Sofro, Lídia, do medo do destino.
A leve pedra que um momento ergue
As lisas rodas do meu carro, aterra
Meu coração.
Tudo quanto me ameace de mudar-me
Para melhor que seja, odeio e fujo.
Deixem-me os deuses minha vida sempre
Sem renovar
Meus dias, mas que um passe e outro passe
Ficando eu sempre quase o mesmo, indo
Para a velhice como um dia entra
No anoitecer.
Ricardo Reis
Das duas odes que Fernando Pessoa atribuiu a Ricardo Reis, prefiro esta sobre o medo do destino. Não se trata de medo, mas, nesta fase, não sinto qualquer necessidade de sobressalto, de aceleração… Prefiro que o minuto dure sessenta segundos, nem mais nem menos… E as pedras do caminho, passo bem sem elas.
Sobretudo, sofro que queiram que eu mude de máscara de acordo com as conveniências.