25.6.16

Da miséria humana

Que haja perto de três milhões de refugiados na Turquia ou que a população sénior do Reino Unido, porque não gosta que a paisagem humana se modifique, tenha votado a favor da saída da União Europeia são questões de pouca monta.
No Sul da Europa, o mais importante são as festas, a praia, a comidinha, o futebol e até a religião - as seitas proliferam com os seus escaparates móveis...
Pelo que acabo de observar, na  primeira página de um pasquim,  vinga a mesquinhez, pois, não podendo humilhar antecipadamente Cristiano Ronaldo, coloca-o numa posição dúbia...

24.6.16

Na noite do Brexit...

Na noite do Brexit, Marcelo e Costa participaram no S. João no Porto. Amanhã, não irão perder o jogo de Portugal contra a Croácia.
Só se S. Cristiano Ronaldo não nos fizer ganhar a eliminatória é que despertaremos para o afundanço financeiro e para o retrocesso económico...
Entretanto, o partido alemão já começou a acusar a "geringonça" de nos estar a colocar a jeito para o caos que se avizinha, como se Passos e companhia não tivessem fortemente contribuído para engordar o partido dos eurocéticos. 
Com esta classe política, não vamos lá! 
O melhor seria aproveitar a próxima vinda do Papa a Portugal para, pelo menos, beatificar o Cristiano Ronaldo... e deixarmo-nos definitivamente de políticas...

(Nos bastidores, está a ocorrer uma interessante mudança de diretores nos jornais. Porque será?)

23.6.16

Os exames deveriam ser realizados ao princípio da noite

Ana Allen Gomes lembra que existe, inclusivamente, investigação que sustenta a marcação de exames, a partir da adolescência, para o período da tarde, com início às 15h00. E quando assim é "adolescentes e jovens adultos têm mais oportunidades de obter uma duração de sono adequada na véspera do exame".
 
Eu acredito na ciência meridional, sobretudo, quando ela, para assegurar que os jovens tenham dormido e repousado o suficiente antes das aulas e dos exames, defende que eles devem passar as manhãs - até à hora da sesta? - na caminha... 
As madrugadas já não são o que eram! Imagine-se que os capitães de Abril, na noite de 24, tinham ido para as docas, dormido até tarde, e iniciado a marcha ao entardecer...
 
Explicaram-me, em tempos, que "o adolescente" era um produto dos liceus. A criança, em vez de entrar de súbito na vida adulta, passou a viver um intervalo de escolarização que permitiu gerar essa nova fase de maturação, que foi designada por adolescência...
Entretanto, com a extensão da escolaridade obrigatória e a criação de vários graus no ensino superior, os adolescentes passaram a ser considerados jovens adultos. Só não se sabe é quando que esta nova fase termina: aos 30, aos 40 anos?
Caso esta minha reflexão resulte de alguma ciência, a verdade é que trabalho atualmente para um ministro da educação - jovem adulto. A esta hora, já o ministro terá lido a tese da cientista Ana Allen Gomes...
Em conclusão, espero que, no próximo ano letivo, mesmo que os exames não possam ter início ao anoitecer, comecem às 15h00, em ponto...

A shadenfreude do Correio da Manhã TV...

«Il existe un joli mot allemand, Shadenfreude, la jouissance de l'infortune d'autrui. C'est ce sentiment qu'un journal doit respecter et alimenter.» Umberto Eco, Numéro Zéro, page160, Le Livre de Poche.

Cristiano Ronaldo é, apenas, o alvo de maior renome de que o grupo Correio da Manhã se serve para proporcionar prazer à custa da desgraça alheia.
Acidentes, incêndios, rixas domésticas, casos de corrupção, todos servem o mesmo objetivo: lucrar com a boçalidade do espectador e do leitor. E por isso, as " imagens" são repetidas à exaustão; as notícias são recicladas, desenterrando o lado obscuro da vida dos próprios defuntos, como acontece, por exemplo, com as alusões mais ou menos explícitas ao pai do Cristiano Ronaldo...

Perante este jornalismo, de tipo abutre, por mais que critiquem o Cristiano Ronaldo por ter atirado o microfone ao lago, eu compreendo-o perfeitamente - Quem não se sente não é filho de boa gente!

22.6.16

Não gosto de empates nem de empatas

Não é por nada, mas não gosto de empates nem de empatas. Na vida, como na bola, o empate não serve ninguém.
Por esta hora, sinto-me feliz. Vou esperar por sábado, ciente que, no jogo, o empate não é solução. Como eu gostaria que esta minha confiança fosse extensiva à vida política portuguesa. 

21.6.16

Estaremos a ficar desenvergonhados?

«...ça signifie que nous sommes en train de perdre tout sentimento de honteUmberto Eco, Numéro Zéro, page 232, Le Livre de Poche.
(Já não sei se estamos a ficar desenvergonhados ou se nunca aprendemos a ter vergonha.)
Esta minha indecisão é filha de um estado contraditório em que a educação judaico-cristã me fez respeitar certos princípios (valores?), como os do pudor, da responsabilidade e da honra. Sempre que desrespeitasse alguma destas regras, deveria sentir vergonha, confessar o pecado e arrepender-me... Por outro lado, Nietzsche e Freud alertaram-me para o peso excessivo da censura cultural e pessoal, deixando-me a balouçar entre a autocrítica permanente e um certo tipo de libertinagem, bastas vezes, antissocial.
Ouvi ou vi escrito que Armando Vara pede uma comissão de inquérito parlamentar que avalie o seu contributo para a bancarrota em que o país mergulhou. O mesmo exigem o PSD de Passos e o CDS de Cristas, embora por motivos diferentes...
Todos eles se dizem católicos; nenhum será judeu, quero crer. No entanto, comportam-se como suicidas a quem a palavra do Livro nunca terá chegado. 

20.6.16

Domani (Amanhã)

Domani é o nome de um jornal, imaginado para, sem chegar a ser publicado, dar conta do modo como o jornalismo perde, por inteiro, a independência e de como os jornalistas são  controlados por um diretor ao serviço de um "patrão", cujo único fito é eliminar todos os que lhe podem travar a ambição.
O que acabo de escrever procura interpretar o pensamento de Umberto Eco no romance Número Zero. Apesar de publicado em 1992, só agora o leio, mas vejo nele, mais do que o manual do mau jornalismo da época, uma antevisão do jornalismo da atualidade...

(Em leitura: Umberto Eco, Numéro Zéro, Le Livre de Poche)

PS. Creio que este livro deveria ser de leitura obrigatória de jornalistas, advogados, magistrados, sem esquecer algumas das vítimas da comunicação, dita, social.