Leitura de OS MAIAS

 

Leitura de OS MAIAS de Eça de Queiros[1]

O mestre

            Em 1865, morre Proudhon, o "maître à penser" duma larga ala da geração de 70, que publicara em:

            1840: O que é a propriedade?

            1842: Aviso aos proprietários

            1846: A Filosofia da miséria - à qual Marx respondeu com A Miséria da filosofia

            1865: Teoria da propriedade

            Precursor do "socialismo científico"; um dos criadores da economia política socialista e da sociologia moderna; teorizador da anarquia mutualista; teorizador do sindicalismo revolucionário e do federalismo.

 

    A Questão Coimbrã (1865)

    A figura de António Feliciano de Castilho

    As Odes Modernas de Antero de Quental - Panteísmo

    Panfleto-resposta "Bom Senso e Bom Gosto" de Antero

            * ataque aos grão-mestres oficiais;

            * defesa da inovação;

            * definição da missão do escritor como sacerdócio / ofício público e religioso;

            * concepção de "poeta";

            * definição da metafísica anteriana da época - o IDEAL

 

    Panfleto de Teófilo de Braga " As Teocracias Literárias, relance sobre o estado actual da Literatura portuguesa.

 

        O edital das Conferências do Casino (16/05 de 1871)

     Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca, a questão de saber como deve regenerar-se a organização social.

            (...) Pareceu que cumpria, enquanto os povos lutam nas revoluções, e antes que nós mesmos tomemos nelas o nosso lugar, estudar serenamente a significação dessas ideias e a legitimidade desses interesses; investigar como a sociedade é, e como ela deve ser; como as Nações têm sido, e como as pode fazer hoje a liberdade; e por serem elas as formadoras do homem, estudar todas as ideias e todas as correntes do século.

            Não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo; o que todos os dias a humanidade vai trabalhando, deve também ser o assunto das nossas constantes meditações.

            (...) Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo assim nutrir-se dos elementos vitais de que vive a humanidade civilizada.

            (...) Estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa.

            Tal é o fim das Conferências democráticas.

            É particularmente importante, a Conferência de Antero Causas da decadência dos povos peninsulares.

Realismo e Naturalismo

             C'est de la révolution de 1848 que date la campagne réaliste qui est l'oeuvre de Courbet (1819-1877). Il veut peindre le vulgaire  et le moderne, et signe Courbet sans idéal et sans religion.

            Le "credo" de Courbet est bien connu:

            La peinture est un art essentiellement concret et ne peut consister que dans la représentation des choses réelles et existantes. L'imagination dans l'art consiste à savoir trouver l'expression la plus complète d'une chose existante, mais jamais a supposer ou à créer cette chose même. Le beau est dans a nature et se rencontre dans la réalité sous les formes les plus diverses.

            Lionello Ventura, Histoire de la critique d'Art

            O que os Realistas e os Naturalistas têm em comum é a crença fundamental em que a Arte é, na sua essência, uma representação mimética objectiva da realidade exterior.

             O Naturalismo é uma escola e um método, o que o realismo não é. O Naturalismo é, de certo modo, uma tentativa para aplicar à Literatura as descobertas e os métodos da ciência do séc. XIX.

            Segundo Paul Alexis, o Naturalismo seria:

            "Une méthode de penser, de voir, de réfléchir, d'étudier, d'expérimenter, un besoin d'analyser pour savoir, mais non une façon spéciale d'écrire." (v. J. Huret, 1891)

         No desenvolvimento do Naturalismo, a teoria de Darwin é o mais importante dos factores individuais de formação... assim para os Naturalistas, o Homem é um animal cujo destino é determinado pela hereditariedade, pelo efeito do seu meio-ambiente e pelas pressões do momento.

            ( Furst, Lilian et alii, O Naturalismo, Lysia, 1971

 

        4ª Conferência, de Eça de Queiroz, a 12 de Junho de 1871

            A Nova Literatura

            "Eça de Queirós versou, sob o título A Nova Literatura, o tema Realismo como nova expressão da Arte: combinando sugestões de Taine e de Proudhon, quis demonstrar o condicionamento da arte por factores permanentes (solo, clima, raça), acidentais ou históricos (ideias directrizes de cada sociedade); apontou-lhe uma missão social e moralizadora; criticou a literatura romântica por fugir à sua época; e indicou como missão histórica da nova literatura e em geral da nova arte "realista" ser a expressão da Revolução; deu como exemplos Courbet e Flaubert."

            António José Saraiva

 

         FICHA DE LEITURA de OS MAIAS

            I – Gerações

            1. A obra retrata várias gerações.

            1.1. Indica-as, bem assim como os seus protagonistas.

            2. Caracteriza a relação de Caetano da Maia com Afonso da Maia.

            II – Educação

            1. O futuro de Portugal depende do sistema educativo.

            1.1. Caracteriza a educação de:

            1.1.1. Pedro da Maia

1.1.2. Eusebiozinho

1.1.3. Carlos da Maia

1.3. Qual foi o reflexo da educação no comportamento e na acção de cada uma das referidas personagens?

              III – INTRIGA

            1. O nome de Carlos "parecia conter todo um destino de amores e façanhas"

            1.1. Situa na obra:

            1.1.1. O seu nascimento

1.1.2. A separação da mãe e da irmã

1.2.1. Refere as circunstâncias desta separação.

1.2. Enuncia os indícios da morte da irmã.

1.3. Identifica as paixões de Carlos.

1.4. Explica a sua relação preferencial pela madame Castro Gomes.

            1.5. Aponta os indícios do incesto.

1.6. Regista o momento e o instrumento da anagnórise

1.7. Quais foram as consequências da relação incestuosa?

 

    Leitura do capítulo XII de OS MAIAS

                1. Quem é que regressa simultaneamente a Lisboa?

                1.1. Em que circunstâncias tinham deixado a Capital?

                2. Como é que João da Ega explica a sua linguagem "desbragada" a Carlos?

                3. No teu entender, a razão apontada teria algum fundamento? Porquê?

                4. Segundo o Ega, o que é que caracteriza " a sociedade romanesca"?

                4.1. Haverá neste capítulo algum episódio ilustrativo dessa sociedade romanesca? Resume-o.

                4.1.1. E em capítulos anteriores? Aponta dois exemplos.

                5. Ega identifica-se com Balzac. Elabora uma pequena biografia de Balzac (cuja extensão não                 ultrapasse uma folha A4).

                6. Mostra como é que decorria a vida de Afonso da Maia.

                7. Qual é o retrato que Carlos e Ega traçam de Portugal?

                7.1. Como é que justificas a referência a Alexandre Herculano ?

                7.1.1. Elabora uma pequena biografia de Alexandre Herculano ( cuja extensão não ultrapasse                 uma folha A4).

                7.2. Qual é a reacção de Afonso da Maia à atitude de Carlos e de João da Ega?

                7.3. Quem é a personagem que melhor ilustra o estado em que Portugal se encontrava?                             Porquê?

                8. Qual é o papel do Dâmaso neste capítulo?

                8.1.Porque é que o Dâmaso é considerado uma personagem-tipo?

                9. Quem é que se encontrava no Jantar dos Gouvarinhos?       

                10. Como é que João da Ega ocupara o seu tempo em Celorico?

                10.1. O que é que ele pensava sobre as Colónias?

                10.1.1.  Sobre a escravatura?

                10.1.2. E sobre as mulheres?

                10.2. Caracteriza o pensamento de João da Ega, a partir dos argumentos por ele apresentados                 durante o Jantar.

                11. Como é que se justifica a atitude de João da Ega, à luz das preocupações da Geração de 70                 (que ele representaria)?

                12. No teu entender, o homem do final do séc. XX identifica-se ou não com os valores de João                 da Ega? (debate)

                13. O bordado de Maria Eduarda lembra a mortalha que Penélope tecia. Porquê?

                13.1. Qual é o simbolismo desse bordado?

                14. Qual o motivo apontado por Maria Eduarda para alugar uma casa longe do Chiado?

                14.1. Qual a situação geográfica dessa casa?

                14.2. Que negócio foi estabelecido entre Carlos e Craft?

                14.2.1. Qual foi a reacção de Afonso da Maia?

                14.2.2. E de Maria Eduarda?

                15. Elabora o retrato do brasileiro Castro Gomes.

                16. Que "pistas" é que este capítulo não esclarece?

                16.1. Quais as consequências desse " suspense " no desenvolvimento da intriga romanesca?

 

 

 


[1] - José Mª de Eça de Queirós nasceu a 25 de Nov. de 1845, na Póvoa de Varzim. Filho natural de José Mª de Almeida Teixeira de Queirós e de mãe incógnita. O pai era então delegado em Ponto de Lima.

O casamento dos pais só será legitimado em 3 de Set. de 1849. Eça de Queirós foi criado, pelo menos até aos 5 anos, como um pobre poveirinho, e até além dos 10 anos em casa de seus avós paternos, longe dos seus progenitores.

Sem comentários:

Enviar um comentário