24.5.17

Da necessidade do assento e do acento...

Embora ninguém ponha em causa a necessidade de assento, o mesmo já não se pode dizer do acento. Isto de colocar acentos, para a direita e para esquerda, na última, penúltima ou na antepenúltima sílaba é uma maçada... e depois ainda há aqueles poetas, como Camões, que alternam a acentuação heróica com a sáfica... Para quê classificá-los? Para quê justificar as opções?
Afinal, os autarcas só se preocupam com os assentos que vão espalhando pelas aldeias, vilas e cidades, talvez preocupados com o cansaço dos cidadãos ... Interessante seria que dessem mais atenção à acentuação ou, pelo menos, que colocassem em cada assento um desdobrável com a explicação da razão de ser dos acentos gráficos... ou da acentuação dos versos...
Mas sem exagerar! Não é preciso explicar o que são palavras parónimas... Até porque não consta que rendam votos, dinheiro, fama...

23.5.17

O rictus

Nunca soube se o Diabo tem rosto, no entanto, ontem, por um instante, vislumbrei-lhe o rictus: os músculos da face contraíram-se de tal modo que do rosto se elevou um grito tão crispado que me abismou...
E ainda não recuperei dessa aparição que num outro momento, à porta de um cemitério, me deixara interdito, apesar do rictus desse dia se ter mostrado mudo, sem a fulgurância do riso demoníaco...
Há experiências que minam a base de qualquer tipo de razoabilidade e parece que, quando tal acontece, o Diabo se revela...

22.5.17

Mau sinal!

Parece que vai voltar tudo ao normal! Mas o que é que isso significa?
Mais desleixe, mais compadrio, mais porreirismo, mais despesismo, mais oportunismo, mais obscurantismo - ó stôr em que página? em que página?
Há longos anos que o manual fica em casa, fica fechado na mochila, ou se aberto, há sempre a necessidade de repetir a página. Ó stôr, em que página?
Parece que não temos cura, e a lição já é antiga...

(Entretanto, por volta das 12 horas, vi na SIC Notícias um sujeito todo emproado que lia, lia, lia ...só que, felizmente, alguém desligara o som... Pelo que percebi a ladainha prolongou-se pelo menos por vinte minutos.)

21.5.17

A agulha

agulha - alavanca com que se manobra o carril móvel que faz mudar de via (nos caminhos-de-ferro).

Completada a leitura de La mort dans l'âme, de Jean-Paul Sartre, fica-me na memória a viagem de comboio dos prisioneiros franceses que, até ao último momento, acreditavam que o carril móvel lhes seria favorável, encaminhando-os para Châlons e não para Trèves: Trèves en Bochie? (Alemanha ).

Infelizmente, há quem não compreenda que a agulha é essencial para determinar o nosso caminho. Em certos casos, a agulha desapareceu mesmo!
Outros olham com indiferença o carril móvel...

20.5.17

Revolução Barata

Abro uma exceção, a propósito da peça (não-aristotélica) Revolução Barata, do GTESC, pois irei partilhar este apontamento no Facebook, rede social tão do agrado da maioria...
Desta vez, não vou elogiar a qualidade de todos os intervenientes, pois o meu encómio do teatro do dizer cruel é perfeitamente inútil face ao crescendo de linguagens que se foram sucedendo, deixando-me a pensar nos tempos da revolução - os da semiótica do texto dramático do esquecido Osório Mateus, gerada nos idos de Maio de 68...
E como o espetáculo desta tarde provocou em mim uma catadupa de ideias contraditórias sobre a abordagem da violência, não apenas doméstica, e também sobre a eficácia da mensagem quando dirigida a públicos mais novos, permitam-me que cite o advogado do projeto dramático:

 - Ouves o grito dos mortos?
Também eu atravessei o inferno.
                                           Chegava 
a ouvir o contacto das aranhas devorando-se
no fundo. O meu horrível pensamento só a custo
continha o tumulto dos mortos.
Há dias em que o céu e o inferno esperam
e desesperam. Velhos lojistas
olham para si próprios com terror.
Uma coisa desconforme
                                   levanta-se
                                                     e deita-se
connosco.
                  - São outros mortos ainda.
                                                                   Herberto Helder, Húmus (excerto)

O jantar das 20

O jantar das 20 terminou por volta da uma da manhã. Na verdade, adormeci antes do términus... Felizmente!
Nas últimas horas, tudo tem estado tranquilo. Até a Sammy evita mexer-se; só os mandarins se agitam uma vez por outra, como acaba de acontecer...

(Num 12º andar. A Casa da Achada ficou para trás. Vamos ver o que acontece ao GTESC. Para tudo, há sempre uma primeira vez!)

19.5.17

Enlouqueci

Já são 22h20, o jantar espera há duas horas.
O que interessa é que o Marcelo está na Croácia! Que alguém se atirou de uma ponte... Que o cantor se enforcou no hotel... ou, talvez, a polícia se tenha enganado, voluntariamente, vá lá saber-se...
O que interessa é o tamanho dos cabelos, a cor dos olhos.
Se os cabelos forem pretos não serão nacionais nem europeus! Provavelmente, chineses.
Até o restling se mistura com o cancro, hereditário ou não...

O que interessa são as recordações em ouro, prata e outras ligas menos valiosas. E depois, há o tamanho! Sobretudo, miniaturas.... Quanto às pessoas, só depois de mortas, angelicais e, ao mesmo tempo, vítimas...
Quanto às outras pessoas, se vivas, melhor seria que fossem todas mudas e validas em estado de prontidão...
Num blogue, até o delírio das mamas altas ( implantes mamários) pode ser registado, sem esquecer os suicidas de todas as ilhas e continentes...
Agora que são 22h34, o jantar ainda continua à espera de apurar se, afinal, o cantor se enforcou ou deu um tiro nos miolos, depois do concerto...
A notícia aquece e arrefece quase tantas vezes como o jantar. Ou será ao contrário? 
Despeço-me que, depois da Madona, vem aí a  Shakira!