8.11.22

Da resolução...

Volto atrás. 
Hoje, tratei de uma série de questões. Pensara escrever 'resolvi' ..., mas dei conta de que a resolução é um ato de ilusionismo.
Por exemplo, pensava que o Biden tinha resolvido o problema 'Trump', mas não, este está de volta para alegria dos destemperados deste mundo.
'Resolução' e 'solução' rimam, mas não mais, a não ser que estejamos a pensar em extermínio, individual ou coletivo.
Por agora, sinto  uma vibração que não vem da alma... um zumbido persistente - sem insectos - o que acaba por me sossegar...
Acreditar na mudança não passa de um ato ímpio de quem perdeu a noção do tempo.
No entanto, ainda chove. De vez em quando, copiosamente.

5.11.22

Na Trofa, o Presidente saiu do cargo

Este é um dia super feliz, mas há dias super infelizes. E verdadeiramente super infeliz para si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que eu acho que deve ser. Nesse caso não lhe perdoo  (dirigindo-se à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa). Espero que esse dia não chegue, mas estarei atento para o caso de chegar”, acentuou Marcelo.
Hoje, o Presidente saiu do cargo e vestiu a pele do cabo de esquadra. Pouco mais há a acrescentar... o homem desce a escada cada vez que abre a boca...

2.11.22

Cemitério de automóveis

Ainda a pensar 'nos corpos pesados do seu próprio esquecimento', hoje atravessei um cemitério de automóveis. De nada serve localizá-lo, pois todos os que procuram peças de substituição sabem a onde ir...
Cercado por estradas e viadutos, entra-se num mundo fechado, onde a cada passo somos olhados como intrusos. Várias ruas não têm saída, por isso o melhor é fazer de conta que se procura alguma lápide ou algum jazigo...
A vida não parece ser muita intensa, apesar de um ou outro forasteiro se aventurar a perguntar pela peça que lhe falta... No geral, a resposta é muda, apenas um gesto desprendido...
De qualquer modo, percebi que este cemitério abriga os restos de milhares de veículos, em tempos tão idolatrados, e não gostei do que vi... 
Entretanto, não pude deixar de pensar naqueles milhares de camiões que atolam o Brasil... Em nome do quê? Ainda não percebi bem!

31.10.22

A propósito ou, talvez, não

Quem se pronuncia é mais uma vez Agustina Bessa-Luís, como ela tanto gostava e sabia:

«Quando dos centenários arrastamos corpos pesados do seu próprio esquecimento, devemos pensar se eles foram autênticos desesperados; se eles tiveram no sangue essa fecunda frescura das chuvas novas, ou se levantaram apenas iras, próprias dos melancólicos.
Só os amados se devem ressuscitar. Outros, ainda que ávidos do seu século, rigorosos com o saber e o ajuste dele à ocasião e ao meio, não se chamem, não se convoquem, não se recuperem para outras eras e costumes. Pois o ódio nunca se extingue, se uma vez foi descoberto; ele é como a esperança, mistura-se a tudo o que é disponível, à beleza mesma e ao desejo do bem.» Alegria do Mundo II, Argila e Bronze...

Se a verdade e o amor podem ser extintos, o ódio nunca prescreve. 

27.10.22

Cito Natália Correia

Exercícios nucleares russos foram um ensaio para “obliterar” a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, garante responsável
(...)
EUA antecipam envio de bombas nucleares ‘melhoradas’ para as bases da NATO na Europa. Começam a chegar em dezembro

«Eu não tenho certezas, mas tenho convicções, e uma das minhas convicções mais firmes é que nascemos para a liberdade. E, no entanto, veja o paradoxo: essa liberdade, esse caminho para a liberdade está ser cada vez mais obscurecido por aquilo que observamos no nosso mundo de hoje. Nós chegamos a esta coisa terrível, o chamado equilíbrio nuclear, que é o jogo de escondidas de duas disponibilidades criminosas para suprimir a humanidade. A humanidade está hoje pronta (parece que está sempre pronta!) para pôr luto por si própria. Isto não é uma forma humana de viver.» Natália Correia, em entrevista do DN de 11-9-1983. 

25.10.22

Da sujidade

Caminho pela direita, a pé. Em sentido contrário, aproxima-se um indivíduo que vem na minha direção e não se desvia...
Fico a pensar que o cidadão, talvez,  seja originário das ilhas britânicas.
(...)
No lago a limpeza das águas continua já lá vão dois meses. O número de patos não diminui... mudaram-se para a margem oposta àquela em que os trabalhos decorrem.
(...)
As eleições decorrem no Brasil. O que é que leva os governantes lusitanos a interferirem na guerra política de outro o país?
(...)
Cá no prédio, há quem se entretenha a enviar os elevadores para o 12º andar com paragem em todos os pisos...
(...) E depois há a questão da 'bomba suja' ucraniana, queixam-se os russos. E que pensar da 'invasão suja' russa?

23.10.22

Adriano Moreira e a política de integração

(Adriano Moreira. Foi meu professor, no sentido mais absoluto da palavra, sem que nunca tenha ousado dirigir-lhe a palavra. Bastava ouvi-lo, lê-lo... Aqui ficam algumas notas de 1993-94 na Universidade Aberta.)

Política de Integração

  Adriano Moreira[1]:
 
                1. Emigração e povoamento[2]
                2. Integração Multirracial[3]
                3. Estatuto dos Indígenas
                4. Assimilados
                5. Regedorias rurais[4]
                6. O problema das terras[5]
 
                Legislação[6]
 
                Decreto de 18 de Nov. de 1869 pôs em vigor no Ultramar o Código Civil ... ressalvou os usos e costumes das regedorias, e ainda dos emigrantes orientais, como os baneanes, bátias, parses e mouros (velha prática de séculos).
                Ver a acção do ministro João Belo em 1926.
                Lei orgânica do Ultramar, de 27 de Junho de 1953 [ S. Tomé e Príncipe e Timor deixaram de estar abrangidas pelo estatuto dos indígenas, tal como sempre acontecera com o Estado da Índia, Macau e Cabo Verde ].
                Estatuto dos Indígenas - dec.-lei 39666 de 1954 [ estatuto do direito privado dependeria do estatuto político ].
                Revogação do estatuto dos indígenas - dec.-lei 43893, de 6091961
                Dec-lei 43894 de 6091961 - regulamento de ocupação e concessão de terrenos nas províncias ultramarinas.
                O Dec. Lei 43895 de 6091961 sobre o povoamento (...) "independentemente da modalidade de povoamento e seja autóctone, natural ou imigrante o elemento povoador."[7]
        Dec.-lei 43896 de 6091961 regulamenta a organização das regedorias: organizam-se as regedorias, de modo a fazer intervir na gestão dos interesses comuns, de acordo com os processos tradicionais pelos quais sempre manifestámos o maior respeito.[8]
                O Dec.-lei 43897 reconhece os usos e costumes locais.
                Dec.-lei 43898 de 6091961 sobre a ocupação judicial do território.
                O Dec.-lei 43899 de 6091961 legisla sobre os serviços de registo.
 
                Livros: 
            * Ensaios, de Adriano Moreira
            * Angola do meu coração, de João Falcato
         * Actas do Congresso Internacional de História dos Descobrimentos (Dr. Gilberto Freire; Prof. Damião Peres e Prof. Adriano Moreira)
           * Coleção Autores Ultramarinos (Lisboa)
           * Coleção Imbondeiro [9]
 
                Bibliografia:
           * Azeredo, Guilhermina de Brancos e Negros (1º prémio do concurso de Literatura ultramarina), 1955, A-G do Ultramar.
            Belchior, Manuel Dias ( prefácio pelo Dr. Marcelo Caetano), Compreendamos os Negros, 1951, A-G do Ultramar
                Cidade, Hernâni, A Literatura Portuguesa e a expansão ultramarina, 1943, A-G. do Ultramar
                Correia, Elias  História de Angola, 2 volumes, 1937, A-G do Ultramar
                Dias, Gastão Sousa, Os Portugueses em Angola, 1959, A-G. do Ultramar
                Galvão, Henrique, Dembos, col. "Pelo Império", nº3
                Guimarães, Pina, Campanha do Humbe, col. "Pelo Império", nº44
                Lavradio, Marquês do, A Campanha do Bailundo, col. "Pelo Império",nº2
                Monteiro, Armindo Governação de Angola, 1935, A-G. do Ultramar
                Morais, Belo, Operações militares de 1904 - o Bailundo, col. "Pelo Império", nº 91
                Oliveira, José Osório, Literatura Africana, 1944, A-G. do Ultramar
                Pires, António, Sangue Cuanhama, (1º prémio do concurso literatura colonial), 1949, A-G. do Ultramar                   
                Santos, Afonso Costa V. T., Angola, Coração do Império, 1945, Agência-Geral do Ultramar
                * Soares, Freitas, As operações militares no sul de Angola em 1914-1915, A-G. do Ultramar
                Soromenho, Castro, Sertanejos de Angola, col. " Pelo Império", nº98  
           

[9] - 0p.cit. p. 298, 299,300 (artigo de Mário António) - extensão do mundo que o Português criou [ o problema da definição de "cultura angolana" e da interpenetração de culturas ]
[1] - Moreira, Adriano, Política de Integração, in Boletim Geral do Ultramar, nº 434-435
[2] - "o povoamento constitui a melhor e a mais imprescindível das armas para que seja confirmada a missão de Portugal em África, a bem de todos os africanos."op. cit., p.217.
[3] - ver p. 221, op.cit.
[4] - Yaka, (Pepetela) p.69, 156,165 + a exemplaridade do Soba Moma
[5] - Yaka - p. 157 + Soba Moma
[6] - Boletim Geral do Ultramar, nº 434-435, Agosto-Setembro de 1961
[7] - "Por aqui se vê que o povoamento a realizar não se limita à instalação de europeus em áreas que oferecem condições de desenvolvimento intensivo. Abrange também a sedentarização organizada, a transferência cuidadosamente preparada, a assimilação mais rápida e eficaz de populações indígenas que se têm mantido à margem das formas de vida e trabalho da civilização." op. cit. 218
[8] - op.cit. p.213