12.4.11

A Gramática é uma canção doce…


Uma leitura recomendada a todos os meninos e meninas que ainda não concluíram o 6º ano de escolaridade. Recomendo-a também a todos os professores que um dia, no âmbito da avaliação pedagógica regulamentar, ouviram: « – A senhora não sabe ensinar. Não respeita nenhuma das instruções do ministério. Nenhum rigor, nenhum espírito científico, nenhuma distinção entre o narrativo, o descritivo, o argumentativo.(…) Minha cara amiga, precisa rapidamente de uma boa actualização
E, sobretudo, recomendo este romance a todos os classificadores que têm sido enviados para o SECADOURO: «Eu compreendera: uma turma inteira de professores. Submetiam-se a um desses famosos tratamentos de cuidados pedagógicos. Pobres professores!»
Je suis né à Paris, le 22 mars 1947 (de mon vrai nom Erik Arnoult), d'une famille où l'on trouve des banquiers saumurois, des paysans luxembourgeois et une papetière cubaine. Après des études de philosophie et de sciences politiques, je choisis l'économie. De retour d'Angleterre (London School of Economics), je publie mon premier roman en même temps que je deviens docteur d'État. Je prends pour pseudonyme Orsenna, le nom de la vieille ville du Rivage des Syrtes, de Julien Gracq.

E se o FMI começasse pelos franciscanos!

O padre Vítor Melícias, ex-alto comissário para Timor-Leste e ex-presidente do Montepio Geral, declarou ao Tribunal Constitucional, como membro do Conselho Económico e Social (CES), um rendimento anual de pensões de 104 301 euros. Em 14 meses, o sacerdote, que prestou um voto de obediência à Ordem dos Franciscanos, tem uma pensão mensal de 7450 euros. O valor desta aposentação resulta, segundo disse ao CM Vítor Melícias, da "remuneração acima da média" auferida em vários cargos. (CM, 26.03.2009)

«Outrora o papel do Estado em relação à aldeia confinava-se nisto: sugá-la. (…) Ano por ano não se esquecia de lhe cobrar as duas espórtulas com que se alimentavam os poderes civil e eclesiástico, décima e côngrua. (…) O Estado além disso custeava uma escola na aldeia, por via de regra num paredeiro abominável mas fazia-o de propósito – seja-lhe levada em conta a boa intenção – de reduzir na estatística o contingente elevado de analfabetismo que nos degradava no concerto das nações comme il faut. Questão mais de decência que de necessidadeAquilino Ribeiro, ALDEIA, 1946

Será o FMI suficientemente astuto para perceber quais são os mecanismos internos de empobrecimento do país? Ou irá cair na estratégia de cortar a torto e direito, sugando ainda mais aqueles que, sem defesa ou manha, estão mais à mão do fisco?

Conselho modesto mas sincero: o FMI deveria dar toda a sua atenção aos franciscanos, às igrejas, às ongs, aos clubes de futebol, às fundações, às parcerias público-privadas, às empresas municipais, aos institutos, aos bancos, aos centros de emprego, à parque escolar…, sem esquecer todos os delegados ao congresso (e respectivas famílias) de qualquer partido com assento na Assembleia da República…

De momento, esta investigação já é mais de necessidade que de decência!

10.4.11

O finório Fernando Nobre

Depois do Fernando Nobre ter anunciado que vai ser presidente da assembleia da república na próxima legislatura, fiquei tão sem saber o que pensar que decidi reler O Romance da Raposa, de Aquilino Ribeiro.

Já estou a imaginar as Comemorações do 25 de Abril ou do Dia de Camões sob o patrocínio da dupla Cavaco Silva – Fernando Nobre.

9.4.11

Um relógio?

Carvalhal_MoinhosPena 053 Carvalhal_MoinhosPena 042
Carvalhal_MoinhosPena 036

Por esquecimento ou deliberadamente, o relógio oferece-se ao primeiro apressado que por ali passe.

Como passei sem pressa, deixei-o ficar! Talvez o dono o venha buscar… ou já não tenha mais TEMPO!

Définitivement, j’ai retrouvé le temps de mon pays!

8.4.11

Nós…

Não vale a pena fugir, partir para outro lugar. A solução está em nós: a nossa presença é suficiente para determinar o objectivo. Se traçarmos o rumo podemos levar uma vida a percorrê-lo; ter, por vezes dúvidas, mas o caminho não se desvia, continua à espera que o percorramos.

Claro está que podemos querer seguir por atalhos, encurtar o caminho, mas essa é uma decisão reactiva em que o outro já está a mais e nos surge como responsável pela nossa desorientação…

7.4.11

Todo este país é muito triste…

SEGUNDA — (…) De resto, fomos nós alguma cousa?
PRIMEIRATalvez. Eu não sei. Mas, ainda assim, sempre é belo falar do passado... As horas têm caído e nós temos guardado silêncio. Por mim, tenho estado a olhar para a chama daquela vela. Às vezes treme, outras torna-se mais amarela, outras vezes empalidece. Eu não sei por que é que isso se dá. Mas sabemos nós, minhas irmãs, por que se dá qualquer cousa?... (uma pausa)
A MESMA — Falar do passado — isso deve ser belo, porque é inútil e faz tanta pena...
SEGUNDA — Falemos, se quiserdes, de um passado que não tivéssemos tido.

(…)

SEGUNDATodo este país é muito triste... Aquele onde eu vivi outrora era menos triste.

Fernando Pessoa, O Marinheiro

São quatro donzelas, uma morta e três vivas, mas podia ser ao contrário: três mortas e uma viva; ou apenas, UMA, debruçada sobre si, num gesto plangente de rejeição do presente e de reinvenção de um passado outrora feliz…
É esse o tom de toda a obra pessoana decalcado de um país moribundo que insiste numa identidade tão longínqua que cada vez mais se esfuma na bruma…

Deste modo, sobra o gesto fingido da revelação de novas existências capazes de estimular o imaginário colectivo se este não estiver definitivamente enterrado no areal europeu…

Interpretando o sonho pessoano de tornar o outrora-agora, o grupo de teatro  da ESCamões mostrou-me, na última 2ª feira, que só a criação de novas existências pode contrariar a ideia de que Todo este país é muito triste… 
Em termos de produção dramática e ensaística, bem poderíamos tentar responder à pergunta: – Depois de Pessoa, Fomos nós alguma cousa?

6.4.11

Irreversibilidade…

O FMI VEM AÍ!

No entanto, falta cultura aos partidos para perceberem o que isso significa. E porquê? Porque descuram a experiência dos mais velhos, porque recusam o ensinamento da História. As novas gerações ignoram por inteiro os dramas vividos pelos portugueses desde, pelo menos, a independência do Brasil.

O passado tornou-se fonte de escárnio, de riso, de indiferença; acredita-se na magia dos novos gadgets  e pensa-se que a informatização dos procedimentos e a robotização das atitudes tudo redimirá…

A aceleração da modernização tem tido como consequência não só um endividamento trágico, mas, sobretudo, a delapidação de um património de valor incalculável – património físico, edificado e humano…

E o que é que nos espera? Se não houver renovação da classe política, cairemos numa depressão irreversível!

( O deslumbramento foi-nos destruindo paulatinamente; tudo em obediência à lei do menor esforço que alguns confundem com o optimismo ou,em último caso, com a felicidade! O FMI VEM AÍ!)