Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
27.1.10
A chave do Homem…
25.1.10
Dar, ou não, a dica…
- Ontem, percorri um troço de cerca de 30 km da N2 e fiquei estupefacto com a degradação daquela estrada nacional. Será que o objectivo é obrigar os automobilistas a procurar a auto-estrada e a pagar portagens? As consequências estão à vista: a desertificação do Alentejo e o isolamento das populações que restam.
- Ontem, também, recebi um “comentário” da Xica a solicitar-me uma dica. Diz ela que leu (mas não compreendeu nada!) a peça O RENDER DOS HERÓIS, de José Cardoso Pires. Xica não estudou certamente a História do séc. XIX, designadamente, a governação do Costa Cabral, a revolta da Maria da Fonte e o movimento da Patuleia. Sem esse estudo, dificilmente, poderá compreender a ascensão e queda do populismo. E nada entenderá da pretensão de José Cardoso Pires de retratar o salazarismo dos anos 50-60 do século passado.
- «Dar a dica» dar a alguém a indicação que lhe serve para realizar o que pretende.
- Um dia destes, ninguém cruzará a Nacional 2! Um dia destes, ninguém lerá O RENDER DOS HERÓIS!
- Um dia destes, navegaremos tão céleres que os espelhos embaciarão de vez.
23.1.10
Cores líquidas na barragem de Odivelas
Na barragem de Odivelas. Longe da cidade caótica, raras são as pessoas; apenas alguns coelhos, surpreendidos, precipitam-se para os juncais.
22.1.10
As Batalhas no Deserto
O escritor José Emílio Pacheco nasceu na cidade do México em 1939 e cresceu durante a presidência de Miguel Alemán Váldes (1946-1952).
O mandato de Miguel Alemán (Valdés) ficou marcado por um forte desenvolvimento industrial, resultante da aposta na construção de estradas, caminhos de ferro, portos, escolas, bairros de renda económica, e no turismo. As mulheres puderam votar pela primeira vez nas eleições municipais. No entanto, este espírito empreendedor acabou por degenerar no enriquecimento escandaloso dos políticos que negociavam os contratos … A moeda acabou por desvalorizar provocando a ruína da classe média e dos mais pobres…
A história de amor impossível, entre o jovem imberbe e a misteriosa mãe do amigo Jim, decorre num cenário de crise moral, social e económica, resultante da ganância de uns tantos que, sob a capa do desenvolvimento do México, criam fronteiras que muram e asfixiam as classes mais numerosas… Progressivamente, uma elite apropria-se da riqueza… tal como acontece nos dias de hoje, aqui, em Portugal… A descrição da acção de Miguel Alemán não deixa de nos fazer pensar em Sócrates…
20.1.10
Do amor à pátria…
17.1.10
Os novos lugares
Os novos espaços escondem e revelam. A memória do passado fica em quem ali trabalhou, uma memória de guerra, colonial, em nome de uma pátria indivisa e sobranceira. Talvez, convenha esquecer essa pátria que colapsou nos anos 70 do século passado! A dinamite serve agora para abrir as fundações do futuro, em condomínio fechado, apesar de alguns equipamentos sociais – as famigeradas contrapartidas do negócio! Com vista para a ponte Vasco da Gama, as gruas, desajeitadas, suportam o peso dos materiais e da ambição humana, libertando os novos escravos para tarefas menos árduas ou simplesmente para o desemprego permanente, para a indigência…
Na nova pátria, os polícias continuam a autuar os condutores incautos, indiferentes aos veículos estacionados na mesma rotunda. Os outdoors convidam-nos ao aconchego evasivo da fantasia. O verde estende um breve tapete do que foram hortas vicejantes e auto-suficientes. Os candeeiros, inúteis a esta hora do dia, anseiam pela penumbra que lhes devolva a razão…
E eu, simplesmente, caminho a pensar que a professora Amélia Lopes acaba de fazer um diagnóstico arrasador do insucesso escolar em Portugal: “Mais velho, mais qualificado e maioritariamente do sexo feminino” o docente perdeu o pé… Quem precisa de experiência, de exigência, de compreensão nesta nova pátria?
De facto, o rejuvenescimento esconde o passado. E eu continuo a deambular, evitando falar de Cesário Verde, não vá ferir a epiderme dos nautas do presente.
16.1.10
Sem glória nem grandeza…
Outrora, os imperadores romanos, vitoriosos, mandavam erguer monumentos para inscrever o seu nome na História. Napoleão, imperador, em 1806, também, não resistiu a essa pequena vaidade.
Hoje, deparei com um Arco do Triunfo no Museu da Electricidade. Felizmente, é de plástico! E por perto não avistei qualquer imperador. Só pescadores de rio, ciclistas de fim-de semana e casais de meia-idade. O Sol escondera-se, envergonhado de ainda haver quem o queira ofuscar com o poliéster.