23.6.18

O desmaio

«O desmaio de Marcelo Rebelo de Sousa ocorreu às 12:48 durante uma visita ao Santuário.»

O Presidente da República desmaia e deixa de ser notícia. Afinal, o futuro do Bruno de Carvalho é bem mais importante…
Diz o Professor que se tratou de uma gastroenterite aguda. Será? E o médico do Presidente, o que é que não diz?

22.6.18

Pausa


Por momentos, saí da sala do risco, e fui à procura do sujeito e do complemento direto.
Só encontrei flores!
(Já estou de regresso…)

21.6.18

Na sala do risco

Até 4 de julho, encontram-me na sala do risco… que só pode ser vermelho. Ainda não especificaram o matiz… Lá chegaremos à graduação da cor.
Por favor, não me perguntem porquê.

19.6.18

Sobre o exame de Português de 2018

Devo relembrar, nesta data, ( e não é a atormentada 6ª feira de Madalena, no "Frei Luís de Sousa"!) o que escrevi neste blogue, sob o título O ÚLTIMO PROFETA, em 19.01.2018, 6 meses antes do exame:

«Se a imaginação e o mistério não estão connosco, não vale a pena escrever.» Maria Ondina Braga entrevistada por Mário Santos, Público, 9.12.1995

Foi certamente essa certeza que alimentou Fernando Pessoa ao escrever MENSAGEM!
Perante o desconchavo a que Portugal chegara, na ausência de feitos que pudesse imortalizar, Pessoa optou por imaginar um futuro que, de algum modo, fosse capaz de despertar os portugueses coevos da modorra em que jaziam.
Esqueceu a História e atirou-se ao Mito e, pelo caminho, assumiu o papel de último profeta do Quinto Império, procurando devolver a esperança e a vontade necessárias ao Sonho, sem o qual o Senhor acabaria por esquecer o povo eleito que unira o Mar, mas que não soubera preservar o Império... 
O último profeta (Screvo meu livro à beira-mágoa), mais do que a voz do Senhor, surge como seu interpelante, procurando, assim, que o último fôlego da Humanidade seja obra de Portugal - o verdadeiro herói de MENSAGEM. 

(Este pequena reflexão foi feita a pensar nos meus alunos que, inteligentemente, a não leram…)

Sobre a prova de exame de Português 2018, prefiro, desta vez, não tecer comentários, a não ser levantar uma pequeníssima questão:

Até parece que a relação de interlocução tem início no sétimo verso do poema… /Mas quando quererás voltar?/ Não teria sido mais inteligente ter solicitado quais são os termos dessa relação no poema e na Terceira Parte de MENSAGEM?
(…) /Tenho meus olhos quentes de água. / Só tu, Senhor, me dás viver. // te sentir  e te sentir pensar / Meus dias vácuos enche doura. /

Daqui a uma hora... Prova 639

Daqui a pouco, começa o exame nacional de Português - 12º Ano. A minha expectativa é baixa: elaborar uma prova, que não revele publicamente a mediocridade a que chegámos, é tarefa difícil.
Há, no entanto, um aspeto que espero ver consagrado nesta prova de exame: o contributo da disciplina para o fomento da consciência literária, importante vector da cidadania. 
A capacidade de o cidadão se situar no mundo depende, em parte, da sua relação com a obra literária. O programa chama-lhe "educação literária"...
Temo que a "educação literária", pelas perguntas que me foram colocadas nos últimos dias, acabe por não ser aferida. 
Por exemplo, foi me perguntado "se valia mesmo a pena ler as obras de leitura obrigatória dos últimos três anos" ou se "Carlos da Maia teria sido influenciado pelo Ano da Morte de Ricardo Reis"...

18.6.18

Os professores e as circunstâncias extraordinárias

No caso dos professores, os factos são claros. Primeiro facto: o Governo prometeu e agora vem dizer que não pode cumprir. Segundo facto: o prometido é devido, ou como diz o primeiro-ministro António Costa, palavra dada, palavra honrada”, afirmou. Para o líder parlamentar do PSD “só circunstâncias extraordinárias podem justificar que assim não seja”. (Fernando Negrão) Cinismo político

Cavaco de cínico: Para quê pedir mais sacrifícios aos professores?

Afinal, para o ano há eleições. Com o PSD vencedor e partido do Governo, o degelo será total: atualização salarial, progressão na carreira, redução do horário de trabalho, reforma antecipada sem penalização, diminuição do número de alunos por turma, formação de professores, modernização de equipamentos, nada irá faltar!
É só um pouco mais de paciência… a não ser que da toca voltem a saltar «as circunstâncias extraordinárias»…

(atualização)
O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, acredita que o país não está em condições para pagar aos professores todo o tempo de serviço congelado. Clarificação

Afinal, os professores não podem esperar pelo PSD!

17.6.18

O pensamento crítico ainda não chegou ao fim

O antropólogo britânico Jack Goody explica na sua obra “Domesticação do Pensamento Selvagem” que o pensamento crítico só é possível quando conseguimos ler um texto duas vezes e repensar o que lemos para podermos distinguir entre o bem e o mal, entre verdade e mentira. Quando o processo de comunicação se torna vertiginoso, assente em multicamadas e extremamente agressivo, deixamos de ter tempo material para pensarmos de uma forma emocional e racional. Ou seja, o pensamento crítico morreu! ( Franco Berardi) O pensamento crítico 

Toda a entrevista do filósofo italiano dá que pensar, mas o que em mim tem mais impacto é «a ideia de que o pensamento crítico morreu», não pelo facto em si, mas por uma razão elementar - deixámos de ler devagar. Isto é, deixámos de ler várias vezes, de procurar interpretar, distinguir o trigo do joio…
Esta razão primeira é aquela que eu sempre considerei como estratégica para quem tem a missão de ensinar a ler / ensinar a aprender a ler, correndo o risco de ser enfadonho e retrógrado…A vertigem comunicacional é, por seu turno, a maior das formas de alienação capitalista atual…
E ler, saber ler, é o trampolim para o combate, mesmo daqueles que preferem o imobilismo. 
É certamente por isso que no tempo de que disponho, vou continuar a insistir na leitura literária e filosófica, apesar da escolástica jesuítica...