21.3.11

Palácio nacional de Mafra - In memoriam…


Este jogo ocupava reis e vassalos nos intervalos das caçadas na Tapada de Mafra. Os troféus, cruéis, enchem a sala Diana no palácio real, hoje moribundo… Da república, pouco há a assinalar, a não ser a pernoita de D. Manuel II, antes de partir definitivamente para o exílio… Apesar de tudo, Saramago devolveu-lhe algum do brilho que à pátria falece.

Claro está que aos jovens que, hoje, entraram no palácio nacional de Mafra, sob o olhar atento de S. Domingos e de S. Francisco, falta-lhes a distância para perceber que a monumentalidade do edifício mais não é que a expressão da fraqueza de um povo. Mas quem sabe, pode ser que Saramago os ilumine!


                       

20.3.11

Reféns…


Quando a sobrevivência está em causa, todas as formas de enraizamento são aceitáveis. Pouco interessa o suporte, a forma, a cor  ou a posição.


Em certas circunstâncias, mais vale deitar abaixo a árvore, desbastar-lhe os braços …


Salvo raríssimas excepções, as árvores não se suicidam!


Na Líbia, na Síria ou em Portugal a seiva é a mesma!

17.3.11

Paul Krugman e a educação…

Desde o dia 11 de Março que ando às voltas com uma ideia do nobel Paul Krugman (Economia 2008): Toda a gente anda enganada ao defender que «a educação é a chave do sucesso económico».

Provavelmente ao referir-se à educação, P. K. estará a referir-se à instrução, pois sem a primeira os valores civilizacionais soçobrariam.

No essencial, o que P. K. vem demonstrando é que a maioria das formações de nível superior perde, em termos de desempenho, para os computadores que, de forma mais célere e eficaz, efectuam a maioria das tarefas sejam elas de rotina ou não…

Deste modo, o aumento do número de anos de escolaridade ou a acumulação de cursos de nível médio ou superior é apenas uma forma de empatar um número cada vez maior de indivíduos, impedindo-os de, pelas suas próprias mãos, construírem uma nova sociedade que assegure os direitos essenciais a todos os cidadãos…

Precisamos, assim, de redefinir os projectos de empregabilidade,  rever e diferenciar os conceitos de educação e de instrução, a respectiva duração e, sobretudo, os lugares e os actores da formação…

O sistema de formação actual é um monstro devorador de recursos que gera cada vez mais insatisfação e potencia episódios de revolta cujo último recurso será o retorno à barbárie, independentemente dos níveis de literacia…

PS: Da imbecilidade que nos cerca, não vale a pena falar porque, afinal, há cada vez mais casos de pessoas instruídas a quem falta o mínimo de educação e, por outro lado, também há muita gente educada a quem falta a necessária instrução…

14.3.11

O 2º termo da comparação…

Não restam dúvidas de que, em muitos casos, o 2º termo de qualquer comparação diz mais sobre quem o selecciona do que sobre a ideia / objecto que se quer explicitar.

De acordo com o inefável Luís Filipe Menezes (Entrevista ao i de 14 de Março de 2011), o Pacheco Pereira não vale nada, ou melhor, não passa de um desmancha prazeres: P. P. «diz que não precisa da política para viver; mas nunca o vi a ganhar dinheiro a não ser à custa da política e da notoriedade que  ela lhe deu. Se assim não fosse, era professor de História numa recôndita aldeia de Trás-os-Montes. Vale o que vale. Rigorosamente nada

Bem certo que o Pacheco Pereira não necessita de que eu o defenda. Não posso, no entanto, deixar de voltar à minha ideia inicial. O Senhor Luís Filipe Menezes anda mal informado: A História já não se estuda em quase lado nenhum! Em Trás-os-Montes, serão raríssimos os professores dessa matéria e, se os houver, não necessitam de ser achincalhados. Afinal, quanto vale um professor para o Luís Filipe Menezes?

RIGOROSAMENTE NADA!

12.3.11

Os novos…

Há novos eleitores! Desceram a Avenida e descobriram que ou os deixam votar ou, da próxima vez, a bonomia terá cedido o lugar à violência.

Por isso, o que o Governo e a Assembleia da República devem fazer é devolver a decisão ao povo.

11.3.11

O 2º termo…

Pergunta e responde Gonçalo M. Tavares: «Quantas vezes choras a ouvir música e quantas vezes a ler? A literatura não é eficaz nessa coisa: se é para sofrer a literatura é inútil

Não há comparação sem segundo termo explícito. Para que serve esse 2º termo? E donde provém?

Por outro lado, a analogia pode gerar cachos de metáforas sem nunca explicitar o 2º termo – a poesia, em grande medida, vive dessa explosão verbal. E a prosa, do que é que vive?

Ao ler Água, Cão, Cavalo, Cabeça, de Gonçalo M. Tavares, encontro prosaicos e, por vezes, insólitos micro-cenários narrativos em que “casos-do-dia” são associados, sem qualquer preocupação que não seja a de textualizar /sexualizar o mundo encontrado nos bastidores dos becos escusos da vida.

Perdido no labirinto das ruelas, surgem-me dúzias de comparações, na sua grande maioria tão artificiosas como o texto gerado. Nesta obra, a procura de originalidade passa, de facto, pela construção desse 2º termo da comparação. Senão, vejamos:

«Claro, a raiva domestica-se como os cães.» / «As oportunidades de suicídio perdem-se como as moedas» / «A natureza não tem mapas, nem cores como os mapas» / « os aranhiços, já se sabe, são como os pais que protegem o filho» /«A maldade não tem uma marca na testa como as vacas que têm doenças  e foram marcadas na testa pelo dono.» / «Algumas pessoas riem como porcos» / « o cão pode ser visto como música equilibrada (…) como uma mesa orgânica» / «os nomes e as respectivas letras (das facas de cozinha) não se vêem, são como os mortos de família: sentem-se.»…

Aceitando que a literatura não é para sofrer, pergunto-me se, fora da quinta verbal de Gonçalo M. Tavares, alguém já viu um porco a rir…

9.3.11

Para que serve um presidente?

Não encontro uma resposta que possa servir o país!

Se o presidente é a pessoa melhor informada sobre o carácter do primeiro ministro e sobre o modo como o partido socialista se apropriou do Estado, porque é que não o diz de forma clara ao povo. Porque é que, em vez de esperar pelo sobressalto dos «jovens do futuro», não dissolve a Assembleia da República e entrega a decisão ao povo que tanto ama?

Este presidente prefere a guerrilha à assunção dos seus poderes. Já foi assim no primeiro mandato e, hoje, apostou claramente na estratégia rasteira de atacar, para, de imediato, retirar. Faz o diagnóstico, mas não explicita as causas, e, sobretudo, não diz como é que tenciona AGIR de modo a ajudar o país a sair da crise.

Este presidente dá a entender que sabe o caminho para nos libertar do cativeiro, mas esconde-o, como quem quer ajustar contas antigas!

No que me diz respeito, não sei para que serve um presidente que faz bluff! O homem providencial nasceu, um dia, na Figueira da Foz!

E, infelizmente, a matriz deste país reside na providência desde Ourique!