10.12.22

A táctica falhou

(Marrocos eliminou Portugal no Mundial de Futebol.)

Eles sempre foram em maior número. Pelo menos, é o que nos ensinam desde as primeiras letras.
Perdemos mais uma vez e a culpa não foi da areia…
Deixámos o Cristiano no banco e atirámos os soldadinhos contra a muralha. De pouco serviu! Faltou-nos a Cruz de Cristo, mesmo se nela crucificado...
Ainda não é desta que El-Rei regressa!

8.12.22

Os sinais de inverno

 



Os sinais já são de inverno. No entanto, nunca se sabe, pois ninguém sabe o que o futuro nos reserva. Por outro lado, há quem insista em que só o presente é que conta...

Da Padroeira pouco se acrescenta, o que se entende, se até o Cristiano Ronaldo já começa a ser esquecido, por mais que ele esbraceje…

Nós somos assim! Bons garfos e beberrões, em estado de profunda amnésia.



6.12.22

Esmorece a circunstância

 

(Em dia de Portugal vs Suiça ou será ao contrário? 2 - 0 ao intervalo, com Cristiano Ronaldo a assistir.)

A informação é tanta que, às tantas, deixa de ser possível processá-la. Não há arquivo que a disponibilize quando necessária...
E depois surge a dúvida sobre se o conceito é adequado: os dados visuais e auditivos que vamos interiorizando são, na maioria, inúteis e prejudiciais à nossa saúde mental e financeira ou, em alternativa, guardamos nas memórias dos discos internos e externos.
Quando lá regressamos, parte da informação desapareceu, pois perdeu-se a circunstância.
Foram tantos os ficheiros que nos vimos obrigados a guardar sem critério legível: ou parávamos a identificar, a situar, a catalogar ou cumpríamos obrigações mais imediatas.
Suspendê-las não teria justificação, pois há necessidades que não podem ser adiadas. 

(Entretanto, Portugal já está a ganhar à Suiça por 4-0, com três golos do jovem Gonçalo Ramos... Resultado final: 6-1.)

1.12.22

Uma nova 'leitura' do 1º de Dezembro de 1640

“O ‘cavaleiro fidalgo’ Jerónimo da Costa e muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras ‘procedendo na forma de traje e lugar dos naturais’ tombaram por Portugal“, recorda Marcelo, frisando a “homenagem” e “gratidão” que quer deixar expressa.

  • D. João III – 1538: “… que nenhum cigano, assim homem como mulher, entre em meus reinos e senhorios…” e “… entrando, sejam presos e publicamente açoutados com baraço e pregão”;
  • Regência de D. Catarina – 1557: repete-se a ordem de expulsão e acrescenta-se a pena de condenação às galés para os que não obedecerem;
  • D. Sebastião – 1573: repete as determinações anteriores, mas acrescenta que as mulheres não podem ser condenadas às galés, sendo-lhe aplicadas todas as outras penas;
  • D. Henrique – 1579: determina que se façam pregões em todos os lugares públicos, ordenando que os ciganos saiam do reino dentro de 30 dias; acrescenta que “qualquer um que seja achado fora deste tempo seja logo preso e açoitado publicamente no lugar onde for achado e degredado para sempre para as galés”;
  • Filipe I – 1592: faz nova ordem de expulsão do reino, a cumprir no prazo de 4 meses. Em alternativa, os ciganos deveriam fixar residência e deixar a vida nómada. Determina a pena de morte, sem apelo nem agravo, para todos os que se encontrassem, depois daquele prazo, a vagabundear pelo reino;
  • Filipe II – 1606: verificando-se o não cumprimento das leis anteriores, determinava-se novamente a expulsão dos ciganos. Acrescentava-se, para os prevaricadores, a pena de degredo e condenação às galés;
  • Filipe II – 1613: proibição de aceitar os ciganos como residentes no reino e determinação de expulsão de todos os que se aí se encontrassem, no prazo de 15 dias; acrescentavam-se penas idênticas às anteriores;
  • D. João IV – 1647: autorização para que os ciganos pudessem fixar residência nas seguintes localidades: Torres Vedras, Leiria, Ourém, Tomar, Alenquer, Montemor-o-Velho e Coimbra. Ficavam, no entanto, proibidos de falar a sua língua e a ensinarem aos filhos, bem como de usarem os seus fatos. Determinava-se ainda a obrigatoriedade de trabalharem. E os filhos com mais de 9 anos seriam tirados aos pais, indo servir para casas de não ciganos;
  • D. João IV – 1650: os ciganos foram aceites para servir nas fronteiras, respeitando as normas de fixação já impostas; determinava-se a pena de condenação às galés para os homens e degredo para Cabo Verde e Angola para as mulheres que não cumprissem a lei;
  • D. João IV – 1654: ordem de prisão para todos os ciganos que fossem encontrados no reino a vadiar;
  • D. Pedro II – 1689: os ciganos nascidos no reino eram novamente proibidos de vagabundear ou trazer trajes ciganos; deveriam fixar-se e viver como os restantes naturais do reino. Pena de morte para os incumpridores;
  • D. João V – 1707: decreto de expulsão de todos os ciganos do reino;
  • D. João V – 1708: nova decisão de expulsão, mas aceitando que os ciganos nascidos no reino e sedentarizados pudessem ficar;
  • D. João V – 1718: ordem geral de prisão e degredo para a Índia aos prevaricadores;
  • D. João V – 1745: nova lei de expulsão;
  • D. José – 1751: repetição das leis de expulsão total;
  • D. José – 1756: decretada pena de prisão a todos os ciganos perturbadores da ordem; obrigatoriedade de trabalharem nas obras públicas da cidade, até haver navios que os transportassem para Angola;
  • D. Maria – 1800: nova perseguição aos ciganos. Determinação de que se lhes retirassem as crianças, que seriam entregues à Casa Pia.
  • 1822 – Era concedida a cidadania a todos os ciganos nascidos em Portugal.
Apesar dos 200 anos que agora vencem, a discriminação ainda é grande, tal como a dificuldade de integração. Porque será?

30.11.22

Mais uma vez...

«Nascemos sem saber falar e morremos sem ter sabido dizer. Passa-se nossa vida entre o silêncio de quem está calado e o silêncio de quem não foi entendido, como uma abelha em torno de onde não há flores, paira incógnito um inútil destino.» Pessoa Inédito, No Jardim de Epicteto

Lembro mais uma vez que Fernando Pessoa nos deixou a 30 de novembro de 1935. O Tejo continua o mesmo do amanhecer e do entardecer do Livro das Horas. Embora o Poeta tenha dito que do Tejo se vai para o mundo, a verdade é que o Tejo no-lo devolveu inteiro para que nele pudéssemos descansar nas boas e nas más horas...
Com ou sem flores, continuamos à espera que o gládio se ilumine e nos faça descortinar a praia da Verdade. De tempos a tempos, o sino tange, e nós apressamos os passos inúteis...
Queremos falar, mas não sabemos o que dizer. Esvoaçamos apenas!

Lembro mais uma vez o tempo em que, juntos, encetámos um caminho sem lhe conhecer o rumo. Deu os frutos esperados da «besta sadia». Já decorreram 48 anos em que fomos falando mas, na verdade, ainda não sabemos o que dizer... e provavelmente nunca saberemos. A vida não passa de um INTERVALO no caminho que só os deuses podem antever.

Nota: O texto primeiro data de 30-11-2014. De lá até hoje, pouco foi acrescentado, a não ser o cansaço da Humanidade... e não, apenas, o cansaço do Ser.

26.11.22

A corrupção das verdades

«O que têm de mal as verdades é que, para se tornarem claras, acabam por ser corrompidas. A verdade é incompatível com a mística da sua utilidade.» Agustina Bessa-Luís, A Peste Emocional, Alegria do Mundo II.

Por exemplo: A Rússia está a destruir a Ucrânia. Outro exemplo: os Direitos Humanos não são respeitados em Portugal.
À força de quererem clarificar o conflito, os comentadores acabam por obscurecer a verdade.
Ir ao Catar falar de Direitos Humanos e das Mulheres é uma manobra de diversão, quando se é Presidente  de um país, onde a violência contra as mulheres cresce diariamente e os imigrantes 'vivem' em condições degradantes.

23.11.22

Não há alternativa

 

«Sempre os povos tomaram o ruído como manifestação de força...» Agustina Bessa-Luís, Alegria do Mundo II, 3-01-1973.
O título da crónica de Agustina 'Estrondo' é cada vez mais atual. Não há alternativa - vivemos num tempo ruidoso, em que o poder se constrói através do grito, do míssil, do atrofiamento do ouvido... 
Viver em silêncio deixou de ser opção. Ninguém quer ser dado como morto e por isso vamos assistindo a manifestações de afirmação cada vez mais disruptivas, em nome da glória pessoal.
Só o passado mergulha no esquecimento ou quem insiste em fugir do ruído.