15.7.18

A extensão

A extensão tem sido descurada, mas só ela nos permite iludir o tempo.
Sem ela, não passamos de almas penadas a lastimar o tempo decorrido…
O melhor é sairmos de nós próprios e deixarmos que os pés nos levem e os olhos se deixem cativar…

14.7.18

A questão geracional

Jacinto Lucas Pires, a propósito da publicação da peça de teatro "Universos e Frigoríficos", em entrevista a Maria Teresa Horta (DN, 27.12.1997), caracteriza a (sua) geração dos anos 90 do seguinte modo: Somos uma geração que cresceu a ver televisão, que leu menos livros e outros livros do que os nossos pais, leu mais banda desenhada, viu outros filmes. Tudo isto tem de trazer formas novas para as formas já existentes.

É possível que Jacinto Lucas Pires tenha razão quanto ao retrato que faz da sua geração. A memória diz-me que sim: os jovens viam muita televisão, liam menos, revelavam fastio ao ler os clássicos, preferindo leituras menos incomodativas, iam ao cinema, assunto totalmente ignorado nas salas de aula.
Quanto à recriação das formas já existentes, não parece que tenha havido uma verdadeira revolução, sobretudo se considerarmos o "cânone" estabelecido pelo Ministério da Educação.
Ao olhar para esta última geração, parece que, em muitos casos, estamos a assistir à travessia do deserto - nem televisão, nem cinema, nem banda desenhada… leitura só a dos títulos oferecidos pela Internet… e muitas imagens de SI, muitos gracejos apatetados, muita torpeza…

Mais uma razão para «persistir como Sísifo».

13.7.18

Sísifo

Il n'est pas de punition plus terrible que le travail inutile et sans espoir. Albert Camus
(Não há castigo mais horroroso do que o trabalho inútil e sem esperança.)

Não tenho mais nada a acrescentar, a não ser persistir como Sísifo.

12.7.18

Não pode ser!

Estou mesmo cansado porque o esforço de mais um ano foi defraudado. Já o sabia, e o resultado dos exames comprova-o… E como diria o Cesário Verde, estou com "as tonturas de uma apoplexia", pois há quem queira ganhar na secretaria depois de ter abandonado o terreno… com a minha ajuda…

11.7.18

Ad kalendas graecas soluturos

Governo e professores vão analisar custos da recuperação do tempo de serviço congelado…
Fantástico! O que é que andaram a fazer até hoje?
Bem me parecia que, para já, iam todos de férias… Em setembro, os contabilistas começam a trabalhar para o OGE de 2020... Ou será que já ninguém sabe fazer contas?

(Aldrabice!)

Dia D?

Professores e governo têm hoje o ‘Dia D’
"D"?
Em português (em francês), o que me vem de imediato à mente, é 'derrota', 'desastre'... Ainda se fosse Dia "V"...
O meu ceticismo não é saudável, mas não acredito nestes jogos de verão - construções na areia para ocupar o tempo…
De qualquer modo, estou com os ingénuos que acreditam na mudança. Só não entendo, como é que é possível chegar-se lá, se os protagonistas continuam a ser os mesmos de sempre...

10.7.18

E este Tempo já não é o meu...

Doze menores, um adulto e quatro mergulhadores. A operação na gruta Tham Luang, em Chiang Rai, na Tailândia, chegou ao fim com toda a gente a salvo. Num dia que é de vitória, lamenta-se porém a morte de Saman Guman, ex-membro da marinha tailandesa, que faleceu no passado dia 6 de julho, depois de levar uma reserva de ar às crianças.
Bem sei que o que vou escrevendo não passa de um acerto de contas com o Tempo e, como tal, intransmissível e, por vezes, incompreensível, mas não posso deixar de expressar a minha satisfação pela mobilização internacional na evacuação do grupo de jovens tailandeses, tal como saúdo a coragem de Cristiano Ronaldo ao transferir-se para o futebol italiano, ou o apuramento da França para a final do Mundial de futebol…
Quando quer, o homem mobiliza-se, aplaude, reconhece a competência do Outro… só que o mesmo homem esquece  as dezenas de milhar de crianças migrantes que se afogam ou vivem em miseráveis campos de acolhimento ou, simplesmente, são objeto do apetite sexual de inúmeros predadores…
E este Tempo já não é o meu - da emoção ou da resignação - mas o daqueles aquém o Tempo falha em definitivo...