9.8.19

A temperatura

Nem sei por que motivo um Pardal interferiu na leitura da Montanha. Lá não se ouvem as aves do Céu nem da Terra, pelo menos até à página 414... e por aqui, há uns tantos pardais, comilões, mas inofensivos…
Por lá, as matérias perigosas são de natureza fisiológica e cada um carrega as suas, e quando o trenó entra em ação é mau sinal - é mais um corpo que é levado de forma sigilosa e definitiva.
Por aqui, o tempo mudou, desrespeitando o verão ou, talvez, a mudança seja apenas para baixar a temperatura, coisa que lá em cima se afigura difícil, infelizmente…

8.8.19

Anda um Pardal à solta

Um olhar despreconceituado, isso existe?
Sobre a matéria, talvez, mas sobre o tempo?
A epígrafe é frágil, porém não tem incomodado, mas essa é outra questão.

Em muitas situações, o tempo nem sequer é nosso. Não temos o mínimo de liberdade para o gerir, quanto mais avaliá-lo de forma isenta.
As horas são determinadas pelo capricho - forma excessiva, porque previsível - de outrem que acha natural dispor…
E as horas podem ser a vida, mesmo que o outro não seja sempre o mesmo.
Por estes dias, anda um Pardal à solta a impor a sua vontade a milhões de almas, a dar-lhes cabo da vida...

7.8.19

Aselha, talvez

«Chegavam mesmo a considerar essa dependência dos livros uma inépcia própria de aselhas. Bastava perfeitamente ter, quando muito, um livro no colo ou sobre a mesa de apoio para sentirem as suas necessidades supridas. » Thomas Mann, A Montanha Mágica, pág. 309, edição D. Quixote

Não desisto de subir a montanha para lhe captar a magia, no entanto não posso deixar de me confrontar com a minha inépcia, apesar de uma vida dedicada à leitura. 
Hoje, por exemplo, comprei 1/2 dúzia de ovos por 2,99 €. Há dois ou três dias, levantei 100€ numa ATM, percebendo agora que paguei + 7 € pelo levantamento…
Entretanto, na Montanha, encontrei uma referência ao Terramoto de 1755, no debate entre a Natureza e o Homem. A única até ao momento - é um pouco como se a Ibéria não existisse, quanto mais Portugal.
Finalmente, à medida que avanço, vou-me interrogando sobre quantos leitores terão chegado ao cume desta obra… o editor diz que esta é 8ª edição, sem referir o número de exemplares…
E ainda me falta descobrir a natureza dos ovos...

6.8.19

O tempo de leitura

Hans Castorp também faltava o fôlego, sobretudo quando decidia desrespeitar a disciplina do Sanatório Internacional Berghoff - afinal, ele não passava de um visitante que, entretanto, apanhara uma constipação, dizia ele, interessado em analisar as múltiplas expressões do 'tempo'.
Este 'também' pressupõe que o leitor o seja de facto, e não apenas alguém que está de passagem. 
Já lá vão sete semanas naquela montanha suíça, e eu só avancei 258 páginas. Hans Castorp acabou por baixar à cama para conter o sopro pulmonar e, principalmente, o rubor que lhe assaltava o rosto, já que não conseguia descer dos 37,7º, ficando à mercê do enigmático Behrens...
A vida na montanha decorre para uns como antecâmara da morte e, para outros, quase como estância turística. De notável, os diálogos entre Hans Castorp e o italiano Settembrini…
(…)
Por aqui, junto ao mar, o tempo de leitura parece ser o de quem lentamente sobe a montanha… Há horas em que o vento incomoda, mas nunca neva...e a salada algarvia surpreende.

4.8.19

Hans Castorp

Vou titular este post com o nome do protagonista - Hans Castorp para que percebam que não fui eu que subi à montanha. Agora, encontra-se na sala de jantar, pela terceira vez no mesmo dia. Muito se come naquele sanatório!
Eu encontro-me muito mais a sul, num país do Sul, a apanhar sol forçado, pois detesto areia e calor. Nos intervalos, sigo Hans Castorp, apesar de, hoje, na praia da Torralta, ter sentido inveja de Thomas Mann - ele não teria perdido a oportunidade de relatar o cavaco daqueles dois «amigos» que, de pé, e ao sol, falaram de tudo durante mais de duas horas… A mim, falta-me o fôlego… 

3.8.19

No Sanatório

Já viajei de Hamburgo a Davos. Agora, encontro-me no Sanatório, rodeado de criaturas debilitadas para quem o tempo se mede por parâmetros distintos dos meus… Ainda defendo que me encontro de perfeita saúde, apesar da anemia que me vai esverdeando… Começo, no entanto, a duvidar se as três semanas que reservei para esta viagem serão suficientes, mas nada mais posso acrescentar, exceto que… Fica para outro dia!

1.8.19

A Montanha

«Entrei em julho muito cansado, a precisar não sei bem do quê, pois nos meses de julho e de agosto sempre me vi em trabalhos inesperados.» 5.07.2019

E este julho não fugiu à tradição. Mais não posso dizer. Não sei se se trata de maldição!
Chegado a Agosto, tenho uma clara intenção: Ler A Montanha Mágica de Thomas Mann. A edição da Dom Quixote pesa mil e 100 gramas, e a letra é pequeníssima - mais uma dificuldade! 
Quanto ao trabalho, desta vez, é procurado e sinto que não posso perder esta oportunidade… 
No fim, se lá chegar, veremos se a "montanha" é "mágica"...