14.7.17

Nas praças e nos livros

Fui a Santiago de Compostela.
A fachada da catedral está em obras. No interior, decorria um serviço litúrgico, com poucos fiéis... Visitei as capelas laterais, mas não abracei o santo, apenas vislumbrei o túmulo, a pensar na lenda de Padrón e na fortuna dos mitos (e das lendas), e se não seria melhor levá-los a sério... Entretanto, o fervor religioso parecia que corria nas praças cheias de padres, de freiras e de seminaristas, sem esquecer os leigos de múltiplas origens e diversas crenças.
Um dia mais tarde, fui a Pádron. E o que lá encontrei, foi o fervor do feirante, medieval e abarracado, para além da insistência de uma jovem que me obrigou a fotografá-la em equilíbrio precário, pois colocada no rebordo queria "aparecer" na foto com a mão assente no "padrón" e com vista para o fundo do poço... E conseguiu uma foto bem fálica!

Entretanto, aproveitei para ler o último livro de António Manuel Venda, 1968. Li-o num ápice, pois o humor que o percorre não só nos faz sorrir como nos deixa a pensar que muitos dos nossos comportamentos são irracionais e maldosos, e, apesar disso, ainda conseguimos tirar proveito nas nossas capelinhas
António Manuel Venda, nas pequenas "estórias" que vai tecendo, acaba por desfazer umas tantas lendas que proliferaram desde 1974 até hoje, colocando-se no centro de uma narrativa divergente e nada encomiástica...
De regresso, apercebo-me que circulam novas "estórias". Desta vez, de zelosos secretários de estado sacrificados a bem da nação, com o detalhe de haver quem não consiga compreender a sua substituição, vindo à praça fazer alarido... Já lá vai o tempo em que o secretário era um "túmulo"...

13.7.17

Talvez por amanhã ser sexta-feira

Talvez por amanhã ser sexta-feira, hoje, dia 13, o anestesista não faltou nem fez greve. A cirurgia decorreu bem e o paciente prepara-se para regressar a casa, vencida a odisseia a que se viu sujeito no SNS, que lá vai funcionando, apesar da evidente falta de recursos materiais e humanos...
Talvez por amanhã ser sexta-feira, oito novos secretários de estado tomarão posse ao final da tarde. Os maiores mantêm os cargos - o mexilhão é que paga!
(Entretanto, o vizinho portelense Eurico Brilhante Dias é o novo secretário de estado da internacionalização...)
Talvez por amanhã ser sexta-feira, hoje ficou a saber-se que o Porto é a cidade portuguesa candidata a sede da Agência Europeia do Medicamento...

12.7.17

O que nos move?

De regresso, hoje, não me vou queixar de nada!
Em Santiago de Compostela, os sinais eram distintos. Uns lutavam contra a privatização dos rios, da energia...  Outros caminhavam, entoando gritos que me lembram hordas de fanáticos...
A verdade é que eu, apesar do fervor religioso que domina o lugar, senti-me mais próximo dos primeiros, senti-me melhor nos Parques da Alameda e de São Domingos de Bonaval.
Espero, entretanto, que, amanhã, os anestesistas não façam greve... Contradição? 


11.7.17

Entrei no Centro Galego de Arte Contemporânea


Entrei no Centro Galego de Arte Contemporânea (projeto de Álvaro Siza Vieira) com o objetivo de ver a Exposición Luis Gordillo - Confessión xeral, e fui surpreendido pela mostra Lugar: continxencias de uso, de Patricia Esquivias, Luciana Lamothe e Sofía Táboas....








Por onde passo...




Ainda vou fotografando alguns figurões da Hagiografia, da Valentia e das Artes, em geral, colocados no meio das praças ou nas esquinas e, ultimamente, defronte das praias, como se estivessem de partida ou, simplesmente, a bronzear, muito embora não necessitem devido ao material de que foram construídos... Lá, no alto, esverdeados...
Por onde passo, há sempre um santo António (de Lisboa ou de Pádua, pouco importa!), seja como topónimo seja ícone religioso, de tal modo que já deixei de o assinalar - está incorporado no sistema viário e na rotina.
A verdade é que quando olho a estatuária com que me cruzo, ainda sinto alguma vontade de os conhecer melhor, mas para quê?  Do outro lado, há cada vez menos vontade...

10.7.17

O Povo

O Povo, em Muros
Num rebate de consciência, os Senhores lembram-se do povo - misógino, envelhecido, friorento, enrugado... de olhar fixo na linha do horizonte, deixando refletir a ânsia do retorno, quase sempre impossível...
E ainda há quem deixe flores do campo, porque um dos filhos terá voltado, pobre ou rico, muitas vezes desenraizado, pois o tempo já não valoriza a identidade.

Este vaise i aquel vaise,
e todos, todos se van.
Galicia, sin homes quedas
que te poidan traballar.
Tés, en cambio, orfos e orfas
e campos de soledad,
e pais que non teñen fillos
e fillos que non tén pais.
E tés corazós que sufren
longas ausencias mortás,
viudas de vivos e mortos
que ninguén consolará.

                                    Rosalía de Castro

9.7.17

Em busca de sentido

Santiago de Compostela, Sul
Mesmo quando as explicações nada acrescentam, o tempo passa, indiferente ao esforço vão...
Os olhos cansados perdem-se nas imagens, sem descanso.
(Lembro agora que o Alberto Afonso por aqui terá passado ao fazer o caminho do peregrino francês...)
Padrón

O belicismo 

Noia