8.9.18

O que dizer?

Pouco há a dizer. Terra ardida, terra esquecida ou rapidamente coberta por novos eucaliptos…
Em termos de negócio, compreendo a opção. Só não entendo é porque não são criadas zonas interditas, por exemplo, de um dos lados das vias rodoviárias - bastariam 500 metros limpos de qualquer vegetação para criar zonas de interrupção do fogo e de proteção de pessoas, casas, estradas…
A sensação com que fico é que os nossos governantes deveriam ser obrigados a viajar, por exemplo, na N2, uma ou duas vezes por ano, como propunha Almeida Garrett ao defender a lei da responsabilidade política.
E já agora os senhores da ALTICE deveriam acompanhá-los para perceberem que a oferta da empresa é extremamente deficiente em tempo normal. O que dizer em tempo de fogos?

7.9.18

Olhos cegos

Se eu me chamasse Julio Cortázar, sonharia que era albufeira… e até árabe. Até, talvez, fosse a lagartixa que se esconde no mato ou o gafanhoto que esvoaça sobre o arbusto - nenhum deles parece interessado em entabular conversa…
Este tipo de metamorfose só é verosímil no pretenso sonho de um argentino a viver numa metrópole europeia, Paris, de preferência…
Na albufeira há, no entanto, vida para além do sonho - uma vida audível, embora não visível mesmo tendo descido até à margem.
Se esta noite eu descer às escuras, talvez o sonho se desfaça...

6.9.18

Para aqui chegar

Albufeira, em Matagosa
Para aqui chegar foi preciso atravessar um extenso território repleto de jovens eucaliptos.
Daqui a três anos, não haverá casas queimadas, apenas os incautos que circulem na N2. 
Alerto desde já que a Altice não cobre devidamente esta zona do concelho de Vila de Rei.

5.9.18

Não vale tudo!

Da ferrovia, passando pela floresta, pela banca e pelo futebol, à saúde e à educação, não vale tudo.
Assistimos permanentemente à destruição de instituições e de serviços, e já nos habituámos a aceitar o seu desmoronamento, sem punir de forma célere e exemplar aqueles que se alcandoram a lugares para que não têm a mínima preparação.
Um exemplo: o aluguer de comboios a Espanha custará no próximo ano 10 milhões de euros - o custo de uma unidade…
Em Portugal, aluga-se quase tudo e produz-se muito pouco…. O lucro não é para quem trabalha nem para quem investe. É para quem intermedeia. Porque será?
Não vale tudo, até porque já vendemos a alma...

4.9.18

O passe social nacional

Por pouco que seja...
Em nome da solidariedade, transformar o orçamento de estado num poço sem fundo é um logro. A ideia de que água é inesgotável não tem fundamento, nem roubando-a ao vizinho…
Parece que está a chegar o passe social nacional! 
Num país em que não há dinheiro para comprar um comboio, para aliviar o imposto sobre os combustíveis, para baixar o custo das portagens, para reparar as estradas, ainda há quem  nos queira convencer que, baixando artificialmente o custo do transporte coletivo, seremos todos mais felizes e que até o ambiente sairá beneficiado… (Isto revela um pensamento político miserabilista e, sobretudo, estéril.)
Não há pachorra! Basta viajar nos transportes coletivos para perceber que não passam de geringonça terceiro-mundista.
Neste clima de café em chávena fria sem princípio nem fim - o poço sem fundo - preparemo-nos para assistir ao crescimento da extrema-direita…

A extrema-direita ganha força por toda a Europa e Portugal é comummente referido como exceção. No entanto, a verdade é que está a reorganizar-se em Portugal, reciclando o seu discurso e formando novas organizações. As atividades têm-se multiplicado nos últimos tempos, seja nas redes sociais ou nas ruas do país, ainda que pontuais e marginais. Em termos eleitorais, este espetro político continua residual - e o primeiro teste poderão ser as legislativas de 2019. De quem é a responsabilidade?

O fim do regime está à porta!

2.9.18

O poço

O poço
O meu país é um poço. Tem alguma água e já teve mais… Hoje em dia vive da ribeira, o que significa que está à mercê do clima e, como se sabe, o clima está à mercê da ganância humana…
Já lá vai o tempo em que este poço alimentava a horta de quem não sabia o que era um supermercado…
Depois o meu país trocou a horta pelo supermercado e a ribeira pelo financiamento externo… Desde essa data, o poço ficou à mercê das silvas e como é visível, os silvas são implacáveis, mas não gostam que lhes lembrem que vivem de subsídios… até que um dia acabarão por morrer de sede…

1.9.18

Uma Esquerda subsidiodependente

Durante muito tempo sonhei com uma sociedade mais justa e pensei que a Esquerda poderia ter um papel importante na realização desse objetivo… uma sociedade mais culta regida por valores humanistas…
Por razões que a História explica, Portugal teve, a partir de 1974, a oportunidade de criar as bases dessa nova sociedade. Mas desaproveitou-a. 
A Esquerda nunca soube promover o desenvolvimento da produção interna - preferiu importar ideias e bens e... assegurar  a sua base eleitoral, recorrendo a uma absurda política de subsídios…
A Esquerda quer subsidiar tudo, aproveitando os fundos europeus, os empréstimos internacionais e tomando de assalto os contribuintes…
Esta Esquerda começa a não ser muito diferente daquela que governa a Venezuela… Agora a Esquerda quer um passe único para a zona metropolitana de Lisboa. E quem vai apagar?

(Da Direita nunca esperei nada, confesso.)

No país dos subsídios, ganha-se cada vez menos. 
Talvez um destes dias, alguém venha a concluir que melhor seria remunerar devidamente o trabalho e, assim, acabar com a subsidiodependência. 
O problema é que não vejo ninguém nem à Direita nem à Esquerda.
Infelizmente, a Esquerda, passados tantos depois da revolução de 1974, continua a produzir pobreza...