27.5.09

Causas endógenas…

Um Século de Literatura no Camões merece maior participação dos alunos. Hoje, às 18 horas, os alunos perderam a oportunidade de aprender a declamar com o actor José Manuel Mendes e de ouvir a Profª Doutora Margarida Braga Neves falar com propriedade e rigor do homem e da obra de Jorge de Sena, antigo aluno desta centenária instituição. Se o motivo para a ausência dos alunos é apenas a hora (4ª feira, às 18 h) a que decorrem "os encontros", então, estamos no momento certo para eliminar essa causa. Basta que, em sede de Regulamento Interno, se permita que na elaboração dos horários seja guardado um "bloco" por turno para este tipo actividades, sejam elas da responsabilidade dos departamentos, da direcção, dos encarregados de educação ou dos próprios alunos. Se houver essa abertura, daremos um passo de gigante para honrar o preceito do Projecto educativo "Por uma escola participativa…" Caso nos encolhamos na determinação e na decisão, ficaremos na história da instituição como os responsáveis do país de Abril que deixaram no "exílio" vultos da envergadura de José Rodrigues Miguéis e de Jorge de Sena…
«Eu não sou exactamente um emigrante no estrangeiro, porque, quando saí de Portugal, tinha vinte anos de escritor publicado, e desde então a maior parte da minha obra, ou grande parte dela, foi escrita para Portugal ou em Portugal publicada. Seja o que seja, continuo a ser o que era, quando me exilei muito a tempo naqueles idos negros e tristes de 1959: um escritor português que vive no estrangeiro e que mantém um permanente contacto com Portugal…» Jorge de Sena, Discurso da Guarda, 1977
/MCG

26.5.09

Na encosta do presente…

Escolher entre um projecto pessoal e um projecto messiânico pode ser tarefa árdua.

Se o messianismo acredita que pode salvar a humanidade, o unipessoalismo crê que tem nas mãos a chave do futuro.

Independentemente do vencedor, o rebanho continua pachorrentamente na encosta do presente, incapaz de seguir caminho sem a sombra do cajado…

 

(Do outro lado da encosta, o Dr. Oliveira e Costa ajusta contas com o Dr. Dias Loureiro. O Dr. Honório Novo, por sua vez, procura enterrar o Dr. Vítor Constâncio… e o rebanho bem pode continuar a ruminar!)

 

25.5.09

A estepe vence o planalto

O PLANALTO E A ESTEPE

Quando o leitor começara a pensar que ao General não restava outra conclusão de vida que conformar-se com a sentença de Camões "De amor não vi senão breves enganos", em Moscovo, eis que o Deus ex machina (Esmeralda) descobre a amada Sarangerel em Cuba….

Quando o leitor se deixara convencer que a revolução socialista (comunista) não passava de uma fraude gigantesca que destruía nações, quebrava corações, atirando-os para o fundo das masmorras da Mongólia e para o labirinto do Eduardo Santos, eis que Pepetela troca o abismo da ideologia totalitária pelo compromisso corrupto com os (novos) títeres que governam África – um romance que, pela sua dimensão simbólica, poderia ser exemplar, acaba por se tornar inverosímil.

Apesar de tudo, o romance é de agradável leitura, com algum suspense (ingrediente mais policial do que trágico). Caracteriza bem a vida dos estudantes africanos na capital do Império (Moscovo) e a sua passagem (formação ou apodrecimento) em Argel … Quanto à guerrilha, a imagem é oca e apressada, a remeter para outros romances (ortodoxos e heterodoxos) do Autor.

 

 

 

24.5.09

Distracções!

Quando menos se espera, o humor desponta. Por aqui há companheiros muito distraídos! Não acredito, no entanto, que o larápio venha a solicitar o manual de instruções. Nem Cristo tinha Biblioteca! E se o engano tiver sido das abelhas? O mel terá certamente outro sabor! Sabor a “biciclete”!

22.5.09

Bénard da Costa

No charco também há vida! Pouco interessa que a enxerguemos ou não.)

" Estou farto desta dor inútil de chorar por mim nos outros! - eu que nem sequer tenho a coragem de escrever os versos que me fazem doer!" José Gomes Ferreira

De Bénard da Costa talvez devesse escrever em tom elegíaco, mas como fazê-lo? De pé, entre a pantalha e as primeiras filas do auditório, Bénard antecipa o filme da morte: vários querubins conduzem-no pelo passeio da fama até ao círculo cintilante da ironia. Perdido o contexto, esfuma-se na mão suave do grande realizador. Por cá, as loas narcísicas cobrem-no de fumos…

(Este cansaço ameaça estilhaçar-me a compostura!)

19.5.09

Não vamos a lado nenhum…

Em 2008, com o objectivo de optimizar os recursos, o Ministério da Educação começou por reduzir a metade os centros de formação de docentes e não docentes. Promoveu candidaturas de centros e directores. Colocou a máquina em marcha…

No entanto, hoje verifica-se, por exemplo, que um centro de formação que acolhe 2 185 docentes, apresenta uma oferta de formação diminuta para o universo que cobre, excluindo à partida os funcionários administrativos. Por outro lado, essa oferta terá que ser cumprida até 31 de Dezembro de 2009.

(Se observarmos as acções propostas, rapidamente percebemos que o ensino da língua materna e da literatura portuguesa, no ensino secundário, é completamente esquecido: o ensino da gramática (da TLEBS) desapareceu; as metodologias são ignoradas…)

O quadro de formadores é reduzido e voluntarioso; o calendário das acções está condicionado pela distribuição de serviço para 2009-2010; muitos dos formandos não poderão frequentar as acções porque estas decorrem entre as 17:30 e as 22:30 horas, de 2ª a 6ª feira.

Em termos de avaliação do desempenho, os funcionários do M.E. estão, desde já, prejudicados: a maioria não poderá beneficiar da formação exigida para corresponder às novas exigências da globalização. E quanto a qualidade, nem vale a pena sonhar…

Não tendo o M.E. capacidade para implementar um plano de formação nacional, mais valia reconhecê-lo, dando autonomia aos directores das escolas para definirem e aplicarem o plano necessário a cada "unidade orgânica".

E claro, ao M.E. competiria a selecção dos directores capazes de interpretarem as necessidades de formação dos docentes e não docentes… num cenário de uma política educativa consensual e suprapartidária posta ao serviço da educação e da formação das novas gerações…

E pela amostra do que ou(vi), hoje, numa reunião de uma comissão pedagógica de um "novo" centro de formação da capital, não vamos a lado nenhum…

(A mim, nem já a ironia me salva! E ainda há quem afirme que 2009 é um ano decisivo para Portugal! Decisivo?)

17.5.09

Este domingo…

Este domingo fica marcado pela visita da Nossa Senhora de Fátima ao Cristo-Rei… A pretexto dos 50 anos do último. A mãe rica visita o filho pobre! Compreendo que esta o tenha feito. Apesar de tudo, as mães insistem em ajudar os filhos. O Cristo-Rei já devia um milhão de euros e parece que, de ontem para hoje, a dívida aumentou 200.000 euros, o que não consigo entender no momento em que a pobreza nacional voltou ao nível da de 1975.

Reconheço que Portugal não entrou na 2ª Guerra Mundial e que era preciso agradecer a alguém. No entanto, não é justo esquecer as guerras de ocupação, de pacificação e de oposição às grandes potências que se arrastaram até 1974. E não me parece que quer o Cristo-Rei quer Nossa Senhora de Fátima tenham feito alguma coisa para reduzir o sofrimento humano que inundou a Ásia, a Oceânia e a África.

Está na natureza da igreja católica abusar da fragilidade humana. E em Portugal, num ano de várias eleições, a igreja católica insiste em contribuir para a alienação das mentes, já de si fragilizadas pelas modernas técnicas de propaganda.

Com tanta (nova) oportunidade, não deixa de ser extraordinário que tantos se deixem seduzir por uma viagem à capital, por uma travessia do Tejo, por um folclórico encontro multirracial… feudo privilegiado da igreja católica.

Este domingo, de trabalho, também fica marcado pela dúvida se os hospitais privados, quando lá entramos, se preocupam verdadeiramente connosco… ou nos vêem apenas como objectos mais ou menos rendíveis…

E já, agora, acrescento que Pepetela com o romance O Planalto e a Estepe decidiu, finalmente, rever os mitos que alimentaram grande parte da sua obra, apesar de alguns assomos de heresia.