15.3.18

É uma pessoa cobarde...

«É uma pessoa cobarde porque está a lutar pelas suas ideias.» Anónimo

Reviro: Quem luta pelas suas ideias é uma pessoa cobarde.
Extrapolo: Quem luta pelas ideias dos outros é uma pessoa corajosa.
Reviro: É uma pessoa corajosa porque está a lutar pelas ideias dos outros.
Imagino: Quem não luta por ideias não é pessoa.
Afirmo: Não é pessoa quem não luta pelas suas ou pelas ideias dos outros.
Anseio: Entre ser e não ser pessoa deve haver um qualquer intervalo que permita compreender a asserção do anónimo.

Findo: as pessoas cobardes e as pessoas corajosas vão ser multadas porque não limparam os terrenos até à data de hoje, mas se forem corajosas até 31 de maio, as coimas esfumar-se-ão...

14.3.18

O tempo de Stephen Hawking (1942-2018)

Embora se insista na necessidade de rever a matriz curricular, na reformulação da metodologia de aprendizagem, não tenha encontrado uma verdadeira estratégia. Por exemplo, não vejo, no âmbito da leitura, qualquer recomendação no sentido de que Uma Breve História do Tempo possa ser um texto motivador e estruturante para as novas gerações...

Por isso, aqui, registo duas ideias  para quem queira abordar a vida, livre de preconceitos:

 a) «Uma teoria é boa quando satisfaz dois requisitos: deve descrever com precisão um grande número de observações que estão na base do modelo, que pode contar um pequeno número de elementos arbitrários, e deve elaborar predições futuras definidas sobre os resultados de observações futuras.»
b) « Qualquer teoria é sempre provisória, no sentido de não passar de uma hipótese: nunca consegue provar-se.»

Com ele aprendi que todas as respostas são provisórias e passíveis de reformulação... mesmo as que se referem a Deus.

12.3.18

Um dia, ofereceram-lhe uma cadeira...

A polémica associada ao convite do ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas a Pedro Passos Coelho para que assuma funções como professor catedrático nesta instituição assumiu hoje novos contornos com o lançamento de uma nova petição, desta vez por parte de professores e investigadores universitários. Indignidade


O Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas comemorou um século de existência em 2006. A sua génese remonta ao terceiro quartel do século XIX quando, em 1878, na recém-criada Sociedade de Geografia de Lisboa, foi aprovado um designado Projecto de uma Escola de Disciplinas relativas à Terra e à Gente e às Línguas do Ultramar Português – Curso Colonial Português. Através do ensino e da investigação científica, o objectivo era o de responder à ameaça do avanço das potências europeias em África, materializado na Conferência de Berlim de 1884-85, criando um corpo especializado de administração pública de nível superior que ocupasse os territórios colonizados por Portugal.

Não compreendo a razão de tal indignação. O homem esteve à frente do Governo de Portugal entre 2011 e 2015, eleito e reeleito... Algum mérito teria... alguma coisa deve ter aprendido com os novos colonizadores... Alguns dos mecanismos de domesticação ainda ativos são da sua autoria... alguns dos que agora o contestam votaram nele, devem-lhe favores...em último caso, não foram obrigados a emigrar...
Certamente que não querem que o homem emigre ou se auto-exile, indo ensinar lá fora como  fomos capazes de transformar Portugal numa colónia chinesa... 
Um dia, ofereceram-lhe uma cadeira e agora querem que o homem se sente no chão ... querem que ande de cavalo para burro... afinal, a 'cátedra' mais não é do que a forma erudita de cadeira´...

11.3.18

O 11 de março de 1975

Desse dia, 11 de março de 1975, ficou-me sempre a sensação de que algo regredia...
No Liceu Passos Manuel, onde começara a lecionar em janeiro desse ano, a luta entre a UEC (União dos Estudantes Comunistas) e o MRPP ( Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado ) ia acesa, impedindo o normal funcionamento das aulas - o conflito entre os estudantes destas duas organizações era claro. A palavra dos professores só era escutada se alinhada...
Uns eram perseguidos e outros seguidos, não pelo que ensinavam mas pelo que era suposto representarem ideologicamente... No entanto, ficou-me a ideia de que uns tantos professores se movimentavam bem no torvelinho...
A ação reivindicativa instalou-se nas salas de aula e nos conselhos de turma extraordinários, introduzindo um conceito de igualdade em que o número era impositivo e a cortesia aniquilada.
Convém, no entanto, esclarecer que a ideia de regressão era minha e inconfessável pois, no Liceu / Escola Secundária, reinava a mesma euforia que na Faculdade de Letras de Lisboa, em que, à época, se deitavam paredes abaixo e se acabava com a Filologia Românica, decompondo-a em Linguística e Literatura...
Apesar do avanço revolucionário conquistado em março e interrompido em novembro, ainda hoje tenho a sensação de que muito do "espírito camarada" persiste nas organizações e determina o rumo, mesmo daqueles que nasceram depois do 11 de março de 1975...

10.3.18

Uma pessoa normal ou um narcisista angustiado?

Segundo os investigadores, uma pessoa normal usa cerca de 16 mil palavras por dia, sendo que aproximadamente 1,400 são pronomes na primeira pessoa do singular, tais como "eu" ou "mim". Alguém que fala de si próprio em demasia eleva este número para quase 2 mil pronomes por dia. Narcisismo ou angústia?

Uma 'pessoa normal' utiliza 16 mil palavras por dia? Tantas? 
Este critério parece-me extremamente exigente... Resta saber se o estudo eliminou as palavras repetidas. É que se tal acontecer, então o número de 'pessoas normais' diminuirá drasticamente.... O que me deixa angustiado, pois, de verdade, não sei se sou uma pessoa normal - ignoro quantas palavras utilizo por dia, oralmente, por escrito e por emitir... Há coisas que nos recusamos a dizer ou a escrever se formos 'normais', com evidente prejuízo....
Finalmente, neste post já utilizei três pronomes pessoais e omiti seis - basta contar as formas verbais de 1ª pessoa... o que faz de  mim um narcisista angustiado... afinal, passo os dias a falar de mim, preocupado em esconder a minha anormalidade...

9.3.18

O Ano da Morte de Ricardo Reis

A peça agrada ao público jovem, sobretudo àquele que está com dificuldade em ler o romance de José Saramago. A adaptação é sóbria, à exceção da personagem de Fernando Pessoa e, sobretudo, caracteriza bem a situação política em Portugal e na Europa, no ano de 1936.
Em termos de espetáculo, e quanto à personagem sorumbática e discreta de Fernando Pessoa, compreende-se que esta tenha perdido esse pendor. O desenho deste Fernando Pessoa é, contudo, autorizado pela fina e, por vezes, sarcástica ironia do narrador...
No entanto, um leitor do romance "O Ano da Morte de Ricardo Reis" que esteja à procura de uma adaptação fiel a uma certa memória de Fernando Pessoa, pode sair do Cinearte zangado... e isso, hoje, aconteceu... E não fui eu!

8.3.18

Já só falta o garfo...

Há quem se espante, mas não sei porquê...
Quando se trata um assunto com ligeireza, uma vez, compreende-se, mas quando a superficialidade se torna regra, há que cortar o mal pela raiz...
Infelizmente, somos cada vez mais complacentes. Resignados, seguimos caminho... e ainda nos pedem um sorriso... um sorriso condicionado...
Talvez amanhã o sorriso seja natural
                                                           sem ponto nem vírgula...