30.6.19

Preocupante

Rapidez, facilidade… as portas da informação. Má ou boa, pouco interessa!
Preocupante é a confusão entre informação e conhecimento.
Preocupante porque o conhecimento nada tem a ver com a pressa e, sobretudo, porque nunca é fácil.
Ao contrário do que muitos acreditam e até desejam, ainda não chegou o tempo de destruir o património e, sobretudo, de queimar as bibliotecas e, muito menos, de eliminar as línguas… 

29.6.19

Sem notícias do azul

Já não sei se penso. Talvez, só repita.
E à força de repetir, começo a duvidar se o intelecto não é apenas uma ferramenta enferrujada… Outrora, chamavam-lhe faculdade - a mais desenvolvida entre os intelectuais.
A transformação da faculdade em ferramenta é  comummente aceite, o que me leva a pensar que o melhor é comprar uma ferramenta que me desfaça a dúvida inicial…

(Acabo de ouvir uma ideia de dieta que me apetece repetir: E se organizássemos a semana, reservando o domingo para o vermelho, e os restantes dias para o verde?)

28.6.19

Entre cotejar e cortejar

Não fosse a nobre tarefa de sublinhar desvios (erros) à norma europeia da língua portuguesa e de cotejar (cortejar?) dislates com assertivos cenários de resposta, o que seria de mim?

Entre cotejar e cortejar, a diferença parece mínima, mas, na realidade, existe um abismo. Apesar de nunca termos sido convidados para a corte, inebriados de cidadania, agimos submissos como o boi ou o bugio de Vieira…
Pobre Vieira que não chegou a imaginar que um dia a aquicultura viria ostracizar o gado de Proteu!

26.6.19

A Estela ainda não desligou

O sujeito sabe do que está falar. A Estela não quer acreditar no que está a ouvir… e eu só oiço: - Estela! Estela! Tu não me conheces, Estela… Estela, "yesterday", eu bem tentei desfazer o negócio, mas eles não quiseram saber. Estela, só tu me podes salvar, Estela…
Dez minutos mais tarde. 
O sujeito não parou de interpelar a Estela, eu é que fui tomar café… - Estela, meu amor! Qual amor? Apenas - Estela, tu é que podes desenrascar-me (pausa) -Tu não me conheces, Estela! É isso, tu não me conheces, Estela…
Já passaram quarenta minutos, e a Estela ainda não desligou… Será que ela existe?

25.6.19

O veludo da fava

Não tenho paciência para descascar favas e quando o faço é porque um súbito e raro apetite me invade - no máximo, duas vezes por ano e basta… Mesmo que as favas sejam verdes, recordo sempre a brotoeja que associo a tulhas de fava seca - uma comichão miserável invade-me o corpo, esganando-me com as minhas próprias mãos… Quem me mandou a mim entrar para onde não fora convidado!
(Lá está! Acabo de ser vítima da inevitável repetição.) 
E até na «ilha ao sul de tudo», encontro o «veludo» da fava que, por estes dias, me irrita o couro cabeludo…

24.6.19

A cacofonia

Dá vontade de desistir, mas do quê se não há propósito?
Lemos e voltamos a ler e alguma coisa destoa, mas o quê?
Talvez a coisa e, sobretudo, a palavra repetida. Há sempre uma palavra repetida, há sempre uma mosca e outra mosca. Nem com vinagre se evita a falha… 
Dá vontade de desistir, mas do quê se não há mais-valia?

Mais valia ter ido ao neurologista, mas já é tarde! E se lá tivesse ido, ele não me teria evitado a cacofonia… 

23.6.19

Entrado o Verão

Entrado o Verão, acabei por ir assistir, na Igreja de São Roque, à apresentação da PAIXÃO SEGUNDO SÃO JOÃO, de Johann Sebastian Bach, na versão da Escola Artística de Música do Conservatório Nacional.
O espetáculo foi soberbo, muito acarinhado pelo público que encheu o templo barroco, e em perfeita conformidade com o referido estilo.
Embora na performance deva destacar o coletivo, não quero deixar de mencionar a novíssima soprano Ema de Sá, que revelou segurança e confiança, o que certamente resultará da grande capacidade de trabalho - não só do engenho, mas, sobretudo, da arte, como diria o Poeta.
(…)
Felizmente, hoje chove!