22.9.13

As eleições de 29 de Setembro são cruciais

As eleições autárquicas de 29 de Setembro são cruciais! 
Chegou a hora de dizer basta à coligação governamental, aos banqueiros e a todos os oportunistas dispostos a continuar o esbulho.
Argumentar que estas eleições são locais e que por isso não podem ter significado nacional é um atentado contra a inteligência dos desempregados e dos espoliados. Se não tivermos a coragem de dizer não à coligação governamental e ficarmos à espera das eleições legislativas de 2015, cedo perceberemos que o abismo não tem fundo.
Se a vontade popular se exprime na mesa de voto, mesmo que não tenhamos nada a apontar ao autarca que se recandidata ou que se candidata a nova autarquia, então há que não esquecer que, na maioria dos casos, a conivência ideológica é causa do pântano em que nos vamos atolando.
Apesar das manifestações e das greves serem armas importantes no combate político, espero que saibamos dignificar o voto como instrumento primordial na luta pela soberania e pela sobrevivência. 

21.9.13

Admirar é relacionar



Na infância «A minha retina podia comparar-se, pela sensibilidade, à da película fotográfica, susceptível de fixar imagens plurais. Impressionava-se, por conseguinte, de tudo o que se lhe pospunha. (…)  / Mas esta passividade viva perante os fenómenos não me conferia o poder de admirar. Admirar é relacionar, operação que estava acima dos meus recursos cerebrais.» Aquilino Ribeiro, Cinco Réis de Gente, Círculo de Leitores, pág. 72.

Mas quem é que ainda tem disponibilidade para relacionar? E como é que se relaciona se não houver aproximação? Se hoje se admira tão pouco não é por causa desse tempo em que tudo era poroso, em que tudo ficava na retina, mas porque, paradoxalmente, vivemos distantes, apesar dos mil “likes” que insistimos em pospor…

Na Jardim da Estrela, ainda há alguma proximidade. Se olharmos de perto, vemos uma multiplicidade de grupos à procura do respetivo centro. Mas parece que todas estas pessoas fogem da lavagem ao cérebro que se instalou nas aldeias e cidades deste triste país…

Na verdade, há muito poucos candidatos autárquicos dignos de serem admirados! Com obra ou sem ela, a maioria só busca a Fama, um lugar que lhes dê poder e os ponha bem longe da pobreza.

Se soubéssemos relacionar, no dia 29 de setembro, teríamos uma enorme dificuldade em votar!

20.9.13

Um outro modo de ler

« - Ainda houve aquele revolucionário jurar de bandeira nos Ralis - retomo o fio primeiro da conversa, nódoas como a da gravata do senhor conde até numa revolução tão generosa -, a pilhagem da embaixada de Espanha, a agitação nas ruas, a sublevação nas escolas e outros desmandos...», Fernando Campos, O Sonho, edição Expresso 2003, Os Lusíadas, canto IV, comentários de José Hermano Saraiva, ilustrações de Pedro Proença.
As imagens desaparecidas de um acontecimento (21.11.1975) que, aqui, coloquei eram  para que os meus alunospudessem interpretar o conto selecionado para dar início a este ano letivo. Caso contrário, tal como o Parque Mayer não passa de uma misteriosa referência, também os momentos de euforia nacional se terão esfumado irremediavelmente. Há debates, que para serem encetados, exigem muito mais do que ter opinião...

  

19.9.13

Ao cuidado do ministro Crato

Na perspetiva dos jovens lisboetas, nascidos em 1996, o Parque Mayer nunca existiu!
Mesmo os mais atentos estão convencidos de que a referência - «O Mayer estava a morrer, deserto, parque de estacionamento» -, no conto O Sonho, de Fernando Campos,  não passa de fantasia literária, até porque n'OS MAIAS esse parque nunca é referido... (Paradoxalmente, o romance queirosiano ganha estatuto de referência documental, perdendo, ao mesmo tempo, valor literário.)
Para facilitar a inteligibilidade do conto, registo que a inauguração deste Parque se deu a 15 de Junho de 1922, sob a responsabilidade da Sociedade Avenida Parque, impulsionada por Luís Galhardo, e que o repasto, em que o Conde comunica que vai embarcar no Lusitânia Expresso com destino a Timor, decorre pouco antes da partida - dia 23 de Janeiro de 1992. Uma viagem interrompida pelas forças militares indonésias. Porquê?
O desconhecimento da referência, seja ela temporal, espacial ou factual, afeta seriamente a compreensão textual e inibe o prazer inerente, tornando a leitura enfadonha, e  a visão distorcida da chamada realidade.
De qualquer modo, há solução para o desconhecimento da referência. Basta solicitar um novo exame ao IAVE!
 

18.9.13

Maria Luís Albuquerque e os swaps

Desconfiado, fui consultar o Dicionário da Língua Portuguesa, à procura do verbete "swap", mas nada encontrei, o que se aceita, pois o termo é um estrangeirismo utilizado por gente preguiçosa. Gente frouxa.
O recurso a "swaps" suxa-nos a vontade e empurra-nos para a ociosidade. Se bem entendo a atual ministra das finanças, ela não se deixa suxar facilmente. Como técnica, ela só se pronunciou sobre o financiamento das empresas e dos empreendimentos e nunca se ocupou de empréstimos linguísticos ou outros. O que era preciso é que os milhões de euros entrassem nos cofres... De quem? Pouco importava? Era assunto que também não lhe ocupava o pensamento...
A ministra não sabe o que são "swaps" porque ela defende a língua portuguesa. Ainda se lhe tivessem falado de "trocas", ela, talvez, tivesse avaliado os prejuízos. Mas não! Maria Luís Albuquerque é uma purista que aprendeu, não se sabe com quem, que os empréstimos linguísticos não solicitam autorização para nos envenenar a língua e que nem sequer admitem "trocas", pois o seu objetivo é  embrutecer-nos. Por isso, ela jura que não pode ter mentido sobre um termo que nem sequer é digno de figurar no Dicionário da Língua Portuguesa. 
 

17.9.13

Em flagrante

(Lisboa, Rua Tomás Ribeiro, nº 105 B, entre as 17h30 e as 18h20.)
Outrora, atirava-se milho ou arroz aos pardais. Agora, dá-se restos de pão aos pombos... e vem um gato e chamas-lhes um figo! Abocanha um e corre com ele para debaixo de um automóvel estacionado sob o que antigamente era um plátano. (Banquete de luxo, em frente do nº 15 da Rua Filipe Folque.)
Na esquina com a Tomás Ribeiro, um mendigo idoso e uma jovem mendiga, acomodados, esperam os sobejos do Pingo Doce. Falta- lhes a afouteza do felino para quem a rua é território de caça, ao invés dos gatos de Pessoa...
Ainda na esplanada da Cafetaria Duriense, diante de uma virtuosa superbock, arenga um velho trabalhador: a educação já não é o que foi - os filhos desrespeitam os pais, basta passar pelas telenovelas, portuguesas ou brasileira, ou descer ao Parque...
(...) O novíssimo Plaza é já uma sombra de si próprio, tal como o IMAVIS ou City Cine - parece que acompanharam o vizinho Urbano! Até o Tomás Ribeiro mais não é do que uma placa toponímica que desemboca na Praça José Fontana, vindo da Suíça com o desejo de nos fazer sair do obscurantismo, e que se finou ainda antes que a sua Geração (de 70) se desse por vencida...
O único vencedor parece ser o gato que não brinca na rua, mas o mendigo, aqui mesmo ao meu lado... e que não paga nada à EMEL, conta as moedas, quando o proprietário do café se aproxima , e, antecipadamente, paga-lhe um café e um bagacinho - 1 euro e trinta e cinco cêntimos. Imóvel, no passeio, o mendigo espera até que surge o empregado com dois copinhos de plástico com o café e o bagaço... Sem pestanejar, o homem volta para o seu canto, ali mesmo, junto ao semáforo...
 
(...) À espera, ficou o artigo de Eduardo Prado Coelho, Comunicação e Democracia. Que ele me perdoe!
 
     

16.9.13

No arranque do ano escolar

I - A notícia vai alastrando. Afinal, há atraso no arranque do ano escolar. O ministro da educação e os seus apóstolos explicam que é assim todos os anos...
Na verdade, há cursos e disciplinas que continuam por autorizar, apesar da procura. Há professores do quadro que não sabem se a distribuição de serviço, que lhes atribuía esses cursos e essas disciplinas, continua válida.
Há escolas que não iniciam a atividade letiva por falta de professores, apesar dos vários concursos já efetuados e dos milhares de desempregados...
Tempos houve que os ministros da educação se esforçavam por otimizar o início do ano letivo. 
 
II - As imagens da degradação do edifício do "Liceu Camões", difundidas pela RTP, surpreenderam muito boa gente. No entanto, não consta que o ministro da educação tenha mexido uma palha. Incomodar-se para quê?
Por este andar, o feitiço ainda vai voltar-se contra o feiticeiro! Em certos casos, as imagens, ao ampliarem a realidade, subvertem-na...