelho esfolado, mãos arranhadas. Tem vontade de chorar. Mas para quê?
Sacode a poeira, disfarça o rasgão e volta a subir a encosta, como se nunca tivesse saído do trilho...
Sabe de antemão que terá de prestar contas, experimentar, na melhor das decisões, o chinelo... De sola, o chinelo, que melhor seria que fosse de pano ou até de cortiça - modernices!
Fiquemo-nos pelo chinelo, bendito! As alternativas já experimentadas eram muito mais dolorosas, hoje, dir-se-ia, gravosas, pois habituámo-nos a formular juízos de valor condenatórios porque queremos estar de bem com a opinião, pondo de lado a consciência...
Depois de tanta queda e da eliminação do chinelo, mesmo se de pano, vejo-me sem saber se ainda há consciência, se ela era uma imposição cultural ou uma exigência pessoal...
O que eu sei é que só posso usar o chinelo no pé, em casa, na praia... até posso de ir de chinelo para a escola que já ninguém reclama...

25.5.18

Na ilha da Madeira

«Uma flexibilidade de 25% na forma como as escolas trabalham os currículos, fusão e permuta entre várias disciplinas, são algumas das ferramentas que as escolas vão poder beneficiar por via de um decreto de lei.» Tiago Brandão Rodrigues na ilha da Madeira

Com uma autonomia reduzida a 25% - para onde é que vão os restantes 75%? -, os professores, em nome do supremo interesse dos discentes, vão sentar-se a discutir graciosamente os pontos em que os curricula se interpenetram ou, até, os pontos em que a inteligibilidade de uns depende da aquisição dos outros... Será que estão preparados para tal tarefa?
Em reuniões breves e clarividentes, serão construídos 'transprojetos' - que a pluri - e a interdisciplinaridade já tiveram melhores dias! - a executar no próximo ano letivo... se a opção não for a da corrosão disciplinar (fusão)... tudo apadrinhado pelas novas tecnologias de bolso que, entre outras soluções fabulosas, vão finalmente libertar os docentes da agrura de corrigir e classificar testes e exames...  Se se optar pela corrosão disciplinar (fusão) é mesmo possível acabar com o conceito de "ano letivo"...
Pessoalmente, acho que o ministério de educação só falha nos 75% que vai querer controlar, porque se decretasse a autonomia a 100% até poderia encerrar as escolas, despedir os professores...
Desta vez, não vou querer cair para o lado da autonomia... não sei se estão a acompanhar...

24.5.18

Que loucura é esta?

Hoje é o último dia!

Será este o nosso último email?

Que loucura é esta?
Todos querem os meus dados, todos querem que eu os confirme. Se o não fizer, amanhã deixarei de contar... deixarei de ser ... 
Vamos ver se, finalmente, me deixam em paz!
                                          Viva o Regulamento Geral de Proteção de Dados!

23.5.18

Júlio Pomar, os olhos

Em 4 de maio de 2014... «Por trás dos olhos cegos», creio que o verso é de Fernando Pessoa, revela-se no nº 7 da Rua do Vale um atelier museu pensado e desenhado pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira…» (Caruma)

(A verdade é que o verso é de Fernando Pessoa, por ele atribuído a Ricardo Reis.)

E hoje lá fui até ao Alto dos Moinhos e pude ver os desenhos do mestre... Por um dia, apesar de falhado o objetivo da deslocação, valeu a pena ter apanhado o metro.


Júlio Pomar na minha memória caótica surge-me nas palavras de Rui Mário Gonçalves, nas mãos de Mário Soares, nas confidências de José Cardoso Pires e antecipadamente nos versos de Pessoa...

           VIAJAR! PERDER PAÍSES! (...) DE VIVER DE VER SOMENTE!


Por lapso, ontem, não referi o Eduardo Lourenço, sempre às voltas com o passado e o futuro  da nação.  E já, agora, o José Augusto-França, homem que deu assinalável contributo à divulgação das artes plásticas...