23.7.17

Não sei o que se passa

Não sei o que se passa,
não tenho nada a acrescentar.
Só me apetece recuar,
mas vivo num círculo.

Cada um de per si,
e eu sem mim.
Perguntaram-me "quem cuida de ti"?
(Estranha pergunta!)

Não sei porquê,
lembro-me agora do José Gomes Ferreira à porta do Tivoli,
uma nota de vinte escudos, presa no forro do casaco...
O Poeta desprendera-se do quotidiano,
alguém continuava a cuidar dele,
não fosse o guarda prendê-lo pelo motivo errado...
E o Zé desatava a subir a Avenida até que ela morresse no Monte Carlo...

Não sei o que se passa,
já estou a confundir o Militante com o Abelaira.

- O que é feito deles?
Saíram do círculo, e não regressaram...

22.7.17

Uma cidade provinciana



Lisboa lembra-me a aldeia, onde ricos e pobres se vão arrumando, alheios ao conjunto. 

Até o Palácio da Ajuda parece ter caído num descampado que, aos poucos, foi sendo ocupado ao gosto de migrantes de reduzidos haveres.


Nem a escola republicana os consegue juntar, apesar do esforço dos petizes...



21.7.17

ALTICE rima com ALDRABICE!


Deve ser verdade, o problema, no entanto, é que os aldrabões são muitos e chegaram muito antes do abutre...

Esta tarde, cruzei-me duas vezes com a manifestação da "PT" e fiquei impressionado com a quantidade de "trabalhadores".
Dúvida metódica: Será que não havia por ali alguns infiltrados? 




Como cliente, fiquei a pensar por que motivo o serviço prestado é tão demorado e manhoso... Mas compreendi porque é tão caro...

20.7.17

Pouco discreto

Lembro-me de uma cerca feita de pedra, arrancada sabe-se lá onde, embora  haja sempre quem saiba, uma cerca que cumpria zelosamente a sua função - impedir que o olhar dos vizinhos se atrevesse a identificar o que era guardado no interior do quintal...
Por um instante, sinto-me tal o puto traquina que, assim como quem não pensa nisso, se encavalitava no muro para avaliar se valia a pena correr riscos...
Também eu, por um instante, me vi, hoje, a saltar a cerca, tentando avaliar como decorrera o exame de Português, mas logo a vizinha, sem palavra dizer, me cerceou o ímpeto...
Esta memória, como bem se entende, não tem qualquer propósito, a não ser o de me interrogar se não me terei esquecido, em tempo devido, de explicar o que  é um valor, lembrado ainda daquele outro vizinho ainda jovem que um dia insistiu que a cobardia (dos alcaides medievos) era um valor, porque devidamente recompensado pelo usurpador...

19.7.17

Ser discreto

É difícil ser discreto nas palavras e nas ações, mas, quando a idade avança, uma boa dose de temperança pode ser muito útil...
Em vez de falar, o melhor é escrever, pois, assim, a pessoa ainda pode suspender a voz e o gesto. 
O melhor é cumprir a regra beneditina ORA et LABORA.

18.7.17

O candidato a novo inquisidor

«O alvará de 13 de março de 1526, do tempo de D, João III, recusando a entrada e determinando a expulsão dos ciganos que se encontrem  em território português, é o diploma legislativo mais antigo que se conhece em Portugal relativo à presença dos ciganos.» Eduardo Maia Costa (1995)

A etnia cigana, quer em Loures quer no resto do país, tem de interiorizar o manual do Estado de direito. E o Estado de direito não pode ter medo deles, independentemente das consequências”, disse também o candidato, acrescentando que os visados “vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado".

Se André Ventura ganhasse as eleições autárquicas em Loures, o melhor que os ciganos teriam a fazer era inscreverem-se no curso de Direito.
                      *Doutorado em Direito Público e co-autor de um livro com a "taróloga" Maya.

17.7.17

Parlatório

"O país perde com a sua saída"...
"A sua morte é uma grande perda..."

Oiço. Torno a ouvir.
Nem sequer se trata de uma emoção espontânea.
Uma emoção calculada. Um protesto fingido. 
Faz-se luto no calendário ( há quem o faça no consultório.)... até que a perda se torna ganho.
Vantagem sem exclamação. Capciosa. 
Aborreço-me.