22.11.11

A ditadura da opinião…

Apesar de haver quem pense que a Grécia moderna nada tem a ver com a Grécia antiga, eu espero que não seja assim, e isto porque há vários dias que uma antiga sentença grega não me sai da  cabeça: «os homens são atormentados pela opinião que eles têm das coisas, e não pelas próprias coisas.» Epicteto, Enchyridion
Infelizmente, as notícias públicas e privadas estão cada vez mais contaminadas por apreciações subjetivas que ocultam ou deturpam os factos.
A crise europeia, para ser superada, exige a criação de um estado europeu – o que impõe, em nome do bem comum, perda de soberania. Mas o que se verifica é que a multiplicidade das opiniões insiste em ignorar o caminho: um governo central, um banco central, forças armadas comuns…
A tormenta que atravessamos impõe clarificação da decisão política: ou construímos o estado europeu ou mais vale sair da “união”…

18.11.11

No mesmo beliche?

A mediatização da investigação e da decisão judicial cria no leitor / espectador a ideia de que a justiça é açambarcada por meia dúzia de figurões que investigam, defendem, acusam e decidem de acordo com o estatuto dos arguidos.

Não se entende porque é que defesa, acusação e decisão são sempre entregues aos mesmos, ou será que o poder mediático é tão poderoso que cria e encena os casos, escolhendo os atores e impondo a decisão?

De qualquer modo, parece-me que a mediatização distorce o exercício da justiça e, sobretudo, aprisiona os decisores, impedindo-os de decidir em liberdade.

E esta última ideia – a de uma justiça amordaçada pelo poder político e, simultaneamente, ignara e presumida -  está muito bem retratada no romance Quando os Lobos Uivam (1958), de Aquilino Ribeiro.

Considerando a quantidade de temas investigados anualmente, em dissertações de mestrado e de doutoramento,  interrogo-me se alguém já decidiu investigar quantos dos intervenientes no inquérito e na decisão judicial já leram Quando os Lobos  Uivam.

A separação de poderes e o seu exercício em liberdade pressupõem uma formação humanística que, infelizmente, tem sido descurada.

17.11.11

Andar para trás?

Andar para trás pode não ser mau!

Se uma empresa, por falta de financiamento, fica impedida de importar as peças de que necessita, por exemplo, para reparar uma viatura, isso não deve ser razão para desistir do negócio. Se olharmos para trás, veremos que, no passado, muitas dessas peças eram fabricadas ao torno por serralheiros que, entretanto, foram perdendo importância.

Nesse tempo, havia mais ofícios, e importava-se menos. E hoje, o que deveras nos interessa é reduzir as importações e regressar ao trabalho – lançar as mãos à obra.

Só a valorização do trabalho manual, apoiado nas novas tecnologias, poderá devolver aos portugueses os recursos para se libertarem da asfixia dos credores e dos especuladores, pretensamente, intelectuais.

Em termos de projeto educativo, as escolas deveriam criar “oficinas”, onde os jovens pudessem reaprender os velhos ofícios…

15.11.11

O sonho e a dor…

«As nações todas são mistérios / Cada uma é todo o mundo a sós.» Fernando Pessoa, D. Tareja, in Mensagem

Com nome próprio só duas mulheres figuraram em Mensagem – duas estrangeiras, as mães fundadoras, D.Tareja e D. Filipa de Lencastre. Por outro lado, anónimas e sofredoras, as mães e as noivas sacrificam-se para que a vontade divina seja satisfeita pelo homem, o infante, a quem compete sonhar, isto é, colocar-se em linha com Deus.

Mas, sem Deus nada acontece!

Portugal entristece porque há muito deixou de ser o povo eleito ou, se reformularmos o problema, porque, afinal , não passa de uma criação estrangeira, a que falta a alma…

Apesar da matriz europeia, Pessoa valoriza acima de tudo o sonho e a dor. Sem eles, o mistério português extinguir-se-á definitivamente.

13.11.11

A escola da pichação

Pichação é o ato de escrever ou rabiscar sobre muros, fachadas de edificações, asfalto de ruas ou monumentos, usando tinta em spray aerossol…

Na Rua das Escolas, Portela, jovens de palmo e meio, dão asas à criatividade: picham os muros mais ou menos recônditos e quebram (e não só) os vidros das viaturas que encontram no caminho da ESCOLA… Quanto à autoridade policial, não vale a pena «apresentar queixa contra incertos», porque a ordem é para arquivar… Será que nas esquadras portuguesas, alguém investiga essa «nobre arte da pichação», alguém segue a «assinatura» destes heróis da periferia? 



11.11.11

Vândalos de palmo e meio…


Adolescentes de palmo e meio divertem-se impunemente a vandalizar a propriedade alheia. Na Rua das Escolas, Portela, os episódios de destruição sucedem-se às mãos de jovens que, desintegrados, decidiram criar a sua própria lei.

Será que estes jovens se comportam diferentemente em casa e na escola? Provavelmente, não. Devem ser os mesmos que não param em casa ou que faltam à escola e cujo comportamento continua a ser desculpabilizado, senão premiado!

Assim, vamos construindo o futuro! E tal como vai o mundo, não me espantará nada que que alguém me venha dizer que já são “heróis” no facebook!