23.9.18

Não vou ...

Não vou abdicar, nem reformar-me, nem a enterrar (espero), vou apenas poupar as palavras de tão vulgares que elas circulam. Por isso não estranhem a minha ausência. 
Regressarei se houver algo de nobre a acrescentar. 
De momento, sinto-me cansado de tergiversações - da moleza mental que medra nas redes sociais.

22.9.18

Pacóvio suburbano

Apesar de tão viajado, de tão condecorado, quem é que se lembra dele? Caído no esquecimento, a contas com uma cunha pacóvia, regressou agora, zangadíssimo com a plebe do Rio, declarando alto e bom som que se recusa a mergulhar com eles, porque são «pacóvios suburbanos».
O uso do valor restritivo do adjetivo 'suburbano' leva-me a pensar (?) que o diplomata não quis deliberadamente referir-se àquela gente de origem obscura que, de tempos a tempos, assalta a grande metrópole, em nome de sombrios valores ancestrais. 

21.9.18

Martins da Cruz abandona os pacóvios do PSD

António Martins da Cruz disse: “Não me revejo em pacóvios suburbanos”. Martins da Cruz
Diga-se de passagem que a vida do PSD nunca me entusiasmou, embora não me seja indiferente, até porque o país muito sofreu sob a batuta de Cavacos, Durões, Santanas e Coelhos…, alguns deles zelosos pacóvios…
O que me espanta é que o ilustre alfacinha Martins da Cruz só agora se tenha apercebido da existência de pacóvios no PSD até porque serviu o "filho de Boliqueime" mais do que uma década…
A verdade é que é difícil encontrar um pacóvio que tenha sido tão condecorado como ele. Pelo menos, 25 condecorações!
Porque será que levou tanto tempo?

20.9.18

Dentro do espelho

«- Quem tem poder, se tem poder, quer que o vejam.
- Porque a política é um espelho - disse o outro. (…) 
- Mas o espelho está sempre presente - disse o outro. (…)
- A verdade é que um espelho é a televisão - disse o caixa.
- Exacto - disse o outro. Um espelho que guarda as caras.
- Tem-nas todas lá dentro e quando nos olhamos vemos a cara de outro.»
                                   Ricardo Piglia, A Cidade Ausente

Quando os estímulos exteriores são muitos, recolho-me na leitura. Só que ela devolve-me o circo… Por mais que faça, não escapo à greve dos enfermeiros, à paralisação dos taxistas, à lição do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. 
Todos eles se movem na «caixa», alardeando poder. Todos eles «estão ali» à espera da minha sujeição, do meu reconhecimento…

Atualização

Neste setembro, os plátanos continuam com as mesmas virtudes e os mesmos defeitos, embora sob dupla ameaça - ou os arrancam e a obra avança, ou a obra é adiada, apesar do verdadeiro motivo ser outro.
Tudo se mantém, à exceção de quem deles se ocupava abnegadamente - está de partida…

19.9.18

Da vida nada lhes interessa

Não sei se todos procuram a notoriedade, mas desconfio que sim. O caminho é que parece não oferecer dúvida desde que seja mediático.
Não duvido das suas capacidades - nem as quero avaliar -, mas desconfio que estão convencidos de que pouco serve esforçarem-se, de que o mérito já teve melhores dias, apesar de não quererem saber quais…
Embora alguns saibam que, n'Os Lusíadas, o Poeta vivia amargurado porque os homens do seu tempo nenhum valor atribuíam ao empenho (e desempenho) dos seus antepassados, a verdade é que a glória abonada pela ociosidade, pelo saque e pelos privilégios lhes parece natural…
A imagem tem hoje um tal estatuto que os anjos sem rosto já nem necessitam de penumbra. 
No olimpo das nossas retinas e dos nossos tímpanos, há cada vez mais famosos da Hora - sorriem, dão gritinhos agudos, silabam contentamentos fúteis e mesquinhos... 

18.9.18

A viver no Paço

Não sei se o problema é das calças, se é do sapateiro, se de ambos. No entanto, compreendo que o melhor é esquecer o protocolo, enviá-lo para o museu. A bem da nação, a Sul, o protocolo é colonialista…
O que interessa são os negócios do futuro, de preferência, que os do passado ainda eram resquícios da exploração colonialista.
Vamos lá alinhavar uma parceria fraterna, em que a razão seja determinada pela emoção, esquecendo o ensinamento do Poeta que, apesar da sua experiência austral, nos quis convencer que o coração só servia para entreter a razão…
Por aqui, o problema é o de sempre! Continuamos a viver no Paço...