11.2.21

Talvez seja castigo!

 

Conhecedor dos meandros do hospital, decidi atalhar caminho. Só que, nestes últimos meses, tudo mudou. A cada passo, surgem novas divisórias, novas portas. Ali, onde,  habitualmente, se virava à direita, agora vira-se à esquerda. No chão, inscrevem-se rotas de sentido único que devemos ser capazes de interpretar, embora dificilmente saibamos onde nos levam…
Funcionários aceleram o passo como se a pressa pudesse resolver alguma coisa. Lembram-me o São José, severo com os animais, mas incapaz de compreender o que lhe acontecera…
Também eu não compreendo como é possível remendar tanto, já que o improviso, ainda que bem intencionado, só serve para mascarar a situação. 
Enfim, talvez seja castigo! Espero que em abril tudo esteja consertado!

10.2.21

Cogumelos

 

Logo que a humidade aumenta, eles despontam. Neste caso, o agricultor é completamente desnecessário.

Ao certo, não se sabe se há algum propósito. Assim como prosperam, assim definham.

Nós ainda não percebemos se, para outrem, somos cogumelos. 

Bom seria que pensássemos um pouco mais na sorte que temos… antes que nova vaga desponte.

9.2.21

A parede

 Mesmo que não esteja visível, a parede está presente... Talvez fosse mais sensato contorná-la, fazendo de conta que ele desaparecera, mas isso significaria abdicar... fugir da razão.

“Não estou zangado com ninguém. Hoje achei apenas que era a minha oportunidade de fazer as pessoas refletir e abrir a discussão a todo o país daquilo que está a ser feito e se podemos fazer alguma coisa que evite voltar a passar por aquilo que passámos em janeiro que foi a pior crise de saúde publica de Portugal dos últimos 100 anos.
Na reunião do Infarmed, Carmo Gomes criticou a atuação do Governo de António Costa, avisando que Portugal andou “sempre atrás da pandemia”, numa referência clara ao atraso na tomada de medidas.

(...) Se conseguirmos, através da testagem, identificar as pessoas infetadas ainda antes de estas manifestarem sintomas, Manuel Carmo Gomes defende que “podemos ter uma resposta forte à epidemia sem ter de submeter o país a uma situação como a que estamos agora”. 

7.2.21

Intrigante

Não compreendo o que se passa no Oriente. Com tantos milhares de milhões de corpos em movimento, a Covid-19 parece estar a desaparecer na Índia e na China... Haverá alguma explicação plausível?

Talvez, a Covid-19 seja um castigo lançado a Oriente para castigar os desmandos do Ocidente! 

Não quero crer, mas verdade seja dita: os Velhos, mesmo que sejam do Restelo, continuam a ser dizimados, como já o eram quando a peçonha invadiu as ruas de Lisboa.

Vale a pena lembrar que tempos houve em que um Velho nos amaldiçoou por termos ousado ir além do canteiro em que íamos medrando.

4.2.21

Olhar para fora

 «Não há perturbação mais violenta do que olhar para fora e esperar respostas exteriores a perguntas a que talvez só a sua sensibilidade mais íntima, nas horas de maior silêncio, poderá responder.» Rainer Maria Rilke , 17-2-1903 (1875-1926)

Esperar respostas - de assentimento ou de rejeição - é uma inevitabilidade. Quando elas não chegam, é uma desilusão assente numa ilusão.

De facto, à maioria das perguntas só nós podemos responder, se estivermos disponíveis. O resto é presunção.

Lá fora, correm as nuvens sombrias. A direção é indistinta.                                                                                                                                             

3.2.21

Critérios em demasia

 CRITÉRIO: o que serve para fazer escolhas, em função de valores.

Numa sociedade com poucos valores (positivos), convém ser poupado no número de critérios, por exemplo, para selecionar quem deve ser vacinado.

Na minha perspetiva, um critério razoável seria vacinar todos os que vivem ou servem um lugar, fosse um lar, um hospital, uma escola, uma fábrica, a sede do conselho de ministros, a presidência da república ou a aldeia mais afetada pela COVID-19.

Claro que esta ideia só faz sentido, caso o Governo esteja efetivamente empenhado, empenhando o país,  em assegurar as vacinas necessárias à vacinação real dos portugueses, independentemente da idade, do estatuto social ou profissional…

O resto são quezílias que só comprometem o futuro, porque se crescer a perceção de que a política é outra, então, continuará a ser 'o salve-se quem puder'.

1.2.21

Pasmado!

 


Já não sei como reagir! 

Abro um livro e deixo de seguir o raciocínio do autor - são tantas as citações e confrontos que fico crispado, sem saber quem é o culpado. Enredado, não desisto da leitura, à espera de alguma luz…

Abro os olhos, e o que vejo? Uma parede imperfeita, de cujos orifícios cigarros acesos me acenam em fantasia suficiente para me obrigar a fugir do lugar… num tempo em que a fuga está proibida, a não ser que seja interior, embora mais gravosa…

E os ouvidos, esses, fecham-se, tantas são as recriminações dos cientistas da hora. Começo agora a fingir que subo a escada (rolante), cheio de ideias egoístas: talvez precise de uns sapatos, mas para quê se as sapatarias estão fechadas, mas não, há ali uma sapataria de porta aberta. Em tempos disseram-me que era de uma presidente de junta, de uma vereadora, de uma diretora do centro comercial.