21.1.13

Acabar sinónimo de integrar?

Político em ascensão: 'Quando eu disse "acabar" com a ADSE estava a querer dizer "integrar"... Um raciocínio coerente, pois quando a morte chega e acaba com o ser, ela mais não faz do que integrá-lo no cosmos. 
Na verdade, o temporal deste fim de semana apenas quis  acabar com os privilégios de  uns milhares de árvores de grande porte, que insistiam, contra ventos e marés, em altear-se nos areais de Leiria, nas serras de Sintra e do Buçaco... Havia mesmo um cedro que resistia há 370 anos!
O temporal nivela, torna igual o que é diferente e cresce à custa dos suculentos cactos que irrompem das encostas plebeias. 
Já andávamos esquecidos que no dicionário prático da língua portuguesa, "integrar" significou quase sempre "tomar pela força", sem com isso acabar com as nativas. Pelo contrário, paladinos da integração (da miscigenação), demos novos brasis ao mundo.

   

20.1.13

Vassouraria da Esperança

Ontem, referia que, sem complacência, o governo corta a torto e a direito e nós, complacentes, deixamos fazer. Pensava eu que esta resignação se ficaria a dever a falta de ferramenta democrática, quando, subitamente, dou de caras com a Vassouraria da Esperança (em tempos, propriedade do pai do Raul Solnado!). Fechada como milhares de outros pequenos estabelecimentos!?

Mas não! O atual proprietário teve o bom senso de mudar a Vassouraria para a Rua da Memória. Haja esperança! A memória acabará por nos ajudar a separar o trigo do joio e a varrer os cavacos, os relvas, os gaspares, os salgados, os loureiros, os coelhos e os selassiés deste mundo, sem ofensa para todos aqueles que continuam a merecer maiúscula…

19.1.13

Sem complacência

O Senhor Selassié diz ao governo português que «não é tempo de complacência». E talvez tenha razão! Os 82 mil milhões são para ser devolvidos com juros leoninos, sem cairmos na tentação de imitar os Gregos!
Por isso, sem complacência, o governo condena as empresas à falência, os empregados ao desemprego e à fome, corta nos vencimentos e nas pensões. Sem complacência, esvazia as universidades e os hospitais, e prepara-se para cortar 100.000 funcionários públicos - desde 2005, já saíram 166.000, e a Caixa Geral de Aposentações tem 34.000 em lista de espera!
Toda esta gente que sai da fábrica, da empresa, do hospital (no caso de ter tido a sorte de ter entrado e de ter sido bem tratada!), da universidade, da repartição, é atirada para uma terra de ninguém, à espera que a morte a liberte...
Sem complacência, o governo, às ordens do senhor Selassié, prepara-se para anunciar, em fevereiro, mais um conjunto de cortes, e, nós, complacentes, deixamos. Parecemos os judeus ordeiros a caminho do forno crematório alemão! 
A diferença é que os judeus eram uma minoria... e nós somos a maioria!

18.1.13

A eira

A memória era feita de tabuleiros ao sol de verão. Secavam-se as uvas e os figos! Por vezes, era o milho que esperava que o descamisassem…

Entretanto, a eira iniciou o retorno à origem… tal como a memória! Tudo naturalmente, com ou sem flores de alecrim.


17.1.13

Deus lhe pague

Não sei se é impressão minha, mas continuo a ver muitos jovens alheados dos problemas que assolam a maioria dos portugueses. Acreditam que o dia de amanhã lhes sorrirá como até aqui!
Claro, há sempre exceções! Ainda, hoje, uma jovem aluna apresentou oralmente a peça de teatro DEUS LHE PAGUE, de Joracy Camargo, mostrando, de forma singela, a sua surpresa face ao modo como o dramaturgo desmonta os preconceitos que ofuscam as ideias que devem mobilizar a atenção de cada um de nós. 
 
Mendigo: Na sua opinião. O que o povo quer é a coisa mais simples deste mundo.
Péricles: Qual é?
Mendigo: A supressão de uma palavra do dicionário.
Péricles: Qual?
Mendigo: Miséria!
Péricles: Só isso?
Mendigo:
 

Não basta suprimir a palavra do dicionário! Vamos ter que fazer mais alguma coisa. Nem que seja aprender com Joracy Camargo.
(Aqui fica uma sugestão de leitura, lusófona, e bem adequada ao momento que atravessamos!)

16.1.13

O riso e a ação direta

Nestes dias, já não sei se hei de rir ou de chorar! Falar deles começa a tornar-se uma maçada. Uma ENORME maçada!
Pelo que observo nas redes sociais, a maioria prefere rir. No entanto, vale a pena refletir sobre os efeitos do RISO.
Dizia Antero de Quental, em carta de 1879, ao amigo Guilherme de Azevedo:
O riso amolece, relaxa e acaba por tornar imbecis aqueles mesmos que o empregam contra a imbecilidade alheia. É uma arma perigosa, de dois gumes, uma arma má.
A ética anteriana impunha-lhe a condenação do riso, até porque o mal-estar psicológico minou-o desde muito jovem, tornando-o indeciso e, sobretudo, criando nele uma culpabilidade verdadeiramente inibidora da ação. (Na realidade, só o elevado sentido de humor de Eça foi capaz de nos convencer da santidade do suicida açoriano!) 
Eça ria ou, no mínimo, troçava de uma nação inteira, e a sua leitura ensina-nos a rir da imbecilidade do outro.
Hoje, começo acreditar que o riso nos está envenenar a alma e a inibir-nos a ação. A ação direta!

15.1.13

Garraios

Dois ou três estrangeirados decidiram refundar Portugal. Um deles, o secretário moedas, declara não querer ouvir palavras de aplauso e que espera que as intervenções sejam de confronto - palavras capazes de pôr em causa as suas divinas certezas.
Concluído o intróito, começou a garraiada, à porta fechada!
Amanhã, ao entardecer, o primeiro coelho anunciará o desfecho da faena.
 
Em 48 horas, o relatório do FMI terá sido transformado em ouro!