14.4.12

Estranha forma de acordar

Esta madrugada a chuva era tão intensa que a minha mente, vá lá saber-se porquê, me martelava os versos de Camões: «Chove nela graça tanta / que dá graça à fermosura»

E ia pensando se aquela chuva ainda poderia  ressarcir esta terra dos danos que todos os dias lhe acrescentamos, enquanto Platão me acenava que aquele precipitado me poderia servir para explicar a importância dos seus arquétipos.

Ao levantar-me,  não posso deixar de pensar nesta estranha forma de acordar em que a teoria platónica entrou pela garganta de Camões dando forma a uma explicação nada ortodoxa e, de certa forma, anacrónica.

Mas que a chuva caía, caía! E sem tropeçar!

12.4.12

Este caminho…

Este caminho só tem um sentido! De nada serve olhar à direita e à esquerda, quando ficamos sós…

Atrás, na encruzilhada, ainda podíamos hesitar ou mesmo inverter a marcha…Agora, os rostos que nos fitam já não veem senão uma nódoa escura!

Os pés calcam a terra, mas o rasto esboroa-se, apesar da lama…

11.4.12

O fio…

O fio, independentemente da matéria constituinte, quando mal manejado, acaba por quebrar. (…)

O voluntarismo é mau conselheiro porque incapaz de distinguir o bem comum do bem particular. (…)

A dispersão mata o rumo. (…) O acaso mora numa rua por nomear.

Da navalha, enxergo a lâmina por afiar…e, sem mais, recuso dizer o que estou a pensar… pois não quero mais incomodar…

10.4.12

Rasquera votou… E agora?

La pregunta a la que tenían que responder los rasqueranos es "¿Estáis de acuerdo con el plan anticrisis aprobado por el Ayuntamiento de Rasquera en sesión plenaria del 29 de febrero?", y del resultado que se obtenga hoy no solo dependía la continuidad del proyecto, sino también la del propio gobierno municipal, que anunció que dimitiría en bloque si la consulta no obtenía el 75% de los votos favorables.

Rasquera (Tarragona), 10 abr.- El 56,3 por ciento de los participantes en el referendo celebrado hoy en Rasquera han votado a favor del plan anticrisis aprobado por el plenario municipal el pasado 29 de febrero y que incluye una plantación de cannabis, por lo que el alcalde medita si presentará su dimisión.

Irá o alcaide cumprir com o prometido?

8.4.12

Mais um dia…


Mais um dia sem ressurreição! A Páscoa já não é feliz, se alguma vez o foi, neste tempo de ruínas insepultas…
Amanhã, os jogos florais regressam: palavras vãs evocarão palavras perdidas; cores várias disfarçarão fendas insuportáveis…e as flores de maio desabrocharão avessas ao compadrio…

6.4.12

Queimada




A minha relação com o fogo é há 50 anos de ordem traumática. Hoje, finalmente, participei numa queimada catártica, apesar de haver certamente quem me possa acusar de contribuir para o empobrecimento dos solos e de prejudicar a biodiversidade.

4.4.12

O dragão

Do rosto da 1ª edição das obras completas de Gil Vicente (1562) para o rosto da Selecta Literária (1959), organizada por Júlio Martins e Jaime da Mota – Ensino Liceal /2º Ciclo / volume II / 4º e 5º anos _ o dragão, rosto do Livro dos Seres Imaginários de José Luis Borges, persegue- me…

Aos 15 anos, um aluno do ensino liceal conhecia muito mais autores portugueses que, hoje, um mestre de Bolonha! E não faltavam autores do século XX: Eugénio de Castro, Camilo Pessanha, D. João da Câmara, Augusto Gil, António Sardinha, Júlio Dantas, Teixeira de Pascoaes, Florbela Espanca, A. Lopes Vieira, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro, José Régio, Miguel Torga, Sebastião da Gama.


De qualquer modo, parece que com a passagem do tempo tudo se simplifica: Já em 1959, alguém se tinha esquecido da Esfera Armilar e da Cruz de Cristo.
Por outro lado, parece que, no século XVI,  o dragão era emblema imperial, seguindo a lição oriental e não a ocidental…

E hoje?