14.5.13

Lisboa, a porta da Europa


Não sei o que é feito do Dr. António Costa, presidente da câmara municipal de Lisboa, mas há qualquer coisa de muito errado na capital que ele governa!
Basta observar a porta ao lado para ver a degradação da paisagem e, sobretudo, para entender que quem ali se esconde está muito longe dos costas, dos passos e dos portas deste país…

13.5.13

Matizes

Vou ficar a olhar para a multiplicidade dos matizes. Sei que não os consigo diferenciar a todos, mesmo ampliando a imagem… e enquanto o faço deixo de pensar nos jogos malabares dos corifeus que nos desgovernam.

Há, no entanto, uma pergunta que me atormenta: – Quem é que nos garante que o rosário de contas que nos desfilam não é falso?

12.5.13

Se Alberto Caeiro…


Se Alberto Caeiro aqui tivesse posto os olhos

ninguém lhos arrancaria dali!

As cores das flores e das borboletas não o deixariam partir

os zumbidos dos besouros e das abelhas seriam a música de todos os dias.

Pelo menos até que a Primavera se despedisse…

ou os frutos maduros o inebriassem…

11.5.13

O Rei da Helíria

O texto dramático "Leandro, Rei da Helíria", de Alice Vieira, escrito em 1991 para o Teatro Experimental de Cascais, surge, neste fim de semana, transformado num novo texto cénico, em que o rei cede o lugar à rainha Leandra por ação do Grupo de Teatro da Escola Secundária de Camões, dirigido por Maria Clara.
A transformação terá causas diversas, talvez sobrepostas: a) entre 1991-2013, as mulheres lutam pelo poder em condições de igualdade com os homens; a educação dos filhos (e dos alunos) continua, em grande parte, em mãos femininas; c) as mulheres, em contexto escolar, manifestam mais apetência pelas artes da representação; o impacto da atual realidade revela os mecanismos narcisistas, trazendo à luz a crueldade da condição humana, mesmo quando nos esforçamos por ignorá-los.
Ao contrário da maioria das histórias tradicionais, O Rei da Helíria não assegura a continuidade do seu reino, e irá "morrer" num palco que, apenas serve, para expor os seus erros como educador. De nada serve culpar a desumanidade das filhas. Elas são a expressão da cegueira paterna/materna. Só a assunção da cegueira permite ver o quanto iludidos vamos vivendo.  
 
No palco, todos se movimentaram a contento, uns com maior desenvoltura, outros de forma mais inibida. Para além da consagrada Graça Gomes ( uma atriz cada vez mais versátil!), há que seguir com atenção os novos atores (Daniela Lopes, João Silva, Rita Júlio, Teresa Schiappa, João Figueira, Clara Mendes, Marta Fernandes). A cenografia de Mário Rita cativa pelo seu simbolismo e pela modo como regula os espaços. Adereços, figurinos, som, luzes harmonizam e dão força às palavras...
 
(Se não me pronuncio sobre outros atores que participam na construção desta peça é porque só hoje assisti ao espetáculo. Resta-me dar os parabéns a todos, sem esquecer a presença e as corteses palavras de Alice Vieira.

10.5.13

Nesta fúria de convergência...

Pessoalmente, nada tenho contra a convergência desde que o rumo não seja o da mediocridade e / ou o do pé descalço!
 
No caso da convergência das reformas, a desonestidade quer tornar igual o que é desigual, por exemplo, nos descontos para a CGA e para a CNP /SS. Os funcionários do estado descontam o que lhes é imposto, à exceção de todos os que beneficiaram de privilégios resultantes de compadrio e caciquismo políticos.
Sobre os PRIVILÉGIOS cai uma cortina de fumo que asfixia tudo à sua volta. Os mais altos dignatários do estado recebem não o vencimento compatível com a função exercida, mas pensões de reforma, tornando-se indignos dignatários...
Por outro lado, é sabido que na CNP muitas pensões são baixas porque se optou por ocultar as verdadeiras remunerações: há, ainda hoje, uma lista enorme de benefícios e gratificações  que não são tidas em conta para estabelecer os descontos...
Basta olhar à volta e ver quantos não pagam transporte, quantos utilizam carros das empresas e do estado, quantos utilizam cartões de crédito de que não prestam contas!
Nesta fúria de convergência, quem é que identifica os titulares de pensões e de vencimentos que nunca trabalharam ou que não o chegaram a fazer durante mais de 10 anos?
Nesta fúria de convergência, quem é que identifica os falsos doentes que conseguiram reformar-se com pensões muito superiores às daqueles que trabalharam mais de 36, 40, 45 anos?
 
Sejamos sérios! É tempo de ajudar os políticos, da direita à esquerda, a rever os comportamentos! A realidade é bem mais complexa do que a que nos é espelhada diariamente pelo governo e seus apaniguados. Mas a realidade também é muito menos simples do que aquela que nos é prometida pela várias forças de oposição.
 
 
 

9.5.13

Na ausência do referente

Ainda comemos o pão, mas ignoramos o caminho: a semente, a planta, a espiga, o grão, o moleiro, a mó, a farinha, o farelo...
Vem isto a propósito do dia da espiga e respetivo simbolismo. No cesto, não vi a espiga nem a videira, apesar do malmequer, da papoila, da oliveira e do alecrim... Na realidade, faltava o essencial: o pão e o vinho, mas o cesto e o ramo estavam à venda.
 
Não obstante, o que mais me preocupa é a ignorância do caminho, é perceber que o ensino vai matando a referência, esmiolando o pão, incapaz de alargar a alma e de ir além do Bojador, pois não compreende que dobrar não é vergar, mas contornar, de modo a que o cabo submarino não nos faça encalhar...
 
Mais do que o significado, interessa conhecer o referente ( a realidade) e não a referência ou o referencial, tudo significantes utilizados por quem há muito fugiu aos trilhos e vive em circuito fechado, longe dos homens, dos campos e dos rios...

 

 

8.5.13

Encenações

I - Nos últimos dias, Passos e Portas experimentaram um tipo de encenação que visa iludir o cidadão português e o credor estrangeiro. O efeito é duplo: desorientação do povo e desconfiança do credor. A política torna-se, assim, num espaço de intrujice.
 
II - Depois do revés da última 2ª feira, Jorge Jesus antecipa, no tapete vermelho que lhe é servido pelos «media», uma vitória no terreno do adversário, evitando a todo custo proferir a dolorosa elocução: - «Pai! Afasta de mim esse cálice!»
 
III - Hoje, o Clube Ler para Viver e o Museu da Escola Secundária de Camões apresentaram na Biblioteca Central uma encenação feliz. A Biologia, a Literatura, a Música e a Expressão Visual aliaram-se e criaram um espaço dinâmico, onde os jovens leitores representaram 4 personagens femininas à procura de uma identidade que, no entanto, soçobra num universo predominantemente masculino.
Nas palavras encenadas sentiu-se, bastas vezes, a vingança das heroínas oitocentistas, a alegria dos jovens intérpretes e a angústia da encenadora.
 
(Os clássicos do Camões já estão alinhados para subir ao palco! Hoje, por detrás das grades das altas estantes, enxerguei os faunos de Aquilino...)