23.4.16

POR FAVOR NÃO MEXA NOS ANJOS!

Palmela
Palmela
Que posso eu acrescentar? 
Estes anjos são tão esbeltos, tão diáfanos, que só posso imaginá-los a fugirem da igreja onde os têm reféns... Quanto ao pedido, não o entendo, pois eu nunca faria mal a um anjo!
De qualquer modo, saí da igreja com pena deles, e nem a injunção de Cristo a Lázaro SURGE ET AMBULA me alegrou...
Preferia que o Senhor lhes devolvesse a missão para que os criou, mesmo que alguns lhe tenham desobedecido...
E também não compreendo por que motivo parecem querer seguir caminhos opostos. Melhor seria que dessem as mãos! Que seguissem o exemplo da esquerda portuguesa.
Ou será que estes dois anjos, tão esbeltos e tão diáfanos, representam a direita portuguesa?
Bom, nesse caso, POR FAVOR NÃO MEXA NOS ANJOS!

22.4.16

José Rodrigues dos Santos ajuda a explicar o que é um derivado não afixal

Ainda não eram 20 horas, e já o José Rodrigues dos Santos vociferava UM ARRASO ÀS PREVISÕES DO GOVERNO.
De imediato, pensei naqueles meus alunos que não entendem do que é que se está a falar quando se explica e dá exemplos de derivação não afixal. Aquele ARRASO vem mesmo a calhar - um grupo de peritos em finanças públicas ARRASARA repetidamente o governo. É que eu passei o dia a ouvir a notícia, apesar do JRS  a apresentar como a última novidade, capaz de provocar a queda do próprio céu...
Afinal, o que é um derivado não afixal? De acordo com os linguistas lusitanos, trata-se de um nome deverbal gerado por um verbo, (de modo não canónico) - o parênteses é meu! Não canónico pela simples razão de que, em certos épocas, não há tempo para aprender nem vontade para  seguir as regras, por exemplo, da derivação por afixação. Há por isso muitos nomes deverbais: abalo, agasalho, busca, janta, espanto, insulto, toque, troca... Ao JRS deve ter faltado o tempo para construir um enunciado menos tonitruante! (A falta de tempo de quem tanto escreve!)
Já agora aproveito para concluir a lição sobre o desrespeito pelo cânone:  Dias houve que, por razões de conveniência financeira, alguém sugeriu que o melhor era converter os judeus, obrigando-os a adotar um nome cristão, novo já se vê pois os velhos tinham todos senhor e senhora. E foi vê-los a trocar de nome: coelhos, cavacos, cristas,  sapateiros, ferreiros, ferros, anzóis, martelos, portas, marmelos, relvas, costas, seguros, rebelos,  figueiras, saramagos, uvas, zimbros - todos nomes comuns que viraram nomes próprios... 
E os mais extraordinário é que os linguistas acabaram com a velhinha derivação imprópria, batizando-a de conversão, certamente em homenagem à conversão forçada dos judeus em cristãos-novos.
Não sei se há por aí alguém que se chame auto da fé!

21.4.16

Defraudado

Às 18.05, sentei-me em frente do coreto. Inexplicavelmente, este estava deserto. A miudagem habitual desaparecera. As aulas tinham terminado, e o negócio mudara de lugar... Senti-me defraudado. Na fachada do Liceu, três vultos de outrora pareciam, como eu, frustrados. Creio que o Mário era o que estava mais triste, talvez porque merecesse o lugar central...
Ele que chegou mais cedo, cedeu o lugar a outro Mário que de Dyonisos  teria muito pouco ou, talvez, o engano seja meu.
O dia fora longamente preenchido e improdutivo, apesar da agitação circundante... No entanto, ainda vislumbrei aqui e ali uns olhos surpresos, porque, apesar de tudo, não me conformo com o lugar-comum.

20.4.16

Uma arca cheia de ismos

Devo andar a exprimir-me mal. Por vezes, chego a imaginar que certos termos já estão classificados como arcaísmos. Talvez o arcaísmo não passe de uma arca cheia de ismos. Definição nada ortodoxa mas que, quem sabe, pode pegar de estaca...
Por exemplo, o Mário Nogueira resolveu imitar o professor Marcelo, e veio a público classificar o novíssimo ministro da educação, tendo lhe atribuído classificação positiva. Só que desconheço os critérios de classificação. Espero que nada tenham a ver com nomeações de familiares, amigos, amigos dos amigos - povo de esquerda em geral...
A própria esquerda já colocou na arca os velhos ismos. Como diria o António Barreto, por estes dias, preferimos os rapazes e as raparigas e, sem ofensa, os neutros - velha reminiscência latina, por ora, bastante maltratada...
O que verdadeiramente interessa são as sacristias, lugar onde, afinal, o destino do contribuinte é cozinhado.

19.4.16

Democracia de confessionário


As ideias surgem-me avulsas e inconsequentes, mudas seguem o seu caminho que é não incomodar ninguém. No entanto, uma delas não para de me dar comichão no cocuruto - vivemos numa democracia de confessionário.
Anda por aí um Costa, mais propriamente, o Carlos, que fiel servidor do eurismo, esconde informação vital ao decisor ou a quem pensa que ainda decide... Qual confessor, o Carlos não informa o governo das patranhas congeminadas lá para os lados de Frankfurt, deixa-o enredar-se em soluções de última hora que acabarão por levá-lo ao cadafalso. Diz que são as regras do sigilo, ignorando que, em democracia deveria vingar a transparência...
Afinal, o velhinho segredo de estado continua a fazer o seu caminho... e as suas vítimas, muitas!

18.4.16

De viés

Se a sociologia é uma ciência, do que é que estou a falar quando acuso um sociólogo de ser de direita, o qual, por seu turno, já acusou outro de ser de esquerda? Poderá a ciência ser de direita ou de esquerda? Ou, afinal, a sociologia nunca foi uma ciência, resumindo-se à ideologia daqueles que não conseguem despir-se das vestes do poder?
(...)
Passa por mim uma criatura que me evita o olhar e que se refugia na vitrine do hotel  para me observar de viés, como se não me conhecesse. No instante, interrogo-me sobre o mal que lhe terei feito, e sigo caminho... Mais adiante, outra criatura, em visita institucional, saúda-me majestaticamente, como se lhe faltasse a montra, e eu sigo pensando no perdigão que subiu a uma alta torre...
Apesar da visão refractiva me cansar cada vez mais, procuro esquecer aqueles que me olham de viés, mas é difícil.
(...)
O confronto verbal ignora a tema e perde-se em atalhos. A referência vive embrulhada na motivação, diluindo-se na banalidade do cidadão comum que, por sê-lo, voltou a ser súbdito...

17.4.16

Alberto Gonçalves, sociólogo de direita

 «Porque é que isto acontece? Ninguém faz ideia. Um governo do partido derrotado nas urnas, chefiado por uma nulidade irresponsável, herdeiro da histórica competência do PS, repleto de adolescentes mentais e iluminado pela ponderação do PCP e do BE tinha tudo para funcionar. É a história do maluco que se lançou várias vezes do 3º andar com consequências aborrecidas - e agora lança-se do 5º para ver se aterra ileso.» Alberto Gonçalves, Sociólogo, DN 17 de abril de 2016.

Primeiro não quis acreditar que fosse possível viver num país governado por uma nulidade irresponsável, depois reli o excerto de «Aos comentadores de "direita"» atento aos sinais de IRONIA. E percebi que os fundadores do PS eram incompetentes, que os quadros atuais pertencem à categoria dos adolescentes pré-adultos, que o PCP e BE não passam de grupos de destrambelhados. Quanto à história do maluco, desconheço o referente.
Embora pensasse que o Sol quando nasce é para todos, hoje sei que não é bem assim. O Sol ilumina os comentadores de "direita", mesmo que estejam adormecidos. De qualquer modo, o sociólogo Alberto Gonçalves já começou a despertá-los.
Sem querer ofender o ilustre sociólogo - afinal, a Sociologia também pode ser de direita! Salazar  foi uma nulidade irresponsável ao bani-la das Universidades - vou lembrar-me deste dia sempre que entrar ou passar por perto da Quinta Pedagógica dos Olivais.