15.6.16

Dizem que o exame foi "superacessível, superfácil"...

Pouco tenho a dizer! Afinal, a "geringonça" não mudou nada, a não ser, talvez, a ideia de colocar os alunos do 12º ano a opinar sobre o papel da educação «na construção dos ideais, da liberdade e da justiça social.»
Vamos ter muitas opiniões, todas "superfavoráveis", com muitos exemplos e zero argumentos! 

E andou o Eça a testar sistemas educativos, para concluir que, em Portugal, a educação não levava a lado nenhum: desenhou personagens, testou-lhes o carácter, mergulhou-as no meio, ora provinciano, ora citadino, sem esquecer o cosmopolita... e NADA. Tudo na MESMA!

Se o exame era "superacessível", espero que as respostas não sejam "superfrouxas" e "superpopularuchas".

14.6.16

Amanhã, há exame de Português

Será que a 'geringonça' se entendeu para substituir José Saramago e Sttau Monteiro por Manuel Alegre? Por dar a palavra a um daqueles poetas vivos que sempre soube escutar os outros poetas?
FIQUE CLARO que eu não sei responder...
No entanto, se me pusesse a adivinhar escolheria o poema AS PALAVRAS:

Palavras tantas vezes perseguidas
palavras tantas vezes violadas
que não sabem cantar ajoelhadas
que não se rendem mesmo se feridas.

Palavras tantas vezes proibidas
e no entanto as únicas espadas
que ferem sempre mesmo se quebradas
vencedoras ainda que vencidas.

Palavras por quem eu já fui cativo
na língua de Camões vos querem escravas
palavras com que canto e onde estou vivo.

Mas se tudo nos levam isto nos resta:
estamos de pé dentro de vós palavras.
Nem outra glória há maior do que esta.

Manuel Alegre, O Canto E As Armas, 1967

(Expliquemos lá então a opção de Manuel Alegre, sem esquecer a circunstância...)

E se quisesse escolher outras "palavras", escolheria as de Eugénio Andrade...

13.6.16

Exercícios de ansiedade gramatical




 
Este post pode parecer descabido. No entanto, vou arriscar colocar aqui o questionário que acabo de elaborar para todos aqueles alunos que têm o hábito de procurar em CARUMA respostas para algumas das suas dúvidas.
Desta vez, o melhor é ter uma Gramática à mão...
Os enunciados foram extraídos do Diário de Notícias de 12 de Junho de 2016.



1.       Emigrantes gostam do hiperativo e do hiperotimista.

a.       Classifique, quanto ao processo de formação, as palavras sublinhadas.


2.       Alunos portugueses são dos que têm mais férias no verão.

a.       Substitua dos por um pronome demonstrativo.

b.       Divida a frase em orações e classifique-as.

c.       Na 2ª oração, existe um modificador. Transcreva-o.

d.       Em 1 e 2, o grupo nominal não é antecedido pelo determinante artigo. Explique porquê.



3.       Foram aprovados dois protestos. Os socialistas votaram dos dois lados…

a.       Classifique sintaticamente o constituinte sublinhado.

b.       Substitua por um quantificador a expressão “dos dois lados”.

c.       Classifique esse quantificador. 

d.       Coloque na voz ativa a primeira frase.



4.       Para os Portugueses, o grande problema é o défice público. Neste capítulo, Portugal é incorrigível.

a.       Classifique, quanto à formação, a palavra sublinhada.

b.       Classifique-a, também, quanto à função sintática.

c.       Explicite o antecedente de “Neste capítulo”.

d.       Identifique dois grupos preposicionais e descreva-os.

e.       “Neste capítulo” é um estruturador de informação ou um reformulador explicativo?



5.       Nos EUA, a bossa-nova institucionalizou-se de tal forma que os americanos acham que é deles…

a.       Classifique, quanto à sua formação, a palavra sublinhada.

b.       Divida as orações, e classifique a segunda e a terceira.

c.       Transcreva o antecedente “deles”.

d.       Na primeira oração, o verbo é pronominal ou pronominal reflexo?

e.       Na frase transcrita, destaque os elementos linguísticos que asseguram a cadeia de referência.



6.       Promoção do mês: um corte de cabelo à Ronaldo por 16 euros.

a.       16 corresponde a que tipo de quantificador? (Interrogativo, universal, existencial, relativo, numeral fracionário, numeral cardinal…)

b.       Observe a frase nominal e transforme-a numa frase verbal.

c.       Indique a função dos dois pontos no enunciado.

d.       Especifique a constituição do grupo preposicional “à Ronaldo”.

e.       “Corte” é uma forma de base ou um caso de derivação não afixal?

f.        “de cabelo” é um complemento do nome ou um do modificador restritivo do nome?

g.       Dê um exemplo de modificador apositivo do nome.



7.       É o segundo em meia dúzia de dias. Na semana passada, vi na televisão um amigo, jornalista de carreira longa e escritor de basta obra, falando sem complexos da sua experiência como motorista de tuk-tuk em Lisboa.

(…)

- Joel Neto! – ouço, num berro inesperado, entre a exultação e o calduço, algures na rua dos Fanqueiros. – O que é que faz aqui sua excelência, pá?! Veio à capital?!

É outro escritor e jornalista ainda, e com uma obra mais expressiva do que o primeiro – dos jornais à TV, dos livros de viagem à ficção. Pára a motinha, com os turistas assarapantados no banco de trás. Apita, fez três aceleradelas, ri-se. Cumprimentamo-nos calorosamente, perguntamos pelas patroas e depois ele perde-se pela rua do Comércio.


a.       Joel Neto aplica o acordo ortográfico de 1990 ou não? Justifique.

b.       Na frase “É o segundo em meia dúzia de dias”, a palavra sublinhada funciona  é uma catáfora porque o referente se apresenta antes ou depois?

                                                               i.      Transcreva o referente.

c.       “segundo” é quantificador numeral ordinal ou cardinal?

d.       Em “jornalista de carreira longa e escritor de basta obra”, os adjetivos têm, ambos, valor restritivo ou não? Explicite.

e.       “Tuk-tuk” é exemplo de empréstimo interno ou externo?

f.        Nas orações “Apita, fez três aceleradelas, ri-se”, a coordenação é sindética ou assindética?

g.       Em “O que é que faz aqui sua excelência, pá?!”, o ato ilocutório é assertivo ou diretivo?

                                                               i.      Classifique o deítico sublinhado.

                                                             ii.      Em termos sintáticos, qual é o valor do termo sublinhado.

                                                           iii.      Comente a expressividade da sequência “sua excelência, pá”.

h.       No texto transcrito, a pergunta “Veio à capital?!” é, ou não, exemplo de um processo de Implicatura conversacional? Justifique.

i.         O texto de Joel Neto corresponde a um protótipo injuntivo-instrucional ou a um protótipo interrogativo.

j.         No último período do texto, identifique dois exemplos de conotação.

k.       Em relação aos meios de transporte “a motinha” é um hipónimo ou um merónimo?

12.6.16

A escola pública e o ensino das línguas

"As minhas filhas fizeram o jardim-de-infância e a primária numa escola pública. E agora estão na Escola Alemã, (...) tem a ver com a opção por um currículo internacional. Para mim era importante que elas tivessem uma educação com duas línguas que funcionassem quase como maternas, digamos assim. Se assim não fosse, andariam obviamente numa escola pública." Alexandra Leitão, secretária de Estado da Educação.

A secretária de Estado da Educação, Alexandra Leitão, tem dado provas de coragem ao afrontar os interesses instalados no Ensino Privado, no entanto, na entrevista dada à Visão, faz prova de falta de visão política, pois se o ensino público deve promover a igualdade, em matéria de ensino das línguas estrangeiras, não o faz já há muitos anos, por mais que se aposte no ensino do inglês desde o primeiro ciclo.
Um país periférico da União Europeia, se quiser competir com o centro dessa comunidade, tem de generalizar o ensino das línguas nacionais dos parceiros europeus mais poderosos, e fazê-lo recorrendo a professores devidamente habilitados e a métodos adequados à idade dos jovens alunos. E a senhora secretária de Estado sabe disso, como, em geral, a classe política o pratica com os seus filhos.
Ainda, nos últimos dias, tive oportunidade de compreender a fragilidade da situação portuguesa, ao assistir à projeção internacional dos filmes realizados pelas oficinas de cinema de países como a Bulgária, o Reino Unido, a Alemanha, a Finlândia, a Lituânia, a França, Portugal, a Bélgica, a Espanha, Cuba, o Brasil e o México. As oficinas eram constituídas por jovens, entre os 7 e os 18 anos. Durante 3 dias, os jovens realizadores, produtores e atores apresentaram defenderam o filme produzido por cada equipa e, sobretudo, questionaram de viva voz o trabalho das restantes oficinas.
Ora nesta situação de exposição pública, não pude deixar de compreender a dificuldade portuguesa em questionar os trabalhos apresentados ou de compreender as questões colocadas na Cinemateca Francesa.
Há um défice imperdoável num dos pilares da formação e da educação em Portugal - o ensino das línguas estrangeiras. A senhora secretária de Estado da Educação sabe-o, porque não ignora que há um "currículo internacional" e que o escolheu para os seus filhos...
Não se trata, aqui, dos jovens portugueses serem mais ou menos ricos ou pobres. Trata-se, sim, de desenhar uma política da língua materna e estrangeira que nos tire da periferia...

11.6.16

De Paris, fica-me uma imagem de caos

Pic-nic
De Paris, fica-me uma imagem de caos. O lixo amontoa-se a céu aberto. As avenidas abrem-se em estaleiros intermináveis. Ontem, fechadas ao trânsito, eram infindáveis vazadouros humanos conduzidos por pastores de ocasião, pendurados nas grades das grandes obras, e vigiadas por milhares de agentes das forças militarizadas... Os adeptos do futebol davam expressão ao contentamento, de uma forma brutal, ensurdecedora e irracional. É assustador como cantam a marselhesa, à exaustão...
Da racionalidade cartesiana, pouco sobra... De tal modo que a deslocação a Paris, para mim, terminou numa visita demorada ao Père Lachaise...
(...) 
Pode parecer estranho, mas esta minha ida a Paris pouco teve de turístico. Afinal, o meu papel era o de acompanhar um grupo de nove jovens (dos 16 aos 18 anos) cujo objetivo seria o de apresentar o "filme-ensaio" realizado no âmbito do projeto "À nous le cinéma! Une expérience de cinéma à l'école".   
A verdade é que um grupo de jovens portugueses, nesta faixa etária, em Paris, tem inevitavelmente uma outra prioridade e, quando tal acontece, o papel do acompanhante torna-se muito espinhoso.
Paris ter-lhes-á ficado na memória, apesar dos riscos vividos, regressando todos a precisar de dormir...

10.6.16

Em Paris, l'important c'est la musique!

Já é tarde e estou impaciente.
O dia começou cedo. Só que o avião (da Vueling) partiu com duas horas de atraso. Em Orly, pensei que tinha regressado a Sacavém - o condutor do transbordo parecia um principiante; os taxistas (3), nenhum sabia o caminho para a Cinemateca francesa - nem o GPS ajudava...
Entretanto, as horas tinham passado sem almoço; foi-nos dito, que por iniciativa de um colega de outra escola, alguém nos tinha reservado 17 sandes. O problema é que ninguém sabia delas - tinham sido roubadas! 
Reduzidos a dez sandes (de frango /atum) que levaram imenso tempo a ser confeccionadas, os meus acompanhantes acabaram por entrar na sessão da tarde, que decorria na sala Henri Langlois, cinco minutos antes daquela ser dada por terminada...
Na atmosfera, apesar de tudo o que nos ia acontecendo, reinava uma certa euforia. A ministra francesa do Ambiente tinha estado presente, vários realizadores compareceram e explicaram os documentários que foram apresentados no período da tarde...
Depois houve pic-nic: brasileiros (ricos e pobres) descobriram em Paris que havia portugueses de Lisboa e da margem sul Tejo...
Já tarde, chegados ao hotel, os jovens prepararam-se com esmero para a noite de Paris... e aí começou a minha impaciência que ainda não terminou... Percorrida a rua Faubourg de Saint-Antoine em direção à Praça da Bastilha, fiquei a perceber que a História pouco importa... L'important c'est la musique!  

8.6.16

Nos próximos dias

Nos próximos dias, vou tentar perceber como é que a meteorologia influencia o cinema, porém, talvez, acabe por descobrir que a questão é mais de tema do que de influência. Por outro lado, também me interrogo se não seria melhor procurar o modo como o clima influência o cinema.
Só que a minha perceção desta temática parece estar errada, pois o clima e o tempo serão ramos da meteorologia.
O tempo abarca o estado físico das condições atmosféricas num determinado momento e local. Ora o cinema, se não for produzido em estúdio, será sempre determinado pelas estado da atmosfera e do lugar.