24.1.16

Temos um novo Presidente da República

Temos um novo Presidente da República - Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, nascido a 12 de Dezembro de 1948...

Esperemos que Marcelo Rebelo de Sousa saiba ser presidente de todos os portugueses, fazendo esquecer aqueles que, em nome do interesse dito nacional, contribuíram para o empobrecimento do país, hipotecando-lhe a soberania.

Apesar de tudo o que escrevi sobre o comentador, desejo que doravante o presidente saiba interpretar a lei, não como um solitário exegeta, mas como um homem permanentemente atento à realidade, sem transigir com todos aqueles que, em nome de interesses pessoais e corporativos, vão delapidando o património territorial, cultural e humano. 

Parece que a austeridade mora noutro lugar


Por onde circulo, os cafés estão cheios de um tempo ocioso.

A maioria dos clientes terá deixado de trabalhar há muito ou, talvez, nunca tenha trabalhado...
Não sei se já votaram ou se o tencionam fazer, mas o seu ar despreocupado preocupa-me...

Quando olho os cafés, e me dizem que vivemos em austeridade, fico sempre um pouco confuso: parece que a pobreza mora noutro lugar ou, então, não passa de uma fantasia... 

Dizem-me, entretanto, que os clientes dos cafés são estrangeiros, porém, quando apuro o ouvido, o argumento morre na chávena do meu café... 
Mais logo se verá!


23.1.16

Ao atravessar a Quinta das Conchas

Esta árvore parece ter uma vida difícil, porém não desiste. Ao atravessar a Quinta das Conchas, dei de caras com a sinuosidade torturada dos seus gestos e, primeiramente, pensei que o seu estado seria fácil de explicar: a secura do solo.

No entanto, ao olhar à sua volta, verifiquei que por perto se erguia um majestoso e frondoso eucalipto, o que desmentia de imediato que a água andasse arredia de tal lugar...
Afinal, o que falta a uma árvore sobra a outra. Injustiça, talvez!
A Natureza nem sempre favorece a equidade!

Enquanto medito, vou esquecendo

Vou votar? Não vou votar?
Se for votar, voto branco? Anulo o voto? Olho atentamente o boletim, e escolho o candidato mais velho, o mais novo, o mais bonito, o mais gordo, o mais magro?

(Estou na dúvida, pois não sei de quanto tempo disponho na mesa de voto para observar a foto de cada um dos candidatos.)

Esta meditação pode parecer disparatada, mas, na realidade, necessito de um critério de decisão. Ainda não passaram 24 horas e já me não lembro de nada de essencial: esqueci tudo o que eles disseram uns dos outros, ou fingiram não querer dizer; esqueci até qual dos candidatos é o mais beijoqueiro...

Como já esqueci quem são os candidatos, hoje já não penso mais neste tema.
Amanhã, se verá! Pode ser que me lembre de me deslocar à assembleia de voto e acabe por me deixar de fantasias... Na hora, talvez Deus me ilumine! Quem diria!?

22.1.16

A marca pessoal dos candidatos

Dia 24, há eleições para a presidência da República, e não sei em quem votar... Não por falta de candidatos, mas porque não lhes vislumbro perfil para tal responsabilidade.
Votei em 1976, em 1986, em 1996, em 2006, e sempre soube atempadamente o que fazer. Desta vez, não sei!

O modo como os candidatos se apresentaram ao país, lembra-me um grupo de pavões deslumbrados com as suas próprias plumas, que, a todo o momento, prometem cumprir com zelo a Constituição e servir o respetivo povo... Nenhum deles apresenta qualquer razão para que a Constituição seja revista, como se esta fosse a expressão de uma verdade indiscutível... Texto sagrado que só um ímpio ousaria desafiar! 
Todos estão prontos a jurar e a fazer cumprir a Constituição, deixando uma marca pessoal...

Se algum dos amigos quiser apontar dois ou três argumentos convincentes, ficar-lhes-ei muito agradecido.

21.1.16

Carta dos Deveres Humanos

Começa a preocupar-me que não haja uma Carta dos Deveres Humanos. 

Na procela política, há candidatos que clamam que não aceitam que lhes restrinjam os direitos...
Por outro lado, na vida diária, os indivíduos de todas as idades e condições, a todo o momento, reclamam os seus direitos...

Não quer isto dizer que não seja necessário combater permanentemente o desrespeito pelos direitos essenciais do ser humano e não só. Parece-me, no entanto, que, em termos de conduta, também deveria ser estabelecida uma Carta dos Deveres Humanos...

Por toda a parte, se verifica que muitos dos que exigem que os outros lhes reconheçam e zelem pelos direitos, se sentem, por seu turno, desobrigados de cumprir com deveres essenciais. 

E fazem-no, colocando-se ao abrigo da Lei e da Moral.


20.1.16

Escrever (Vergílio Ferreira)

« Escrever é ir descobrindo o que se escreve. Escrever é quando muito saber para que lados fica o que se procura. Mas como chegar lá? Como saber mesmo que fica para esses lados o que procuramos. Escrever (ou pintar, fazer música, etc.ou até mesmo discorrer em filosofia) é inventar ou criar e só a própria criação ou invenção nos diz por fim o que se inventou ou criou. Nos diz? Nem isso. Porque o que aí está não o sabemos bem, são os outros que no-lo explicam e enfim a sua significação fica sempre adiada enquanto a obra durar.» Vergílio Ferreira, Conta-corrente, nova série II, pág. 348, Bertrand editora

Pouco me importa registar que Vergílio Ferreira nasceu há cem anos (28.01.2016) e que com ele nasceram ou morreram outros vultos da cultura da nacional ou mesmo da cultura local, entenda-se, do Liceu Camões... 

(Ao contrário de outras eras, a informação está em linha, não sendo mais necessário recorrer a mediadores encartados que venham repetir pela enésima vez o que todos podemos alcançar e, também, é maçador aturar verdades construídas à sombra da ignorância do passado...)

O que vale a pena verificar é se, para além das homenagens, ainda há quem o explique, isto é, se ainda há quem o leia, aprendendo que escrever vai muito para além de qualquer processo de enfeudamento a um programa, seja qual for a respetiva natureza...

Escrever é descobrir que, para além das palas, se pode imaginar outras vidas. E esse é um caminho pessoal!