27.2.18

A situação dos jovens em Portugal

'O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, afirmou hoje que a situação dos jovens em Portugal melhorou em termos de emprego, educação e inclusão social.'

O ministro diz que a situação dos jovens está a melhorar... e eu concordo se ele explicar a que jovens é que se está a referir...
Infelizmente, o que eu observo é bem diferente: a inclusão social dos jovens, a existir, resulta da ação casuística de umas tantas associações e não de um plano nacional ou, então, do amiguismo e do clientelismo; o estado da educação é deplorável, com acentuado crescimento da iliteracia e da incivilidade; as taxas de empregabilidade são manipuladas,  os jovens condenados à emigração, à delinquência e à depressão...
Há dias em que Vieira da Silva faria melhor em remeter-se ao silêncio ou em deixar o lugar a um desses jovens que, apesar de doutorados, não sabem como e onde aplicar os seus conhecimentos...

26.2.18

A engenharia bélica

Já não necessito de imagens nem de representações.
A engenharia bélica tornou-se tão irresponsável que já não há forma de lhe pôr termo. Sobretudo, porque quem a manuseia, a vê como um ato lúdico.

25.2.18

Dúvida sobre a limpeza dos terrenos

Até 15 de março, a limpeza dos terrenos é obrigatória para todos os terrenos ou, apenas, para os que estão próximos de localidades, vias públicas, cabos de alta tensão...?
Por mais que procure, não encontro qualquer resposta objetiva. 
Os governantes saem a terreiro, mas não clarificam... ameaçam, provavelmente sem perceberem que se limparmos os terrenos em março, em maio será necessário repetir a operação.
Anunciam-se, assim, três grandes negócios: o das coimas, o das limpezas e o da justiça. Para os consolidar, nada melhor do que a ambiguidade...

24.2.18

Que ponte?

Será que interessa saber qual é a ponte?
A ponte de cada um tanto pode ser física como imaginária. O que interessa é que qualquer uma delas nos pode fazer sair de nós próprios nem que seja para observar as aves ou ver florir os arbustos. O que interessa é que a água não falte...
Para quê uma ponte sem rio?

É só atravessar a ponte...

É só atravessar a ponte, no meu caso, e depois de sair da autoestrada, virar à esquerda e seguir por uns tantos quilómetros - quantos não interessa! O que interessa é o que somos capazes de ver, mesmo que o sol baixo nos torne a visão baça...
E quando olhamos só ouvimos o carpir dos automóveis e o esvoaçar das aves, agastadas porque as fomos incomodar...
A sorte das aves é que os forasteiros são poucos!
A minha sorte é que as aves, ainda, são muitas! 

23.2.18

O aforismo

Frequentemente, o aforismo é sinónimo de refrão, provérbio, axioma, máxima, adágio... É um dito expresso em tom de sentença...

Como tal, o aforismo deve ser abordado como hipotexto no âmbito da intertextualidade.
Numa certa tradição, o aforismo é, no entanto, elitista, com explicitação da autoria, demarcando-se da cultura popular, considerada ingénua e falha de evidência científica...
Há todavia autores, como José Saramago, mestres no recurso à intertextualidade ( nos registos de hipertexto e de hipotexto) que sabem valorizar a cultura popular. Leia-se O Ano da Morte de Ricardo Reis, a título de exemplo: 

- Costuma dizer-se que o sol é de pouca dura...
- Quando uma ideia puxou outra, dizemos que houve associação delas...
- Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia (...) sobre a nudez forte da fantasia o manto diáfano da verdade ... se as sentenças viradas do avesso passarem a ser leis, que mundo faremos com elas....
- Quem viver verá...
- Estás com pressa, viesses mais cedo...
- Dá-nos o ofício o pão, é verdade, porém não virá daí a fama...
- Que serás quando fores de noite e ao fim da estrada (?)
- Por estas e por outras é que quem não tem Deus procura deuses, quem deuses abandonou a Deus inventa...
- Todos tivemos pai e mãe, mas somos filhos do acaso e da necessidade...

E por aqui me fico...

22.2.18

Veto silencioso?

Imaginação verbal não nos falta!

Social-democrata escolhido por Rui Rio para liderar a bancada parlamentar ficou pelos 39% dos votos dos colegas de bancada. Número de brancos e nulos revelam falta de união em torno do novo presidente do partido.

Inteligentes, estes deputados! O melhor é começarem à procura de emprego, pois na próxima legislatura ninguém se lembrará deles...
E se tal acontecer, isso será bom sinal, pois mostrará que do passado passista não reza a História.

21.2.18

Nem uma pequena nota

Não sei porquê, mas há pessoas que raramente são notícia... Outras há que se expõem diariamente sem que nada o justifique...
Dir-se-á que a notícia é caprichosa, mas a verdade é que ela obedece a interesses económicos e a valores inconfessados...
Talvez seja por isso que me sinto traído ao não ter notícia do que é feito de certas pessoas que aprendi a respeitar.
Quero acreditar que elas decidiram regressar ao anonimato para não serem enlameadas pela suprema vaidade das horas...
Só que fica um vazio. Nem uma pequena nota a contar se, afinal, tudo estava previsto...

Sem esquecer que pode haver outra explicação. Por exemplo, é muito inconveniente que as minhas horas sejam geridas pelo capricho de quem não percebe que as minhas horas não são minhas, mas que também não são deles...

20.2.18

António Guterres diz-nos o que queremos ouvir

O que fundamentalmente hoje interessa nas universidades e no sistema educativo não é tanto o tipo de coisas que aí se aprende, mas a possibilidade de aí se aprender a aprender”. António Guterres

A ideia é antiga e sedutora. De tão repetida, já perdeu a força ilocutória inicial.
No tempo em que foi defendida, ainda não dispúnhamos da maioria das ferramentas ao nosso alcance, só que o seu aproveitamento é mínimo a não ser por aqueles que procuram apropriar-se da riqueza e do poder.
Por outro lado, desvalorizar impensadamente certas aprendizagens que requerem  a mobilização da memória individual e coletiva é uma das causas do insucesso da estratégia "aprender a aprender"... 
Não basta ser catavento para que o caminho se ilumine... O nosso sistema educativo nunca foi capaz responder aos problemas que deveria ajudar a resolver... é uma instituição obsoleta tal como outras que se dizem pilares da sociedade...

18.2.18

A notícia súbita

Elogio de Maria Teresa Belo

já passaram uns anos...
em certos dias, a memória
do trabalho
da tranquilidade
da disponibilidade
da bondade...
e agora, a notícia súbita
e contigo, a memória

Tenho de falar à Teresa... de Alexandra Lucas Coelho 

O ato censório do BC

Em tempo de pronunciamentos políticos e desportivos, as proposições devem ser claras e as preposições unívocas ou, no mínimo, não devem conflituar com os verbos de que dependem... (alusão desnecessária, mas a que não resisto...)
Este fim de semana tem sido de tal modo fértil em juras, proibições e anátemas que, de entre elas, destaco, o ato censório do BC, de quem não me atrevo a pronunciar o nome, e que, no meu mesquinho entendimento, deve sofrer de maligni Spiritus manifestationes...
Face à situação, creio que uma das profissões do futuro será a de exorcista...
O que não falta são BCs e respetivos fâmulos!

17.2.18

Preposições ambíguas

Albuquerque: “Não tenho problemas em divergir com Alberto João Jardim” Desvio regional

Chama-se preposição à palavra invariável, pertencente a uma classe fechada, que permite estabelecer relações de sentido entre duas partes ou elementos de uma proposição. 

Quando os lemos (ouvimos) nem por um minuto desconfiamos que Miguel Albuquerque e Alberto João Jardim possam divergir...
Unidos, divergem. Só não se sabe de quem! 
No espaço lusófono, há muito que assistimos à redução do número de preposições e à consequente utilização intensiva de umas tantas...
De qualquer modo, nem tudo é negativo, pois as preposições já revelam o estado mental dos atores políticos...
Para quem aprecie a análise política, proponho que comece pelas preposições...

15.2.18

Paroles... paroles...

A 1 de janeiro, o ano descolou com muitas promessas, a começar pelas do Governo.
Os dias passam... e nada.
Dizem-me que as promessas seriam prontamente cumpridas, não fossem dois obstáculos: o recenseamento profissional e o software.
Não encontro explicação, pois não creio que os deuses do Olimpo tenham alguma coisa a ver com o surgimento destes novos adamastores... mostrengos. 
No entanto, desconfio de que quem fez as promessas já tinha encomendado um novo software e um novo recenseamento...
E o incumprimento não deve ser por falta de dinheiro, tanta é a propaganda.

14.2.18

Pedir por objetivos

Há uma semana, um automobilista imobilizou o veículo e pediu a um peão que contribuísse para a reparação do seu automóvel...
Um pedinte matinal cumpre o seu ofício, só que hoje pediu três euros, nem mais nem menos um cêntimo...
Faz hoje oito dias, também me pediram que deixasse de atribuir classificações inferiores a 8 valores, mesmo se o pedinte se tivesse ausentado...
E já me esquecia do ministro (das finanças) que pediu bilhetes para um jogo de futebol... e de toda a gentinha que passa a vida na pedincha para os outros (e para si)...
Há, também, quem o faça em nome de deus, da mãezinha, dos filhos... Por vezes, também me apetece pedir que não me aborreçam...

13.2.18

O Carnaval português em 1936

«É o carnaval português. Passa um homem de sobretudo, transporta, sem dar por isso, um cartaz fixado nas costas, um rabo-leva pendurado por um alfinete curvo, Vende-se este animal, até agora ninguém quis saber o preço, mesmo havendo quem diga, ao passar-lhe à frente, Tal é a besta que não sente a carga, o homem ri-se dos divertimentos que vai encontrando, riem-se os outros dele, enfim desconfiou, levou a mão atrás, arrancou o papel, rasgou-o furioso, todos os anos é assim, fazem-nos estas partidas e de cada vez comportamo-nos como se fosse a primeira. Ricardo Reis vai descansado, sabe que é difícil fixar um alfinete numa gabardina, mas as ameaças surgem de todos os lados, agora desceu velozmente de um primeiro andar um basculho preso por uma guita, atirou-lhe o chapéu ao chão, lá em cima riem esganiçadas as duas meninas da casa. No carnaval nada parece mal, clamam elas em coro, e a evidência do axioma é tão esmagadora e convincente que Ricardo Reis se limita a apanhar do chão o chapéu sujo de lama, segue calado o seu caminho, já reviu e reconheceu o carnaval de Lisboa, são horas de voltar ao hotel. Felizmente há as crianças.»
                     José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, Porto editora, reimpressão de 2017

Desta vez, não volto a explicar a origem do Carnaval - basta pesquisar que Caruma responde enfadonhamente. Proponho apenas que leiam as páginas de Saramago - da 181 à 188.

12.2.18

Copistas

Desde o Antigo Egito,  o copista (o amanuense) foi de grande utilidade ao Senhor, ao Império, à Igreja, ao Estado e, em particular, à Justiça.
Grande parte da Memória foi preservada pelos copistas...
Infelizmente, conheço uns tantos copistas, a quem um amigo insiste em explicar o que é um plágio sem que eles interiorizem o significado de tal termo que, quando lhes é solicitada a resolução de um questionário da disciplina de Português, logo se propõem entregar o resultado do cavo labor para que o professor o classifique.
Pacientemente, o mestre inicia a leitura do referido trabalho, à espera de contribuir para a educação do jovem, só que acaba por deparar-se com duas situações, qual delas a mais abusiva: a) por exemplo, em 6 respostas, cinco foram copiadas umas pelas outras; b) e, por outro lado, não passam de cópia ou de decalque das "respostas" propostas no manual do docente...
    ... e esta é uma situação cuja responsabilidade deve ser atribuída às editoras, ou será que os atuais professores deixaram de ser capazes de elaborar perguntas e avaliar as respetivas respostas?

De qualquer modo, o que mais me choca é, afinal, a ideia corrente de que mesmo um mau copista não deve ser submetido a qualquer exame, nem deve ser negativamente avaliado e, sobretudo, não pode ser censurado.

10.2.18

Por dá cá aquela palha...

Casa de Samardã
Diz Camilo Castello Branco a Silva Pinto que «aqui terá passado dois anos de infância, os menos desgraçados» e logo alguém conclui que foi lá que ele passou os melhores anos da sua vida...
Curiosa interpretação!
Não sei porquê, e sem querer igualar Camilo no infortúnio, estou sem saber onde é que vivi os melhores anos, embora suspeite que terá sido no tempo da irresponsabilidade, apesar de, desde cedo, me terem sido pedidas satisfações por dá cá aquela palha...
E até hoje pouco mudou. Parece que continuo a ter de prestar contas até ao dia do juízo final...
Também eu entrei em múltiplas casas (sorte a minha!), mas estou incapaz de apontar uma que se diferencie, apesar de por fora poderem indiciar maior ou menor felicidade.

9.2.18

A memória

A memória devia ser uma espécie de cabelo
Que a gente cortasse quando quisesse...
  Carlos Queiroz

O problema é que à medida que o cabelo vai caindo já não o queremos cortar, embora haja quem prefira rapá-lo por inteiro - será para esquecer?
Mas o que irrita são aqueles que, apesar do crescimento contínuo do cabelo, revelam não ter qualquer memória nem que isso os incomode...
O que interessa é a meta, o resto é conversa!
E de nada serve desfiá-la...

7.2.18

Novas vítimas

Por este andar vai ser necessário criar um novo termo para os
que são bombardeados 
que são torturados
que são escravizados
que são expulsos do lugar onde nasceram
que nunca foram à escola,
que vivem no desemprego
que morrem à fome
que simplesmente são escorraçados...
e vivem no silêncio até que...

Todos os dias surgem novas vítimas
cruzados de uma nova guerra em que basta a magia da palavra

e logo desaparecem
os refugiados
os torturados
os escravizados
os alienados
os famintos

os silenciados

6.2.18

Uma prova de insanidade mental

Quando soou a campainha
Que pôs termo ao recreio,
Só um dos cem meninos
Que brincavam no pátio,
Intuiu - através 
De súbito lampejo -
Que a nossa vida é um equívoco
Insanável.
Poema 20, Carlos Queiroz

Ao ler sempre as mesmas respostas a perguntas impossíveis, ao tentar ver um ponto final no lugar da vírgula e até mesmo do ponto e vírgula, ao imaginar, à entrada, um parágrafo e a cair do parapeito sem qualquer aviso, relembro o atraso por falta de campainha e, sobretudo, interrogo-me por que motivo o José-Augusto França se me tornou tema e logo com a revista "Bandarra" (1934-36) de António Ferro, o da Filosofia do Espírito, roubada ao Valéry... ou seria ao Quinto Império do profeta Pessoa?
(Não interessa! Afinal, os blogues já são matéria defunta. Tornou-se impossível apresentá-los como exemplo do registo diarístico. Ao que me disseram, o twitter ocupa esse lugar.) 
De qualquer modo, anoto que, sob a resma de testes, tenho há dias, sem o vislumbrar (cuidado com a catáfora!) um artigo E. M. de Melo e Castro, intitulado, "Carlos Queiroz - releitura e homenagem, publicado no nº 26 do Letras & Letras, de fevereiro de 1990... Fevereiro de 1990, anote-se...
Relembro que, por tradicional bisbilhotice, me vira recentemente obrigado a falar dos desamores de Ofélia Queiroz, sem fazer qualquer alusão a Carlos Queiroz, o poeta existencialista, « tão distante da superficialidade da poesia da Presença" (...) tão distante da poesia Neo-Realista»,
        o que, de todo, me aborrece... deixar de fora Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, José Rodrigues Miguéis, Ferreira de Castro,  é, para mim, uma prova de insanidade mental, já sem falar no Mário Sá-Carneiro, no Almada...
Aceito, entretanto, que seja eu o insano...

5.2.18

Na hora em que seguiu

Nunca aqui mencionei o seu nome... e também não será hoje... No entanto, várias foram as vezes  que aqui escrevi sobre as dificuldades por que passava, em termos de exercício da profissão...
A alusão, na hora em que seguiu, como diria Bernardo Soares, mais não é do que o reconhecimento de que, quando a idade avança e a saúde falha, se pode ser incompreendido...
Não raras as vezes me vi obrigado a explicar a certos jovens voluntaristas que os comportamentos humanos não são gratuitos - para eles há sempre uma explicação - e que a sua primeira missão é procurar-lhes a causa em vez da varredela fácil...
Para além da sacrossanta matéria existe o Outro... e que se não soubermos acompanhá-lo nas suas dificuldades, nos seus excessos, então nunca perceberemos quem somos...

4.2.18

O que me preocupa

Dentro de dois meses, a cidade do Cabo (4 milhões de habitantes) pode ficar sem água devido à seca ... De acordo com os responsáveis, vai ser necessário colocar o exército na rua para combater os motins...
Aqui, em Lisboa, o IPO vê dificultada a contratação de pessoal de enfermagem e médico, mas gasta meio milhão de euros num medicamento para um só doente durante um ano. O mesmo ministério, que impede a contratação, manda pagar às farmacêuticas... aliás paga 50 milhões por 90 novos medicamentos, que, no dizer do diretor do IPO, asseguram «dois meses de aumento de esperança de vida.» (Entrevista de Francisco Ramos ao DN /TSF)
Em simultâneo, o Tejo definha, a vida ribeirinha morre... as crianças já não procuram saber o significado das palavras, e o ranking vai alimentando vaidades, mesmo que a vergonha nos salte aos olhos.

3.2.18

Fico a olhá-la...

Uma flor desabrocha no canteiro. E isso basta!

A luz baça não a ameaça. E eu também não... fico a olhá-la, sem qualquer intenção...
De súbito, uma velhinha, outrora ilustre, avança alquebrada, dois pesados sacos de compras dependurados dos frágeis braços. Parece que vai soçobrar, mas não: avança, sem conseguir levantar a cabeça, mas segura de que vai chegar a casa... e, talvez, ainda a pensar nas próximas eleições autárquicas.
Quem sabe? O sonho de ser Presidente da Câmara acompanha-a de há muito... E eu fico a olhá-la, sem qualquer ação.
PS. Pelo que acabo de apurar, a velha senhora já tem 82 anos. Maria Geni Veloso das Neves.

2.2.18

Ainda a chama

"Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida  ainda não é finda.
O frio morto em cinzas ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda."
 Fernando Pessoa, O Desejado (excerto)

ainda a chama, mesmo que o frio a sufoque...
e o vento que tudo espalha, num gesto de fervor...
nos acorde do torpor... das notícias

sempre as mesmas
cinzas nossas
de todas as eras
onde até o desejo fenece...

1.2.18

Encrencado

Interrompo a tarefa como medida profilática - preventiva. Hesito entre a variante europeia e a brasileira. Sim, porque o OA de 1990 permite-me escrever "profilático" com e sem /c/...; só que a opção exige que assuma uma variante e que me liberte da norma-padrão, sebastianista...
A tarefa é de rotina, mas exasperante, porque os jovens insistem em não responder às perguntas, um pouco como os croissants da Padaria Portuguesa que se estão borrifando para as expectativas dos clientes...
Só que a notícia sobre a dívida pública de 2017 - 242,6 mil milhões - gera ainda maior desânimo, pois abre a janela para uma outra: Em 2019, não haverá aumentos para a Função Pública...
O que, afinal, se compreende, pois, por mais que se insista, as famigeradas "reformas estruturais" continuam por fazer... a começar por, cedo, aprendermos a não responder às perguntas...

31.1.18

Por um toque de inveja

«Le double est devenu une image d'épouvante dela même façon que les dieux deviennent des démons après que leur religion s'est écroulé.» ( Heine, Les dieux en exil)

Confesso que ler Freud me diverte, sobretudo desde que me apercebi que o psicanalista era um grande leitor e percebia imenso de literatura.
Ao ler o ensaio L'inquiétante étrangeté, dei com algo em que nunca pensara: afinal, os demónios não passam de deuses caídos em desgraça. Por outras palavras, abandonados pelos seus crentes...
(Creio que já mo tinham explicado, mas eu não percebera, nem sei se a interpretação seria a mesma.)
A verdade é que, para mim, o Bem era a outra face do Mal; ou seria ao contrário? Os deuses e os demónios, indissociáveis, senhoreavam o universo numa competição sem limites, em que nós nos arrogávamos o direito de os imitar, convictos  de que um dia lhes ocuparíamos o lugar...

No essencial, os deuses de ontem, venerados e bajulados, transformaram-se por um toque de inveja humana nos demónios que nos entram pelos olhos e pelos ouvidos e que nenhum exorcista conseguirá extinguir... 

30.1.18

Sine lege

O sistema está blindado.
De modo a estancar o alarme, o peixe-miúdo fica detido; o graúdo, a estas horas, já deve ter zarpado... E se não o fizer, é porque a malha não foi feita para ele.

Não sei se consigo abarcar a extensão da corrupção; fica-me, no entanto, a ideia de que este polvo é intratável.

E depois o que impressiona é o aparato. Sem ele o que seria de nós?

28.1.18

O mito, figura de esperança

Apesar de ser domingo, vejo-me confrontado com sucessivos disparates. Por exemplo, alguém me diz que D. Sebastião é, para Fernando Pessoa, um mito reabilitado...
O que tenho procurado explicar é simples, creio: Fernando Pessoa, dando sequência ao trabalho doutrinário de uma série de ilustres sebastianistas, transforma, em MENSAGEM, a figura histórica que mais contribuiu para a ruína da Pátria, num mito, isto é, numa figura de esperança, tal como fez com muitas outras personagens históricas, essas, sim, bem mais positivas...
No essencial, o que interessa entender é que todo o mito é uma figura de esperança. Ou será que, no género épico, os mitos são tratados de modo diferente?

Bem sei que há por aí quem afirme que a dívida portuguesa é mítica. Só que não estamos a falar do mesmo. Pelo menos, no que me diz respeito, não sou sebastianista, pois não acredito que algum dos atuais heróis venha a ser mitificado... 

26.1.18

a palavra vazia

a palavra solta
cai sem amparo...

a palavra presa
murmura no silêncio

sem amparo
a palavra ainda escorre

arrependida a palavra
definha no silêncio

vazia a palavra...

25.1.18

No campo dos mártires




O restaurante-esplanada foi substituído por uma barraca rolante, a céu aberto.

Para compensar, a Câmara Municipal de Lisboa homenageia os mártires da Pátria de 18 de outubro de 1817.



Oportuno, o Ministério da Educação retirou do Programa de Português a peça de Sttau Monteiro "Felizmente Há Luar!"


Restam os galos, um santo popular, meia dúzia de batoteiros e uns tantos vagabundos... com ar de mártires de vícios endógenos e gloriosos...

Creio, todavia, que hoje é dia de celebrar maio de 68. Pelo que ouvi, na Gulbenkian, a elite encontra-se numa festa de ideias, subordinada ao tema: A IMAGINAÇÃO AO PODER!
Por mim, não sei se os galos têm imaginação, mas sei que cantam! E com entusiasmo...
Da minha distante meditação, nada festivaleira, ressalta apenas que, por ação pouco espirituosa, perguntei a um jovem interlocutor o que é que ele pensava da ideia de que a vida de cada um se pode resumir na epígrafe: CONHECER O PASSADO, IMAGINAR O FUTURO, VIVER O PRESENTE... Singelo, o jovem deu a entender que prefere viver o presente, seja isso o que for...

23.1.18

O que me nauseia

Não é que a situação não me incomode mas, ao tornar-se rotina, finjo-lhe a novidade, suspendendo a palavra como se tal fosse suficiente para lhe pôr cobro...
O que, deveras, me nauseia é a ideia de que estas pessoas, apesar de serem outras, são as mesmas que há anos tolero, ciosas dos seus direitos, mas sem o menor sentido de responsabilidade...
O que, deveras, me nauseia é a ideia de que esse fingimento deixou de ser um ato de defesa para se tornar numa falha de carácter...

22.1.18

O tic-tac

O tic-tac continua indiferente à presença ou à ausência...
É sempre o mesmo balanço! Não lhe pesam as pernas, nem o afligem as articulações. Passa adiante, sem querer saber se a chama continua mortiça ou se algum fulgor se eleva na hora do fim do dia... Nem quando a luz se apaga e a noite se inteiriça, o tic-tac deixa a cadência que, afinal, me preenche a alma ou a vontade que tenho de ter alma...
A alma do mito! Muito para além da história... só que fosse uma pétala que agitasse o jardim... ou este tic-tac que me possui...

20.1.18

O relógio

Não lhe toco. Passo dias sem o olhar...
Só quando me alheio do ruído, lhe oiço o balanço... e sei que ele não se preocupa que eu tenha deixado de reparar nas horas, como se só estivesse interessado em fazer-me companhia...
Sem deixar de o ouvir, verifico, de momento, que ele pouco se atrasa, mesmo sem ter que ir a qualquer lugar...
Nisso da pontualidade somos parecidos, só que, ao contrário de mim, ele parece não se incomodar.
Como eu gostava de ser ele!

19.1.18

O Último Profeta


«Se a imaginação e o mistério não estão connosco, não vale a pena escrever.» Maria Ondina Braga entrevistada por Mário Santos, Público, 9.12.1995

Foi certamente essa certeza que alimentou Fernando Pessoa ao escrever MENSAGEM!
Perante o desconchavo a que Portugal chegara, na ausência de feitos que pudesse imortalizar, Pessoa optou por imaginar um futuro que, de algum modo, fosse capaz de despertar os portugueses coevos da modorra em que jaziam.
Esqueceu a História e atirou-se ao Mito e, pelo caminho, assumiu o papel de último profeta do Quinto Império, procurando devolver a esperança e a vontade necessárias ao Sonho, sem o qual o Senhor acabaria por esquecer o povo eleito que unira o Mar, mas que não soubera preservar o Império... 
O último profeta (Screvo meu livro à beira-mágoa), mais do que a voz do Senhor, surge como seu interpelante, procurando, assim, que o último fôlego da Humanidade seja obra de Portugal - o verdadeiro herói de MENSAGEM.

18.1.18

Por estes dias

Saciada a fome, não resta nada. 
Nem a mortalha escapa à voragem.

Por estes dias, o mandarim repousa à espera que a Natureza o reintegre no jardim dos pássaros...

A tristeza que fica é a certeza de que nem a mortalha escapa à voragem...

17.1.18

Cabras sapadoras!?

O Governo vai avançar este ano com projectos-piloto de "cabras sapadoras" com rebanhos dedicados à gestão de combustível florestal na rede primária, anunciou esta quarta-feira o secretário de Estado das Florestas, destacando o reforço na prevenção de incêndios.
sapador - soldado de engenharia preparado para o assalto a fortificações.
sapa - pá para levantar a terra cavada.
sapar - executar trabalhos de sapa; minar.


Posso estar enganado, mas o senhor Miguel Freitas (Curriculum) não deve perceber nada de cabras. Consta que, caprichosas, as cabras se estão nas tintas para tudo o que não seja ruminar de estômago bem repleto... e eu só estou a falar das cabras, porque quanto aos bodes, esses há que poupá-los para que a espécie não se extinga.
Por outro lado, na velha tradição bucólica, o senhor secretário de estado bem poderia pensar em projetos-piloto alternativos de toupeiras, patos, porcos, vacas e até girafas se a União Europeia ainda autorizar a sua importação...
De qualquer modo, com tanta gente desempregada, o melhor é ordenar às cabras que retoucem, de acordo com o significado ainda em voga no interior do país, pois lá para o litoral algarvio há muito que o verbo deixou de ser transitivo...

15.1.18

Uma relação mal resolvida ou mal traduzida...

Com tanto estrangeiro embasbacado a fotografar a fachada, não resisti... até porque, de livro na mão, enregelava, à espera diante do nº 104...
Acabara de entrar no ensaio "L'inquietante étrangeté", de Freud e, tal como este, procurava uma tradução adequada, mas nenhuma me agradava, apesar da estranheza inquietante (angustiante) me parecer uma hipótese razoável...
Por seu turno, Freud ia gastando páginas atrás de páginas com o resultado das suas pesquisas sobre o significante nas diversas línguas europeias  correspondente a unheimlich, e parece que não encontrou, dando corpo à ideia de que as línguas guardam em si identidades (e mistérios) intraduzíveis!!!
Esta viagem linguística, a certa altura, revela-se deliciosa, quanto à tradução de unheimlich: « o italiano e o português parecem contentar-se  com palavras classificáveis como perífrases. No árabe e no hebreuunheimlich coincide com o demoníaco, o que provoca arrepios...» A tradução é minha e não é muito fiável, pois ainda faço fé no Luandino Vieira que não me contratou em 73/74 para as Edições 70, embora nunca me tenha explicado porquê...  
Daqui, talvez, se possa extrair que, para os portugueses, não há nada de verdadeiramente assustador e, muito menos, demoníaco... nem sequer a degradação das fachadas...
Em termos freudianos, resta saber quando é que esta familiaridade com a degradação terá tido início. Espero que não tenha sido uma relação mal resolvida entre D. Afonso Henriques e Dona Tareja, sua mãe, cujos vítimas terão sido os mouros despejados das amuradas...

14.1.18

Aliviado

Frequentemente, opto pelo silêncio. 
Hoje, no entanto, quero expressar o alívio que senti ao ouvir a confirmação de que Santana Lopes perdera as eleições...
O vedetismo do personagem não prometia nada de bom para o País.
De Rui Rio, espero que seja honesto e responsável - o que, afinal, espero de todos aqueles que abraçam a ação política... mas que não abusem dos abraços e da lamechice. 

12.1.18

Lembro-me de quase nada

A esta hora, ainda não saí da escola. Ocupo o tempo a eliminar ficheiros, designadamente de fotos sem valor... até que me surge a foto do lugar onde comecei a ler, a escrever e a contar... Observo-a mais uma vez e verifico que não me lembro do poço (da cisterna). Será que já lá se encontraria?
Lembro-me de quase nada ou, melhor, recrio o jogo do pião e a vontade de ter um pião que me custou uns tabefes valentes e a consequente devolução... a humilhação fatal que bem poderia antecipar o oráculo que me terá condenado definitivamente a este magistério. 
Lembro o austero professor, sem qualquer memória do perfil, apenas o gesto de chamar o aluno e de o castigar sem apelo nem agravo... e depois o regente porqueiro... e a jovem Mécia, urbana, em terra labrega que, pacientemente, me soube encaminhar para esta sala vazia, cercado de computadores   passivos e inúteis...
E claro, por perto, as azinheiras e as oliveiras de sempre...

10.1.18

Por uma questão de comodismo

Na opinião de John D. Sutter, especialista em aquecimento global,  estamos a menos de duas décadas de distância da próxima extinção em massa no planeta Terra e a primeira causada pelos seres humanos. Sem futuro

Faltam 20 anos para o fim da Terra! E eu que pensava morrer sozinho, vejo-me obrigado a morrer em companhia...
Por este andar, nada do que fazemos tem qualquer sentido. 
Por uma questão de comodismo, vou esperar que o senhor Sutter não passe de um novo Nostradamus, porque se estivesse à espera de uma alteração do comportamento humano mais valia antecipar a viagem...

9.1.18

Não gosto

"Ele, o homem. Ele, o testemunho, continuam vivos." Marcelo Rebelo de Sousa, RTP Notícias
               (Mário Soares)

Compreendo a intenção, mas não gosto da afirmação. 

Em primeiro lugar, porque devemos respeitar os mortos.
Em segundo lugar, porque a missão dos políticos é ocuparem-se dos vivos.
Finalmente, porque a valorização do passado só serve para diminuir o presente.  Até porque o argumento do exemplo nem sempre é conveniente...

8.1.18

O mundo interior

Hoje, a escrever, só se fosse sobre o mundo interior. O exterior de tão aborrecido enjoa-me, deixa-me incapaz de me aproximar da janela que permite avaliar se a ilha se vai extinguindo ou não...
Não é que a ilha me interesse excessivamente, porém sei que ela se projeta no meu horizonte, tal como imagino que, sem mundo interior, não sou senão um boneco ao lado de uma infinitude de outros bonecos, todos iguais...
Se imagino que tenho mundo interior é porque ainda sou do tempo do exame de consciência, posteriormente substituído pela autoanálise e ... pela autocrítica, embora esta já exigisse um palco em que os bonecos eram manipulados pelo bonecreiro...
Como se vê, do mundo interior nada digo, pois a esta hora, a paisagem escureceu, deixando-me a alma virada do avesso...
Desconfio até que o meu mundo interior nunca existiu ou, então, é indizível... E quanto à alma, o melhor é começar a arrepiar caminho...

7.1.18

A nova censura vive do lixo

«O princípio base do funcionamento do aparelho censório era de que todo o conteúdo dos jornais, incluindo os anúncios, títulos, fotografias, composição, paginação e os próprios boletins meteorológicos, estavam sujeitos à censura. (...) A suspensão de uma notícia podia ocorrer sempre que os serviços de censura achassem necessário consultar um superior hierárquico sobre essa matéria. As notícias provenientes das agências noticiosas estrangeiras eram submetidas à censura directamente nas agências receptoras.» Censura / Regulamento de 1936
«As Instruções Gerais da Política de Informação do Regime Fascista (1932?) proibiam todas e quaisquer referências que afectassem o prestígio dos governantes, das autoridades e entidades oficiais, referências a assuntos ligados à ordem pública, notícias de julgamentos ou deportações de presos políticos, notícias de crimes, suicídios, infanticídios, alusões aos serviços de censura... Até mesmo os anúncios de astrólogos, bruxas e videntes são proibidos. Todas as marcas da intervenção da censura, como por exemplo os espaços em branco, deveriam igualmente ser camufladas.»
Maria Inácia Rezola, DN, 24.11.1991

A leitura atenta destas regras e das instruções só serve para mostrar ( e já não é pouco!) que o tempo decorria de forma muita mais lenta durante o Estado Novo e que, para este, o controlo da comunicação social era fundamental.
Hoje, como deixou de ser possível controlar todas as redes de comunicação, a alternativa é enxameá-las de tudo o que no século passado era proibido, acrescentando novos ingredientes como a devassa das chamadas de voz,  das mensagens, dos e-mails e, sobretudo, fabricando-os como mecanismo de intoxicação.

6.1.18

Salamim - a palavra que eu ignorava

«Chega o Inverno; e hoje, que é domingo, sabes em que eu me entretenho? Em partir pinhões com uma pedra à porta de casa. Compram-se aos salamins no padeiro do lugar, um brutamontes de mangas arregaçadas e braços peludos e cheios de pasta de farinha, que nos diz: - Viva! com mau modo. No enfastiamento domingueiro, o que se pode fazer senão isto?» Cesário, entediado, escrevia a Bettencourt Rodrigues

Finalmente, a chuva de inverno vai caindo e com ela chegam as horas de enfado que vou ocupando em desarrumações e a ler excertos de jornais. 
No dia 13 de Dezembro de 1987, surgiram, no Diário de Notícias, vários artigos dedicados a Cesário Verde. Um deles intitulava-se mesmo Linda-a-Pastora: a quinta com janela para o Chiado. O título dá como assente algo que não passava de um desejo (in)confessado do escritor a contas com uma recorrente instabilidade emocional... 
A ideia de olhar a cidade a partir do campo parece-me tão válida como a contrária, mas o que, neste artigo, despertou a minha atenção não foram nem o Jacinto nem o José Fernandes queirosianos, mas, sim, o termo salamins.
Aqui está uma palavra que eu ignorava - salamim - que os dicionários definem como "direito de corretagem que se pagava em Diu". Creio, no entanto, que Cesário se está a referir ao comerciante vagamente indiano que, à época, lhe vendia as pinhas...
Se Cesário tivesse tido notícia do preço do pinhão neste Natal - 80 € / 100 gramas - talvez não se tivesse sentido tão aborrecido...
Pensando bem, neste Natal, havia salamins que vendiam o pinhão mais barato  - 60 € / 100 gramas. Só que eu não os conhecia como tal, pois o preconceito encarregou-se de os nomear de modo pouco educado.

5.1.18

Orfeu e Eurídice

"No acaso da rua o acaso da rapariga loura." Álvaro de Campos

Sem predicado, sem um ponto determinado numa rua por nomear, a rapariga loura não passa, afinal, de uma recordação da rapariga loura original, desperta do passado irreal da única rua cujo lugar de encontro se desfez...
Deste modo, ao sujeito, desfeito o encontro inicial, transmutado num outro, só lhe resta escrever versos que o tornem aos olhos dos tolos - maravilha das celebridades...

... maravilha fatal da nossa idade, perdida (irremediavelmente) da visão imediata...

4.1.18

A culpa é do açucar

A leitura literária pressupõe a capacidade de relacionar, mas como se a  memória falha?
No entanto, a consciência dessa falha traz frequentemente relações imaginadas no momento de leitura, provavelmente, inapropriadas, mas sem contraditório, pois do outro lado mora o vazio...
De tal modo que já não sei o que é pior:  se a incapacidade de relacionar por falta de leitura, se a frustração por saber que tempo houve em que a interpretação fulgurante se terá perdido porque a mente se foi degradando...
Dizem-me, agora, que o grande culpado é o açúcar. Não sei se será tarde, mas prometo que tudo farei para o eliminar da minha dieta...

3.1.18

Mais dia menos dia


«Mais dia menos dia matam-nos através de uma imagem. Abrimos um computador e morremos.» AL BERTO

Mais dia menos dia o computador resolve-nos o problema...
Só que o problema somos nós!
De nada serve voltar atrás
De nada serve esperar...

Mais dia menos dia nunca será futuro, 
porque o futuro não se mede em dias...

o futuro, um outro lugar...
talvez uma caixa de segurança com muita pirotecnia...

2.1.18

Se fosse nas nuvens...

Entre as nuvens, a lua. Se fosse nas nuvens, a abordagem já era outra...
Embora me possa considerar satélite, ainda prezo alguma independência de raciocínio, o que me leva frequentemente a tolerar certos comportamentos irrefletidos, umas vezes próprios da juventude, outras específicos do envelhecimento...
Não se trata nem de submissão nem de condescendência mas, sim, de opção, que não reflete qualquer vaidade ou soberba... com fases... 

Vistos de Cascais a "reinventar o futuro"...

Já é difícil construir o presente!
Ora o senhor Presidente quer que nós reinventemos o futuro. Nem sequer nos exorta a inventar / a imaginar o futuro...
Estes portugueses sempre lá longe e não no lugar onde deveriam agir!
Em 2018, vamos adiar o presente e colocar os olhos no Longe... e, em coro, vamos repetir "Reinventar o futuro!"
Outra ideia do senhor Presidente é que somos tantos e tão dispersos que, vistos de Cascais, passámos a ser muitos "Portugais"...