7.5.18

Preferimos a 'vidinha'...

Para além do que vemos, que me abstenho de descrever para vos evitar a maçada, há sempre a possibilidade de criar uma história. De imaginar alguém que queira ir mais além, de situar, de preferência, essa enigmática personagem no tempo e no espaço, atribuindo-lhe um sonho, uma ambição, um interesse, uma inutilidade...
Mas como fazê-lo sem memória?
Por estes dias, venho insistindo nesse imenso reservatório de acontecimentos, de sentimentos, de sensações, de leituras não, apenas, como constituinte de identidade pessoal e coletiva mas, sobretudo, como alavanca essencial à resolução de problemas... 
Venho insistindo na articulação dessas memórias como a lava vulcânica essencial à criação de novas oportunidades, mesmo que, inicialmente, o vulcão se revele ameaçador...
A insistência é, no entanto, inútil, porque preferimos a 'vidinha', preferimos ficar à porta a fingir que a abelha é uma ameaça intransponível...

6.5.18

Ainda pensei numa corrida de obstáculos

Procurava seguir o voo das aves para os lados do Samouco, quando dei de caras com uma instalação abandonada.
Ainda pensei numa corrida de obstáculos, mas a ideia era absurda. Se se tratasse de um campo de treino militar, a disposição das estruturas daria cabo dos recrutas.
Só quando avancei na direção das salinas, compreendi que, afinal, a explicação seria simples - tratar-se-ia de uma estrutura utilizada na secagem de bacalhau - abandonada...
Por associação de ideias, veio-me à memória o esquecido Henrique Tenreiro, dirigente da Junta Central das Casas de Pescadores... o que me empurrou para uma pequena pesquisa sobre a importante personagem do Estado Novo. Aqui registo uma hiperligação que me parece conter uma análise imparcial, pois o fio da história é frequentemente tortuoso: Henrique Tenreiro



5.5.18

Espreitas

Se estamos fartos deles, para que é que continuamos a dar-lhes atenção?
Estando a contas com a justiça, o melhor seria deixá-los em silêncio até que Ela se pronuncie...

Espreitamos cada detalhe, minimizamos ou ampliamos cada movimento. O sentimento de indignação cresce, absurdo.
Entretanto, quem é que ganha com esta morbidez em que vivemos?
A resposta é simples: os donos dos meios de comunicação.
Em nome da transparência, o melhor seria começar por esclarecer quem são os donos...

4.5.18

A poeira socrática

A ilusão.
A megalomania.
A pegada socrática.
(Agora, a vergonha! A destempo...)
Tanto tempo para sacudir a poeira socrática!
Tanto tempo!
Até Pirro teria deixado as sandálias na areia...

3.5.18

A Sísifo...

«Un visage qui peine si près des pierres est déjà pierre lui-même!» Albert Camus, Le mythe de Sisyphe

Pior do que ser pedra é ter que voltar a subir a montanha, embora sem pressa, pois o castigo é eterno. A Sísifo resta gerir a subida e a descida, indiferente ao olhar de Zeus...
A Sísifo resta gerir a eternidade, pesaroso ou prazenteiro, conforme o sentido de humor de cada momento... ciente de que foi a liberdade que o condenou...
Entretanto, um amigo contempla o raro equilíbrio das pedras; outro amigo espera que a festa comece para que o seu número se cumpra - ambos de passagem, felizmente... O último talvez preferisse "dizer" a septilha de Miguel Torga:
Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances 
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

Que os Poetas me perdoem, pois do fruto concedido, prefiro metade para a subida e outra metade para a descida.

2.5.18

É uma questão de tempo!

«O mundo é um lugar confuso, contendo coisas agradáveis e desagradáveis, em desordenada sequência. O desejo de criar um sistema claro ou regras que o governem é no fundo uma consequência do medo, uma espécie de agorafobia, o temor de espaços vazios.» Bertrand Russell, A Conquista da Felicidade.

Já nem as quatro paredes garantem o sossego de quem aspira a que o respeitem ou que lhe reconheçam algum saber. 
Lá dentro, os estados de alma são de constrangimento, de um sentimento tácito de clausura, em que raramente alguém é capaz de verbalizar que só  ali está porque o obrigam - a interação forçada, a escuta gorada... O mestre já não compreende por que motivo deixou de o ser...
Apetece disciplinar aquelas almas, mas como se estas se ausentaram ou nunca chegaram a ocupar os corpos que a tradição lhes reservara...
A alternativa, por um instante atrativa, esfuma-se ao pensar que, tal como os cavalos se viram substituídos pelas máquinas, também os corpos, por ora presos entre quatro paredes, acabarão substituídos por robots mais colaborativos e disciplinados...
De nada serve ter medo!

1.5.18

Avençado? não acredito!

Como se sabe, entre 'pinho' e 'caruma' há uma relação inquebrantável e, neste caso, há também uma coincidência no nome próprio 'manuel', o que me provoca uma certa revolta, quando vejo que as vozes se vão encarniçando contra um ministro tão dado ao fandango... Em 2009, a minha zanga era mais com o patrão do que com o empregado:Um par de... 
Hoje, continuo cético, pois não acredito que tenha havido um ministro avençado. O mais provável é que o BES, por algum servicinho prestado, tenha decido remunerar o manuel pinho a prestações. Afinal, o BES não nadava em dinheiro...
Eu ainda hoje continuo a pagar prestações ao Novo Banco pelo empréstimo que me concedeu para que pudesse adquirir casa. E faço-o sempre na data estabelecida. Imagine-se o que teria acontecido se eu tivesse chegado a ministro!?