8.12.10

Os discípulos de Rousseau e de Freud…

Finalmente, encontrei quem, sobre a decadência da sociedade e da escola, enuncia as causas sem rodeios. Embora Francesco Alberoni não o explicite nesta crónica, os discípulos de Rousseau e de Freud insistem em prestar um mau serviço à comunidade…

4.12.10

Nota Breve…

30 anos depois, o mito Francisco Sá-Carneiro sofre forte impulso, querendo fazer crer que o povo português é visceralmente sebastianista. De facto, o mito sempre foi alimentado por interesses de grupos que, colocados próximos do poder, viam nesse ideário uma via para a ascensão ao poder.

Até hoje, a solução sebastianista só trouxe violência e pobreza; só adiou a resolução da questão portuguesa. Infelizmente, Passos Coelho, também, não resiste ao aproveitamento da memória de Francisco Sá-Carneiro, um homem que, no seu tempo, sempre deu sinais de autoritarismo, e cujo partido, PPD, acolheu muito do que sobrou do antigo regime…

1.12.10

O que motiva o olhar…

Entre a Cópia certificada do iraniano Abbas Kiarostami e a exposição  Res publica 1910 e 2010 face a face, na F. C. Gulbenkian, o que é que há de comum?

Nada mais do que o olhar, pois original e cópia, em si, nada acrescentam. Tudo depende do que motiva o olhar… a glória, o lucro, a felicidade ou, simplesmente, a ilusão…

E esta última, associada a uma boa dose de desespero, leva-nos a querer primeiro separar o original (inacessível) da cópia (manipulável) para depois nos agarrarmos a fantasias só nossas em que a res publica (o outro) já nada significa …

Saber se uma boa cópia é melhor do que o distante original ou se a terceira república supera a primeira não é mais do que um jogo cujo único fito é sublimar a atroz razão humana…

25.11.10

O dissídio…

Podia chamar-lhe desinteligência, mas não foi essa a palavra que me atravessou a mente ao reparar na penumbra em que mergulhou o país. Perante a crise, em vez da união dos parlamentares para impedir que as desigualdades se acentuem, assistimos à aprovação de um orçamento que cria ainda mais clivagens. Protegem-se as remunerações de sectores onde o compadrio grassa e, ao mesmo tempo, ignora-se o crescimento da vaga de desempregados e de trabalhadores precários…

O argumento de que os quadros das empresas públicas podem fugir é ridículo, pois se o fizerem, isso significa que lhes falta solidariedade, não merecendo a remuneração que auferem. Que o façam e depressa! Ninguém é insubstituível num país em que milhares de jovens qualificados espreitam, em vão, uma oportunidade.

A militância partidária não pode continuar a substituir a competência daqueles que não sacrificam aos deuses de moda, sejam eles quais forem.

O orçamento que, amanhã, vai ser aprovado mata definitivamente os anseios de Abril de 74! Doravante, já não basta o direito à indignação! Às vítimas exige-se que levantem a cabeça e destruam as cercas que os muram.

A começar pelos mercados…

23.11.10

Se quiser…

Se quiser ficar mais perto, procure o Bar do Além...

Um caminho só é exterior para quem anda distraído. A terra é toda uma; as cercas que construímos são anti-naturais e limitam-nos a percepção do eu e do outro.

O tempo humano é inutilmente gasto a desenhar e a defender fronteiras.

20.11.10

Um camping surpresa


Em Alenquer, no Porto da Luz. 
A surpresa resultou de mal ter chegado, ser convidado para assistir a uma palestra, no Bar do Além. Tema: O MILAGRE DAS ROSAS. Oradora: Teresa Gomes Mota. Moderador: Luís Nandim de Carvalho.
Apesar do camping estar praticamente vazio, o bar encheu-se de tertulianos vindos um pouco de todo o lado, com um detalhe em comum – poucos conheciam Alenquer. Ouviram atentamente a oradora, que revelou partilhar o pensamento de Joaquim de Fiori sobre a TEORIA DAS TRÊS IDADES.
Em 60 minutos, revisitei S. Francisco de Assis, D. Dinis e a guerra com seus filhos e, sobretudo, Dona Isabel de Aragão; sem esquecer, Damião de Góis… E sobretudo, as manifestações do Espírito Santo em terra lusa – de Alenquer aos Açores… Só não estive presente no almoço que se seguiu!
E a surpresa ainda pode crescer se navegarmos no blog: www.bardoalem.blogspot.com
E em tudo isto, camping e tertúlia, está o espírito de Luís Nandim de Carvalho.

19.11.10

E a pobreza aumenta…

A ideia de construir a paz pela força é uma ideia que me desassossega. A História ensina que mesmo que as armas possam ser um instrumento de libertação, elas acabam por impor a ocupação. E a ocupação militar esconde sempre o roubo das matérias primas do território “libertado”. É esta sequência – libertação / ocupação - que legitima a acção dos grupos anti-NATO.

No entanto, o manifesto anti-NATO, ao apostar no desarmamento, abre a porta ao suicídio das culturas mais idealistas, pois o homem é naturalmente predador.

A guerra lá longe pouco nos diz, mas pesa no orçamento. A cimeira da NATO, em Lisboa, pode dar prestígio a alguns governantes, mas os portugueses não conseguem entender porque é que ela decorre num país à beira do abismo. As despesas com a organização da cimeira e das contra-cimeira são a expressão da irracionalidade das elites…

E a pobreza aumenta a cada minuto que passa lá longe, no Afeganistão, ou, aqui perto, neste país onde até o sol, envergonhado, deixou de ser o habitual anfitrião.