14.3.14

Procuro a palavra...

Procuro a palavra que melhor dê conta do meu estado.
Gero uma lista em que não faltam cansaço, frustração, desilusão, humilhação, roubo, engano... mas nenhuma delas exprime a totalidade do meu estado... Basta-me dar dois passos e, de imediato, sinto o peso do corpo. Um peso insuportável, asfixiante! 
Se paro, logo uma nuvem negra rompe sobre o lado esquerdo e fica a pairar, ameaçadora... Poder-se-ia pensar que o repouso seria capaz de afastar o agouro, mas não. De todas as palavras enunciadas, há as que são externas - frustraçãodesilusãohumilhaçãorouboengano. Todos conhecemos os agentes e a impunidade em que vivem. Todos sabemos os nomes dos que nos oprimem!
Há, todavia, uma palavra que é visceral - o cansaço - e que, no meu caso, se manifesta em peso, nuvem fechada...

(Por um instante, penso que, também, eu parti no avião malaio e que o meu peso foi suficiente para o abismar.) 

13.3.14

O Presidente veta, o Governo ignora o veto

O Governo manteve a taxa de descontos dos funcionários públicos, pensionistas, militares e polícias nos 3,5%, apesar do veto de Cavaco Silva. Perante as dúvidas do Presidente da República, o Executivo decidiu enviar o diploma para o Parlamento. Económico, 13.03.2014

O Presidente despede os consultores e torna-se o bobo da festa. No dia seguinte, para salvar a face, o Presidente veta o aumento de 1% para a ADSE. Entretanto, o Governo ignora-o.

Uma história de proveito e exemplo: Mau exemplo e muito proveito! Uma história de compromisso e de chantagem!
Se assim não fosse, o Governo não se atreveria a desrespeitar o Presidente... 

12.3.14

O melro na sala de professores

Ainda pensei que fosse um corvo! Mas não, era um melro que, percorrida a galeria, entrou inconscientemente na sala à procura de migalhas.

Convencido de que ninguém o iria perturbar, percorreu o espaço e voltou a sair… e eu fui ficando a pensar em todos os que, conscientemente, transgridem os limites…

11.3.14

No limite

Se não se quer chegar ao limite há que ser rigoroso nas opções, mas nem sempre é fácil, pois os sinais podem ser mal interpretados ou mesmos descartados. E tal acontece quando o perito se limita a analisar o seu território, deixando à sorte a determinação de considerar o que fica de fora do campo de atuação do especialista.
Perante um motor afinado, o perito declarará que se aquele não funcionar bem, a responsabilidade será das válvulas ou da qualidade do combustível e, entretanto, segue o seu caminho...

Hoje, ao subir a Duque de Loulé, compreendi que o melhor é desconfiar dos peritos, pois a lentidão do motor mostrou-me que as palavras sábias que acabara de ouvir não tinham qualquer pertinência. A subida revelava-se necessária e dolorosa e só eu sabia porquê, só eu sei que opções terei que fazer...até porque a lentidão também se faz sentir em plano inclinado...

Indiferentes às minhas sensações e às minhas cogitações, centenas de convidados e de mirones esperavam pela inauguração das novas instalações da Polícia Judiciária que, oficialmente, custaram 87 milhões de euros!
Num esforço derradeiro, acelerei e, mais uma vez, entrei no velhinho e esquecido Liceu Camões...

10.3.14

Uma geração que se vai perdendo…


(Ontem, no Museu do Teatro e no Jardim do Museu do Traje; hoje, na Biblioteca da ES Camões.)
No âmbito da Semana das Profissões, um dos oradores (investigador no IST) esclarece que, na cidade de Lisboa, a água utilizada tem, na quase totalidade, origem na Barragem de Castelo de Bode, ignorando as águas subterrâneas, à exceção de dois ou três lugares, em que elas são aproveitadas para regar o parque florestal como acontece nos jardins dos Museus do Traje e do Teatro.
A  cidade de Lisboa, tal como outros lugares, desperdiça as águas subterrâneas e onera os munícipes que são obrigados a pagar muito mais caro pela água à EPAL.
O problema está na atitude dos decisores, mas esta forma-se na família e na escola. Basta ver o comportamento de muitos dos jovens que, hoje, na Biblioteca,  passaram o tempo a brincar uns com os outros ou a dormitar ou fazendo tábua rasa da experiência dos oradores pois que, no seu juvenil entendimento, o que era dito não passava de história acabada, o mundo mudara, e o que eles queriam saber era quais são os cursos que dão emprego e dinheiro… e já agora quais são os países que concedem bolsas…
Quanto ao esforço, quanto ao trabalho… Uma geração que se vai perdendo antes de tempo!

9.3.14

O Museu do Teatro e o escolástico protótipo conversacional…

Ainda pensei em fotografar o cadeirão em que Garrett se sentava no Conservatório Real, mas mudei de ideias ao encontrar os bonifrates de António José da Silva… (8.05.1705 – 19.10.1739)
«Havia multidão em S. Domingos, archotes, fumo negro, fogueiras. Abriu caminho, chegou-se às filas da frente, Quem são, perguntou a uma mulher que levava uma criança ao colo, De três sei eu, aquele além e aquela são pai e filha que vieram por culpas de judaísmo, e o outro, o da ponta, é um que fazia comédias de bonifrates e se chamava António José da Silva…» José Saramago, Memorial do Convento

D. João V reinou de 9.12.1706 a 31.07de 1750

Comentário: O aluno do 12º ano tem de dar prova do seu conhecimento dos diversos protótipos textuais. Quanto à história da injustiça, que  importa? O melhor seria passar pelo Museu do Teatro e deixar-se de formalismos... Pode fazê-lo, sem custos, ao domingo, das 10 às 14 horas.

8.3.14

Ir jantar fora

Há quem vá jantar fora
e quem não tenha dinheiro para jantar!
Eu, dizem-me, fui convidado para ir jantar fora,
mas estou proibido de jantar fora e dentro!
Só uma sopinha e, talvez, um chá de ervas...

Na verdade, preferia não ir jantar fora
que fosse quem não tem dinheiro para jantar...

Assim como está, é uma maçada jantar fora!

O ideal era ir mas sem jantar...
(Poderia  até sentar-me à mesa!)