4.2.11

Penélope morreu de tédio?

(No dia 31 de Janeiro de 2011, Teatro Nacional D. Maria II)
Só um herdeiro português poderia pensar que Penélope pudesse morrer de tédio! Tecer projectos megalómanos, comer e beber,  cortejar são as únicas acções que valem um esforço.
A espera de Penélope mais não é do que a rejeição do tédio que resultaria da substituição do amado Ulisses por qualquer outro pretendente ambicioso…
Em GLÓRIA de Cláudia Lucas Chéu, o caminho é o do ensimesmamento de Telémaco (PATHOS), a braços com um sentimento espúrio que lhe atira o discurso para a revolta contra um pai ausente que descura a mãe e a pátria (…) Os jogos de linguagem, o mimetismo e o calão tornam-se nucleares no texto dramático…, levando à assunção de um discurso frequentemente grotesco, porém salvo pela recriação de AlBANO JERÓNIMO.

2.2.11

O formigueiro…

 

Sempre que o boato (ou o mujimbo) avançar tímido, não acredite nessa morosidade…

Sempre que o Governo pede um empréstimo, a dívida aumenta exponencialmente… Sempre que um político faz uma promessa, o receio começa por crescer lentamente, para depois se transformar numa enorme desilusão.

Nas revoluções, assiste-se sempre a um crescimento exponencial dos revoltados e dos manifestantes. De acordo com esta lei, uma formiga pode tornar-se num formigueiro.Curiosamente, os governantes têm dificuldade em compreender este mecanismo. Mas, hoje, basta uma sms para incendiar a rua e o palácio.

31.1.11

Moinhos da Pena…




Apeteceu-me ficar mó agora flor.
Nem chuva nem brisa apenas rumor… 
PENA ou penha tanto faz!
Só o degrau me satisfaz…

Se passar…

30.1.11

Canalhocracia em evidência...

Li algures que, na época da Regeneração (1851-1865), o poder foi de tal modo disputado e concertado que a riqueza nacional caiu nas mãos da canalha que governava. De facto, nos dias que correm tudo parece correr do mesmo modo: Passos não tem pressa; Cavaco detesta a bomba atómica; Sócrates afasta, como pode, o FMI. Porque será?
Porque a entrada do FMI em Portugal acabaria por destapar o saque a que a canalha submeteu o país e a Europa, em nome da democracia.

29.1.11

À beira d'água

Uma encenação à beira d’água. Com ou sem mágoa? No horizonte da ponte, não há capitão nem caravela… Submersos os peixes, invisíveis as gaivotas, o canavial descobre a árvore acabada de compor enquanto o encenador se desloca como se a personagem tivesse abandonado o palco… Sobra o artefacto que suporta a câmara possível e a cor térrea…

/MCG

27.1.11

Conversa (in)acabada…

Quando os tambores rufavam e a ditadura democrática se apoderava das sobras do Império, Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro conversavam sobre a asfixia doméstica e nacional, procurando fora e dentro da pátria uma alma nova, cientes de que só o imaginário os poderia libertar da pequenez. E é nessa encenação criadora que ambos se concentram, sacrificando a vida ao IDEAL estético.

A conversa transformou o quotidiano e o medíocre em matéria de arte, invertendo o processo épico que nos fizera subir ao Olimpo  e acreditar pateticamente numa grandeza ícara…

Não surpreende que a derrocada trazida por Abril tenha criado as condições para que João Botelho ousasse, em finais da década de 70, encenar orpheu. Coadjuvado por alguns dos filhos de Maio de 68, João Botelho procedeu a um notável trabalho de reconstituição da rara excelência criativa que poderia esconder a desgraça que desabara sobre a orgulhosa pátria e sobre os frágeis ramos que dela se libertavam.

Na ESCamões, os alunos puderam ver hoje, com apresentação de João Botelho e de Fernando Cabral Martins, CONVERSA ACABADA que, para além da tentação de emulação, os poderá  levar a repensar o seu próprio tempo…

De parabéns estão, assim, o núcleo de Cinema da Escola, o ABC Cineclube e os professores Cristina Duarte, Jorge Saraiva e José Esteves.

25.1.11

Meia evidência…

O 12º M (Curso Tecnológico de Desporto) também participou, no dia 24 de Janeiro, no MEDIA LAB do DN e fê-lo de forma responsável. A maior dificuldade, como já sabia, esteve no desempenho linguístico e comunicacional. Pena é que a simples opção por um curso tecnológico desvalorize o papel da leitura e da escrita. No entanto, a proposta do DN mostra que o caminho a seguir não está assim tão distante como por vezes parece. Basta uma diferente formação dos professores e, sobretudo, uma efectiva utilização das ferramentas disponibilizadas pelas Novas Tecnologias da Informação.

Ora o Ministério da Educação  devia  criar um novo modelo de formação de professores que combine, de raiz, as didácticas específicas com as TIC e, sobretudo, devia equipar as escolas com os meios necessários ao aperfeiçoamento das metodologias de ensino, em vez de gastar vastos recursos financeiros em pacotes de 60 horas, distribuídas por quatro anos, como acontece com a anunciada formação de professores classificadores ou  na formação QUIM no ensino da Língua Portuguesa.