Nada escrevi sobre ontem, dia triste com sol tímido.
De manhã, aquela missa “bonita”, com as seculares vozes gregorianas, uníssonas, a convocarem para o reencontro com Deus, alternando com notas de fado a lembrar que os únicos encontros só podem acontecer nesta vida…
E por mais que o Frei tivesse sabido escolher as palavras bíblicas anunciadoras da tua ressurreição, por mais que o Frei tenha exagerado na defesa do valor “pertença”, seja ele de pertença a uma família, a um externato (da Luz franciscana), seja ele de promissora pertença à família do Fado, a mim ninguém me tira da cabeça que o teu derradeiro gesto, Catarina, foi de ruptura, cansada de promessas que nunca chegaram a aquecer-te a alma e, sobretudo, incapaz de te ressuscitar no dia seguinte!
E por isso, à tarde, a pretexto de folhas e de árvores outonais, atravessei a ponte e percorri as estradas, sabendo que qualquer convicção de pertença pode estrangular a voz, pode ser impiedosa para quem procura, por si, a ataraxia.