A lição é de S.Jerónimo e vem citada na ARTE de FURTAR.
Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
8.8.12
Dos que furtam com unhas invisíveis
A lição é de S.Jerónimo e vem citada na ARTE de FURTAR.
6.8.12
Não são os coveiros…
«Não sãos os coveiros que nos matam. Simplesmente estão lá quando morremos.» Mafalda Ivo Cruz, Mil Folhas, 26 de Janeiro de 2001, PÚBLICO
O registo fotográfico não deixa de impressionar pelo fulgor do volume e da cor da pedra. Porém, passado o deslumbramento, fica por perceber por que motivo, ao longo dos séculos, se insistiu no transporte da pedra para um lugar onde a areia cedo começou a escassear. A exuberância dos edifícios esconde a míngua do homem comum e a vaidade dos governantes.
E passando do coletivo ao individual, nada difere: o egoísmo (ou a cegueira?) de uns leva-nos, de súbita morte, à cova. Passada a surpresa, só o coveiro se empenha momentaneamente em esconder-nos dos vivos…
5.8.12
O fotógrafo
«O etnólogo em exercício é o que se encontra em qualquer parte e que descreve o que observa ou o que ouve nesse mesmo momento.» Marc Augé, Não-Lugares
O fotógrafo é, assim, um etnólogo involuntário. Captura, num momento, linhas de tempo distintas, formas circulares, verticais e horizontais. Captura o grupo e a individualidade, a luz e a sombra…
… e deixa o Infante a enxergar o lado errado da missão, ao contrário do ciclista que segue confiante, mesmo que, amanhã, caia no desemprego.
Mas esse detalhe pouco importa ao etnólogo!
/MCG
3.8.12
Ao mudar a cor
Não aprendo / esqueço. Sombra de mim próprio / rasgo o passado.// Ao mudar a cor /o pavão imagina-se loureiro./
1.8.12
O narcisismo da voz
Cada vez que morre um comunicador, há logo quem afiance que a sua voz ficará para sempre. Não valeria a pena exemplificar se, de facto, isso fosse verdade. Por exemplo, quantos reconhecem hoje a voz de Vitorino Nemésio?
Embora existam registos audiovisuais dessa voz, ninguém sente necessidade de os divulgar. Porquê? Provavelmente pela natureza da mensagem! Do fascínio de outrora pouco resta, talvez porque a eloquência nos impeça de ver a obra.
Todavia, de Cristo ou de Maomé nem rosto nem voz, mas isso não impede que a mensagem continue a incendiar a terra.
Só um narcisista se atreve a enunciar a elocução “Para sempre!”
/MCG
30.7.12
O texto e a imagem
“Quando a sociedade se corrompe / corrompe-se primeiro a linguagem.” Ruy Belo
De acordo com Antoine Compagnon, a cultura literária entrou em declínio, embora não se saiba se se trata de um fenómeno irreversível. A Literatura (As Belas Letras), na perspetiva de Eduardo Prado Coelho (2000), teve o seu apogeu associado ao reforço da ideia de consciência nacional e, consequentemente, à valorização da língua materna.
Algumas das ideias, fundamentadas nas teorias de Derrida e de José Afonso Furtado, são de plena atualidade, nomeadamente, quando EPC afirma: « a média dos alunos é cada vez mais fraca, mas os bons alunos são alunos excecionais – aqueles são perigo, estes a oportunidade.»
Hoje, a globalização, ao diluir as fronteiras, dilui as literaturas e a língua em que a consciência nacional se inscrevia e, por outro lado, a imagem substitui o texto literário, procurando o prazer instantâneo do reconhecimento, mesmo que virtual.
28.7.12
O fazedor…
“O que não se pode é tocar o sino e ao mesmo tempo ir na procissão.” Camilo José Cela |
Eu que, outrora, tive o ofício de sineiro, sentia-me aliviado por não ter de marchar alinhado e aprumado e, ao mesmo tempo, sentia-me excluído do rebanho.
Faltava-me essa qualidade, hoje, muito abundante, que é a de fazedor!