18.12.11

Aproveitamento de Natal

Assim mesmo, sem família nem reis nem pastores, o menino, de plástico, aproveitou a almofada lançada por cima da cerca de arame farpado, e pousou o corpinho num cantinho que o tempo é de crise. E vai recriando as luzes e as cores que, outrora, lhe povoavam os sonhos…

Quanto a mim, o mais preocupante é não saber se a sombra se alarga ou encolhe.

17.12.11




Presépios


No Parque de campismo de Almornos, o espírito natalício ainda perdura, de tal modo que o rei mago Vitor Gaspar ainda não foi expulso do presépio.
Pelo reduzido número de campistas, mais parece que estes é que foram eliminados!

15.12.11

Em tempo de metáfora…

Ainda atordoado pela «rica imagética» da insuspeita metáfora do grito de guerra socialista:«Não pagamos! Não pagamos!», desço o atalho à procura das “Quedas de Água” do Alviela, e, subitamente encontro o “Diabo”, conhecedor dos versos de Camões e provável zelador do escaqueirado moinho manuelino.

E, por instantes, pensei que deveríamos ser obrigados a pagar a dívida. De qualquer modo, já vamos no III ato socialista: a) a dívida de um país pobre é eterna; b) Sócrates é dispensado pelo ministério publico de testemunhar a favor do reitor da Independente, pois o Arouca receou que a Autoridade socrática o prejudicasse; c) um deputado juvenil ameaça os banqueiros alemães de lhes partir as pernas, metaforicamente – o zorrinho, por seu lado, descobriu no seu associado um novo Dr. Libório…

Não tenho a certeza, mas penso que terá sido Pierre Fontanier que, um dia, farto da ignorância dos seus detratores terá afirmado que «tudo é metáfora!».

13.12.11

Por entre palavras rasuradas…

La petite sirène

Ballet de John Neumeier, d’après le conte de Hans Christian Andersen. Musique : Lera Auerbach

Réalisation : Thomas Grimm
Un spectacle de la troupe du San Francisco Ballet, enregistré les 3 et 5 mai 2011 au War Memorial Opera House de San Francisco.

( Quando os olhos se levantam da escrita alheia, despertos por uma música ferida de amor, é sinal de que ainda é possível suspender a rotina.)

12.12.11

A dívida

Segundo o presidente da Câmara de Montalegre, Fernando Rodrigues, o município vai virar o ano sem dívidas e com dinheiro «em caixa» para 2012.

Feito extraordinário na atual conjuntura. Só é pena que alguém possa pensar que este município seja um dos mais pobres do país!

A não ser que a riqueza de uma autarquia (ou de um país) se meça pela capacidade de se endividar, nesse caso a satisfação de Fernando Rodrigues não passaria de um sintoma de infantilidade.

Por mim, penso que, no próximo 10 de Junho, o presidente Cavaco Silva deveria condecorar todos os presidentes de câmara cujos municípios virassem o ano sem dívidas.

10.12.11

Em Marvila, na Igreja de Santo Agostinho


Às 16 horas, na Igreja de Santo Agostinho, em Marvila, Ana Paula Russo (canto) e Carlos Gutkin (guitarra) interpretaram, com rigor e virtuosismo, canções populares e tradicionais de natal e espirituais negros. 
A talha dourava o templo; os (in)fiéis respeitosamente batiam palmas.. Só os quadros, desbotados, escondiam as cenas que, outrora, empolgavam os devotos.
O sol, a espaços, espreitava pelas janelas, mas, envergonhado, cedeu o lugar às lâmpadas estrategicamente colocadas...
Enquanto tudo decorria, eu ia meditando na inutilidade dos armazéns que se foram acumulando e empurrando a igreja de Santo Agostinho para a linha de caminho de ferro...
Provavelmente, nada do que acabo de escrever se verifica nesta malfadada Lisboa!Traído pelas sensações, invento quadros grotescos em vez de exaltar a lucidez que nos governa, apesar de Lúcifer.