20.3.11

Reféns…


Quando a sobrevivência está em causa, todas as formas de enraizamento são aceitáveis. Pouco interessa o suporte, a forma, a cor  ou a posição.


Em certas circunstâncias, mais vale deitar abaixo a árvore, desbastar-lhe os braços …


Salvo raríssimas excepções, as árvores não se suicidam!


Na Líbia, na Síria ou em Portugal a seiva é a mesma!

17.3.11

Paul Krugman e a educação…

Desde o dia 11 de Março que ando às voltas com uma ideia do nobel Paul Krugman (Economia 2008): Toda a gente anda enganada ao defender que «a educação é a chave do sucesso económico».

Provavelmente ao referir-se à educação, P. K. estará a referir-se à instrução, pois sem a primeira os valores civilizacionais soçobrariam.

No essencial, o que P. K. vem demonstrando é que a maioria das formações de nível superior perde, em termos de desempenho, para os computadores que, de forma mais célere e eficaz, efectuam a maioria das tarefas sejam elas de rotina ou não…

Deste modo, o aumento do número de anos de escolaridade ou a acumulação de cursos de nível médio ou superior é apenas uma forma de empatar um número cada vez maior de indivíduos, impedindo-os de, pelas suas próprias mãos, construírem uma nova sociedade que assegure os direitos essenciais a todos os cidadãos…

Precisamos, assim, de redefinir os projectos de empregabilidade,  rever e diferenciar os conceitos de educação e de instrução, a respectiva duração e, sobretudo, os lugares e os actores da formação…

O sistema de formação actual é um monstro devorador de recursos que gera cada vez mais insatisfação e potencia episódios de revolta cujo último recurso será o retorno à barbárie, independentemente dos níveis de literacia…

PS: Da imbecilidade que nos cerca, não vale a pena falar porque, afinal, há cada vez mais casos de pessoas instruídas a quem falta o mínimo de educação e, por outro lado, também há muita gente educada a quem falta a necessária instrução…

14.3.11

O 2º termo da comparação…

Não restam dúvidas de que, em muitos casos, o 2º termo de qualquer comparação diz mais sobre quem o selecciona do que sobre a ideia / objecto que se quer explicitar.

De acordo com o inefável Luís Filipe Menezes (Entrevista ao i de 14 de Março de 2011), o Pacheco Pereira não vale nada, ou melhor, não passa de um desmancha prazeres: P. P. «diz que não precisa da política para viver; mas nunca o vi a ganhar dinheiro a não ser à custa da política e da notoriedade que  ela lhe deu. Se assim não fosse, era professor de História numa recôndita aldeia de Trás-os-Montes. Vale o que vale. Rigorosamente nada

Bem certo que o Pacheco Pereira não necessita de que eu o defenda. Não posso, no entanto, deixar de voltar à minha ideia inicial. O Senhor Luís Filipe Menezes anda mal informado: A História já não se estuda em quase lado nenhum! Em Trás-os-Montes, serão raríssimos os professores dessa matéria e, se os houver, não necessitam de ser achincalhados. Afinal, quanto vale um professor para o Luís Filipe Menezes?

RIGOROSAMENTE NADA!

12.3.11

Os novos…

Há novos eleitores! Desceram a Avenida e descobriram que ou os deixam votar ou, da próxima vez, a bonomia terá cedido o lugar à violência.

Por isso, o que o Governo e a Assembleia da República devem fazer é devolver a decisão ao povo.

11.3.11

O 2º termo…

Pergunta e responde Gonçalo M. Tavares: «Quantas vezes choras a ouvir música e quantas vezes a ler? A literatura não é eficaz nessa coisa: se é para sofrer a literatura é inútil

Não há comparação sem segundo termo explícito. Para que serve esse 2º termo? E donde provém?

Por outro lado, a analogia pode gerar cachos de metáforas sem nunca explicitar o 2º termo – a poesia, em grande medida, vive dessa explosão verbal. E a prosa, do que é que vive?

Ao ler Água, Cão, Cavalo, Cabeça, de Gonçalo M. Tavares, encontro prosaicos e, por vezes, insólitos micro-cenários narrativos em que “casos-do-dia” são associados, sem qualquer preocupação que não seja a de textualizar /sexualizar o mundo encontrado nos bastidores dos becos escusos da vida.

Perdido no labirinto das ruelas, surgem-me dúzias de comparações, na sua grande maioria tão artificiosas como o texto gerado. Nesta obra, a procura de originalidade passa, de facto, pela construção desse 2º termo da comparação. Senão, vejamos:

«Claro, a raiva domestica-se como os cães.» / «As oportunidades de suicídio perdem-se como as moedas» / «A natureza não tem mapas, nem cores como os mapas» / « os aranhiços, já se sabe, são como os pais que protegem o filho» /«A maldade não tem uma marca na testa como as vacas que têm doenças  e foram marcadas na testa pelo dono.» / «Algumas pessoas riem como porcos» / « o cão pode ser visto como música equilibrada (…) como uma mesa orgânica» / «os nomes e as respectivas letras (das facas de cozinha) não se vêem, são como os mortos de família: sentem-se.»…

Aceitando que a literatura não é para sofrer, pergunto-me se, fora da quinta verbal de Gonçalo M. Tavares, alguém já viu um porco a rir…

9.3.11

Para que serve um presidente?

Não encontro uma resposta que possa servir o país!

Se o presidente é a pessoa melhor informada sobre o carácter do primeiro ministro e sobre o modo como o partido socialista se apropriou do Estado, porque é que não o diz de forma clara ao povo. Porque é que, em vez de esperar pelo sobressalto dos «jovens do futuro», não dissolve a Assembleia da República e entrega a decisão ao povo que tanto ama?

Este presidente prefere a guerrilha à assunção dos seus poderes. Já foi assim no primeiro mandato e, hoje, apostou claramente na estratégia rasteira de atacar, para, de imediato, retirar. Faz o diagnóstico, mas não explicita as causas, e, sobretudo, não diz como é que tenciona AGIR de modo a ajudar o país a sair da crise.

Este presidente dá a entender que sabe o caminho para nos libertar do cativeiro, mas esconde-o, como quem quer ajustar contas antigas!

No que me diz respeito, não sei para que serve um presidente que faz bluff! O homem providencial nasceu, um dia, na Figueira da Foz!

E, infelizmente, a matriz deste país reside na providência desde Ourique!

7.3.11

O paul do Boquilobo


Em Março, o trilho  do Paul do Boquilobo continua submerso.

(Apenas cegonhas e patos e garças e garridas e canoras aves…)


Mas ao lado, passa o comboio na linha do norte…

(O canavial esconde o pântano e torna a confluência do Almonda com o Tejo indistinta.)


O carvalho apodrece de vez… e nem sinal de bugalhos! - o que nos livra das vespas…

(“Nos” é força de expressão – a terra é de ninguém, mas podia ser minha!)


Por seu lado, os freixos, altivos e longilíneos, continuam à espera da Primavera… 

(Em Maio, espero regressar… e tudo será diferente! Ou talvez não!)

6.3.11

Ponto de vista…

Foi aqui que me tornei funcionário público, a 2 de Janeiro de 1975. Durante os 3 anos que lá passei nunca vi o Liceu nesta perspectiva – a de quem o observa do pátio da vetusta Academia das Ciências. Nesse tempo ainda não sabia o que era o ponto de vista!
(A foto do Passos Manuel desapareceu!
Também, à época, me faltava a perspectiva de que a azinheira forma o bugalho a partir do ovo da vespa colocado no interior dos rebentos… e, fascinado, jogava com eles como se mais não fossem que berlindes!
A ignorância ofusca e esmaga!

5.3.11

Ai flores!

Por alguma razão que desconheço, não tenho conseguido “postar” comentários aos comentários que vão surgindo em CARUMA.

Por isso esclareço:

A) Os primeiros românticos lutaram no campo de batalha em nome de uma alma colectiva - pugnavam pela liberdade dos povos (das nações). Os filhos esqueceram rapidamente essa herança e sucumbiram às sensações, valorizando o corpo e a preguiça; o luxo e a luxúria…

B) Cresci num país em que boa parte dos seus filhos, nos anos 60 do século passado, se viram obrigados a emigrar para França ou por lá se exilaram para escapar à guerra colonial; num país onde se aprendia a língua, a literatura e a cultura francesa; onde França representava a pátria da liberdade… e, entretanto, venho assistindo à morte desse contacto privilegiado, pré-anunciado pela extinção do latim dos curricula em Maio de 1974… (as flores anglo-saxónicas substituíram os gerânios, os lírios e as violetas, sob o olhar cúmplice dos cravos e das rosas…) E essas flores credoras continuam a arrastar-nos para a descaracterização da língua portuguesa…

C) E quanto aos “enganos” há que perdoar …, pois o objectivo era ver a seriedade de Eça ao abordar o problema do adultério nas classes ricas e improdutivas…      

4.3.11

O P.D.A.

Há quem acredite que a Geração “À RASCA” vai forçar uma mudança de política que reconheça às gerações mais novas o direito ao trabalho e a uma remuneração digna. No entanto, hoje, um jovem confirmou-me que a militância juvenil (e não só!) se manifesta de modo muito diverso: já embarcou no Partido do Deixa Andar!

E de facto, ao contrário de gerações anteriores que ousaram atravessar as fronteiras à procura do trabalho que a mãe pátria lhes recusava, assistimos a um deixar andar que revela uma acomodação fatal.

3.3.11

Gente desditosa…

Ler “Portugal Ensaios de História e de Política”, de Vasco Pulido Valente exige perseverança e uma grande dose de masoquismo. Do Liberalismo Português a Cunhal Revisitado, o autor traça um retrato implacável dos governantes que, salvo raríssimas excepções, revelam uma visão retrógrada e / ou formatada por modelos estrangeiros. Eternos Dâmasos Salcedes, os governantes imitam as ideias e as modas estranhas numa busca incessante de um pedestal há muito perdido e, deste modo, infligem ao povo uma vida de miséria e, frequentemente, de morte.

As revoluções mais não são do que frustres insubordinações de quem já não suporta mais um poder caduco que, tendo delapidado os recursos, continua refém de ideologias totalitárias, e que, por sua vez, procedem à redistribuição sôfrega dos lugares e dos recursos, aperreando a classe média e desprezando o povo.

V.P.V. mostra um país falido, ignaro, beato, submisso, incapaz de separar o trigo do joio.

A publicação, em 2009, deste conjunto de ensaios acaba por ser o modo encontrado por V.P.V. para nos demonstrar que, filhos do marcelismo, do movimento do MFA ou de Cunhal, perdemos a noção da verdadeira dimensão de Portugal, continuando a ser governados pelo irrealismo, pela demagogia e, no limite, pela loucura de quem se imagina senhor do mundo, não passando, afinal, de gente mesquinha.

1.3.11

A alma…

E se nos devolvessem a alma? Dou comigo, às 6h00 da manhã, a pensar que foi o «sentimento de si» que matou a alma. Foram os filhos dos românticos que nos condenaram à egolatria e à futilidade…

Fernando Pessoa ainda tentou fingir ser quem não era com resultados satisfatórios para si, mas a alma, essa, perdera-se nas ruelas de um corpo que quis ocupar o palco inteiro – oh, o que sinto eu de mim a esta hora!

27.2.11

A traição da saudação…


A Junta de Freguesia quer que os visitantes, ao passarem sob este original “arco de triunfo”, se sintam como se estivessem em casa. Os franceses, no entanto, terão que reflectir um pouco mais sobre o que os espera…! - Talvez as “mulheres com história” do Carnaval de Loures…

26.2.11

Sobreposição de memórias…

Quando o presente quer ser digno do passado.

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Presença esquecida de um outro tempo.

Como se fosse necessário duplicar a presença desse outro tempo em que os cabelos dos salgueiros reflectiam  O Almonda.

25.2.11

A semana que finda…

Nesta semana que finda, temo que a Líbia se torne num verdadeiro inferno para um povo que ousa sonhar com a libertação do déspota que o oprime há 42 anos.

Portugal, em nome do apregoado realismo económico, não resistiu a uma aliança espúria que, agora, irá agravar a nossa situação financeira. Continuamos a não saber escolher os aliados!

Entretanto, aqui mais perto, o abuso de poder e a falta de respeito ameaçam virar enxurrada… E nem vale a pena referir esses maus exemplos tão eloquentes eles se afiguram.

De facto, os exemplos só deveriam ser apontados para ajudar a desbravar caminhos!

23.2.11

Subitamente…

Desatámos a olhar para o mapa… sem GPS, desatámos a descobrir países: a Tunísia, o Egito, o Iémen, a Argélia e, agora, a Líbia. Pouco nos interessa quem lá vive! Tudo gira em torno dos estrangeiros, do petróleo e do gás! A ordem tácita é evacuar os estrangeiros e fechar as portas aos povos em fuga!

Entretanto, os velhos tiranos recusam-se a abandonar o poder, massacrando as populações, ou, em alternativa, cedem o poder aos seus acólitos, em nome dos interesses locais e transnacionais… E tudo porque nas últimas décadas, o Ocidente preferiu a cumplicidade à hombridade.

Mas, afinal, que podemos nós fazer? Governados por figuras dúbias, olhamos o mapa e nada enxergamos!

22.2.11

A bandeja…

O que é que fazemos quando tudo nos é servido numa bandeja de prata?

O que é que fazemos quando a bandeja se encontra vazia?

O que é que fazemos quando já não sobra qualquer  bandeja?

- Piores do que cães, mordemos.Há mesmo quem não saiba fazer outra coisa!

Parece que é esse o grande desígnio da educação em Portugal: MORDER.

18.2.11

Em nome de quê?

 


Bem antes de Cristo, Antístenes, mestre dos Cínicos, ensinou que a única comunidade aceitável é a dos cães, que sabem mendigar e nunca se acanham.
Entretanto, Cristo trouxe a lição do pudor e do arrependimento, e com isso uma multitude de sectários que caritativamente exercem a censura e a mentira… condenam a ambição e, poços de cobiça, amortalham a esperança…

Em nome do quê?

16.2.11

Impulsos contrários… Basta!

Chove, venta, neva mesmo… as árvores burguesas tombam sobre automóveis incautos e os guarda-chuvas chineses naufragam na via pública. As imagens de telhados revoltos, de campanários esventrados, de populares aterrados, apesar dos santinhos, entram-nos pela casa dentro… Tudo de foguete como se o fim num ápice se aproximasse!

As greves em empresas ruinosas proliferam alheias ao estado das centenas de milhares de desempregados… sem perceberem que de empregados grevistas passarão rapidamente a descartáveis, bastando uma abordagem sistémica do problema da dívida para que a maioria das empresas públicas seja definitivamente encerradas.

Se à ventania nada podemos opor, o mesmo já não se pode dizer no que respeita à insensatez da gestão dos recursos públicos: BASTA!

13.2.11

A Casa–Museu Dr. Anastácio Gonçalves e o Grupo do Leão

A seguir pelas propostas que faz...

No centro da Cidade de Lisboa, revisito uma casa-museu fantástica, mandada construir pelo pintor José Malhoa, e que mais tarde foi adquirida pelo oftalmologista Dr. Anastácio Gonçalves, coleccionador de mobiliário dos séculos XVII e XVIII e de pintura naturalista, designadamente de SILVA PORTO… Todo esse acervo se encontra exposto, deixando-nos antever o gosto e a riqueza do homem nascido em Alcanena, terra de curtumes que certamente não serão alheios à constituição deste magnífico património…

Esta nova visita trouxe-me a necessidade de esclarecer a génese do Grupo do Leão (1880-1888). Por volta de 1880, Silva Porto, regressado de Paris, onde fora discípulo de Daubigny, tomou conta da cadeira de pintura da Escola de Belas-Artes de Lisboa e criou à sua volta um ambiente de vivo entusiasmo. A cervejaria "Leão" era o seu ponto de encontro com amigos, admiradores e discípulos.

(João Vaz, António Ramalho, Cipriano Martins, Columbano Bordalo Pinheiro, Rafael Bordalo Pinheiro, José Rodrigues Vieira,  Silva Porto José Malhoa, Moura Girão, Henrique Pinto, José Ribeiro Cristino integraram o referido grupo.)

No Outono de 1881, começaram a juntar ideias para a primeira exposição do grupo, que acabou por decorrer nas Salas da Sociedade de Geografia. A "Exposição dos Quadros Modernos", como lhe chamaram, abriu em 15 de Dezembro de 1881. O catálogo foi ilustrado com desenhos dos expositores, gravados em zinco - novidade gráfica daquele tempo. O público acorreu, interessou-se e comprou muitas obras.

/MCG

12.2.11

Pingarelhos…

Enquanto que, no Egipto, os generais contam as armas e redistribuem as comendas, e o povo celebra nas ruas a ilusão, por aqui armamos ao pingarelho: o Bloco de Esquerda sonha que tem do seu lado mais de 50% dos portugueses; o PSD faz de conta que se preocupa com a sorte do povo e por isso adia a decisão há muito tomada – deixar ao PS a aplicação da política ruinosa dos credores; o PCP, pudico, dá ares de cortesã ultrajada e promete avançar orgulhosamente com a sua moçãozinha; o CDS, enredado na farsa de plebiscitar o pequeno «duce», mas pronto a avançar para qualquer poleiro… enquanto o PS continua a encenar histrionicamente a morte da Pátria, lavando as mãos olímpicas…

Bom seria que a revolta saísse à rua, livre de grilhetas, e varresse a cambada que há longos anos saqueia a Pátria! Mas como se o saque nos corrói desde a fundação?

11.2.11

A caminho…

Entregar o poder às Forças Armadas Egípcias é abrir o caminho para o abismo. Nas ruas e na caserna erguer-se-á uma oligarquia cimentada no ódio aos Estados Unidos e a Israel.

Esta satisfação ocidental em torno da partida de Mubarak mais não é do que um golpe de mágica para confundir o povo egípcio e mundo árabe.

De qualquer modo a ilusão é do Ocidente, pois o mundo islâmico não corre atrás da democracia! A laicização do mundo árabe não passa de uma fantasia ocidental!

8.2.11

Falsos ídolos...

Quando os recursos são escassos, há sempre quem veja no seu trabalho grande mérito mesmo que nada traga de novo. Repetem-se as conclusões, mas, de verdade, este novo riquismo não passa de um indicador de luta pelo poder. Com mais ou menos SeguraNet, a pobreza moral, social e económica continua a alastrar. Mudam as ferramentas, cresce a velocidade da revolta, mas o mundo fica mais pobre, porque as novas linguagens continuam a ser feudo de sumos pontífices mais ou menos ocultos.


6.2.11

Aqui é que se está bem!

Tem tudo: água, luz e cor! E, sobretudo, como diria Alberto Caeiro, não há humanos; só uma criança, loura… e árvores que crescem sem nos pedir autorização… e aves, diversas, que cantam sem rimas.

Nada, aqui, é pensado, tudo é natural, sem escola onde ir, a não ser que subamos a encosta…~
/MCG

4.2.11

Penélope morreu de tédio?

(No dia 31 de Janeiro de 2011, Teatro Nacional D. Maria II)
Só um herdeiro português poderia pensar que Penélope pudesse morrer de tédio! Tecer projectos megalómanos, comer e beber,  cortejar são as únicas acções que valem um esforço.
A espera de Penélope mais não é do que a rejeição do tédio que resultaria da substituição do amado Ulisses por qualquer outro pretendente ambicioso…
Em GLÓRIA de Cláudia Lucas Chéu, o caminho é o do ensimesmamento de Telémaco (PATHOS), a braços com um sentimento espúrio que lhe atira o discurso para a revolta contra um pai ausente que descura a mãe e a pátria (…) Os jogos de linguagem, o mimetismo e o calão tornam-se nucleares no texto dramático…, levando à assunção de um discurso frequentemente grotesco, porém salvo pela recriação de AlBANO JERÓNIMO.

2.2.11

O formigueiro…

 

Sempre que o boato (ou o mujimbo) avançar tímido, não acredite nessa morosidade…

Sempre que o Governo pede um empréstimo, a dívida aumenta exponencialmente… Sempre que um político faz uma promessa, o receio começa por crescer lentamente, para depois se transformar numa enorme desilusão.

Nas revoluções, assiste-se sempre a um crescimento exponencial dos revoltados e dos manifestantes. De acordo com esta lei, uma formiga pode tornar-se num formigueiro.Curiosamente, os governantes têm dificuldade em compreender este mecanismo. Mas, hoje, basta uma sms para incendiar a rua e o palácio.

31.1.11

Moinhos da Pena…




Apeteceu-me ficar mó agora flor.
Nem chuva nem brisa apenas rumor… 
PENA ou penha tanto faz!
Só o degrau me satisfaz…

Se passar…

30.1.11

Canalhocracia em evidência...

Li algures que, na época da Regeneração (1851-1865), o poder foi de tal modo disputado e concertado que a riqueza nacional caiu nas mãos da canalha que governava. De facto, nos dias que correm tudo parece correr do mesmo modo: Passos não tem pressa; Cavaco detesta a bomba atómica; Sócrates afasta, como pode, o FMI. Porque será?
Porque a entrada do FMI em Portugal acabaria por destapar o saque a que a canalha submeteu o país e a Europa, em nome da democracia.

29.1.11

À beira d'água

Uma encenação à beira d’água. Com ou sem mágoa? No horizonte da ponte, não há capitão nem caravela… Submersos os peixes, invisíveis as gaivotas, o canavial descobre a árvore acabada de compor enquanto o encenador se desloca como se a personagem tivesse abandonado o palco… Sobra o artefacto que suporta a câmara possível e a cor térrea…

/MCG

27.1.11

Conversa (in)acabada…

Quando os tambores rufavam e a ditadura democrática se apoderava das sobras do Império, Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro conversavam sobre a asfixia doméstica e nacional, procurando fora e dentro da pátria uma alma nova, cientes de que só o imaginário os poderia libertar da pequenez. E é nessa encenação criadora que ambos se concentram, sacrificando a vida ao IDEAL estético.

A conversa transformou o quotidiano e o medíocre em matéria de arte, invertendo o processo épico que nos fizera subir ao Olimpo  e acreditar pateticamente numa grandeza ícara…

Não surpreende que a derrocada trazida por Abril tenha criado as condições para que João Botelho ousasse, em finais da década de 70, encenar orpheu. Coadjuvado por alguns dos filhos de Maio de 68, João Botelho procedeu a um notável trabalho de reconstituição da rara excelência criativa que poderia esconder a desgraça que desabara sobre a orgulhosa pátria e sobre os frágeis ramos que dela se libertavam.

Na ESCamões, os alunos puderam ver hoje, com apresentação de João Botelho e de Fernando Cabral Martins, CONVERSA ACABADA que, para além da tentação de emulação, os poderá  levar a repensar o seu próprio tempo…

De parabéns estão, assim, o núcleo de Cinema da Escola, o ABC Cineclube e os professores Cristina Duarte, Jorge Saraiva e José Esteves.

25.1.11

Meia evidência…

O 12º M (Curso Tecnológico de Desporto) também participou, no dia 24 de Janeiro, no MEDIA LAB do DN e fê-lo de forma responsável. A maior dificuldade, como já sabia, esteve no desempenho linguístico e comunicacional. Pena é que a simples opção por um curso tecnológico desvalorize o papel da leitura e da escrita. No entanto, a proposta do DN mostra que o caminho a seguir não está assim tão distante como por vezes parece. Basta uma diferente formação dos professores e, sobretudo, uma efectiva utilização das ferramentas disponibilizadas pelas Novas Tecnologias da Informação.

Ora o Ministério da Educação  devia  criar um novo modelo de formação de professores que combine, de raiz, as didácticas específicas com as TIC e, sobretudo, devia equipar as escolas com os meios necessários ao aperfeiçoamento das metodologias de ensino, em vez de gastar vastos recursos financeiros em pacotes de 60 horas, distribuídas por quatro anos, como acontece com a anunciada formação de professores classificadores ou  na formação QUIM no ensino da Língua Portuguesa.

24.1.11

Indício ou evidência?

Sem checklist, e à medida da experiência de cada um!


Na tragédia antiga, os indícios criavam cumplicidades com o espectador, dirigiam-lhe a imaginação e impediam-no de naufragar no pântano das emoções ou no calculismo dos argumentos. Sem eles, não havia experiência!

Hoje, nada deve ser deixado a cargo da experiência! Se não for possível guardá-la numa prateleira, o melhor é submetê-la ao filtro  da evidência (conjunto de itens que devem orientar o observador) com o fito de desmoralizar o “esperto”… E o melhor caminho é o da quantificação, pois a excelência impõe entre 2 e 4 evidências. E porque não entre 3 e 5 evidências?

De qualquer modo, prometo que, de futuro, só voltarei a falar de evidências, se algum distinto observador tiver aplicado uma checklist  de 7 itens a cada uma delas…

De acordo com o meu amigo Jorge Castanho, este novo linguajar não passa de uma forma de legitimar o poder daqueles que tudo fazem para “matar o pai”. E eu concordo e estou farto de dar o peito às balas de usurpadores incompetentes.

Em criminologia, creio que os investigadores ainda se contentam em descobrir os indícios, pois a experiência lhes diz que as evidências já condenaram muitos inocentes à forca ou à cadeira eléctrica.

Claro que este discorrer parece incoerente, mas a coerência não existe, conquista-se seguindo pistas (as antepassadas dos indícios!) em trilhos invisíveis a qualquer EVIDÊNCIA.

23.1.11

Cartazes…

Se a diminuição dos cartazes é um bom sinal, não deixa de ficar por fazer o balanço daqueles que foram atirados para o desemprego!

Se a ausência de cartazes nos poupa os olhos, não deixa de ficar por saber quantos oftalmologistas perderam clientes que já tinham como certos!

Na minha zona de voto só há um cartaz esquecido que não desperta a atenção de ninguém, a não ser a de um outro trocista que o aproveita para despejar a sua ira.

No tempo dos cartazes, aumentava o consumo de latas de tinta, de lápis, de marcadores e de navalhas. Havia felinos, sobrancelhas gigantes, bochechas ou, apenas, bigodes. Havia, por vezes, aliterações fixes, metáforas paradisíacas e, sobretudo, havia SOL, coisa que, hoje, talvez para castigo nosso, deu lugar a uma luz esbranquiçada bem próxima da cor da agonia…

E foi neste tom que lá entreguei à urna um voto que deixou de ser meu para seguir o seu caminho! 

21.1.11

Um pouco de cor, um fio de luz...

A sombra fria parece abater-se sobre a velha pátria exaurida e nada do que possa acontecer no Domingo parece poder alterar o rumo... Só a luz e a cor insistem em nos lembrar que, para além dos títeres, há sempre um futuro em aberto... Por isso não o desperdicemos...

20.1.11

7…

Se não tivéssemos comprado 2 submarinos, hoje, seríamos um povo feliz. O défice seria de 7%! Ora, como bem sabemos, o povo ama, como nenhum outro, a redondilha maior e o heptassílabo. Desde que os trovadores se “aportuguesaram” que o octossílabo e o decassílabo entraram  em decadência na língua do povo… Camões ainda tentou mudar o estilo sorna e labrego, substituindo-o por um estilo grandíloco, cheio de oitavas e de decassílabos heróicos, mas sem êxito. A decadência já assentara arraiais nas mentes lusíadas!

Os nossos parceiros europeus já compreenderam que obrigar-nos a baixar o défice dos 7% é o melhor caminho para acabar, de vez, com a raça lusitana! O 7 é a nossa porta de entrada e de saída (a nossa alma!) e sem ele, só nos resta morrer de inacção…

Entretanto, enquanto a hora derradeira não chega, ainda podemos ir votar no pentassílabo, apesar do risco de voltarmos ao decassílabo, e de cairmos definitivamente no abismo ao som do cavaquinho de pé quebrado…

18.1.11

A Sagrada Família…

Enquanto o Governo procede à destruição paulatina da escola pública, o Candidato incentiva alunos, professores e pais a revoltarem-se contra a redução dos subsídios ao ensino privado.

De momento, o Governo está empenhado em transferir as responsabilidades de financiamento para os fundos europeus e, sobretudo, em alterar a matriz curricular, eliminando, por exemplo, a Área de Projecto, e fazendo tábua da revisão curricular aprovada pela Assembleia da República.

Em síntese, a Sagrada Família prossegue o objectivo de entregar o Estado aos grupos de interesses que se foram constituindo desde 1974.

16.1.11

No mar que nos roubaste…

 Não há dinheiro para que as crianças do 1º e 2º anos possam praticar natação, mas o Candidato propõe que se crie um Ministério do Mar. Provavelmente, está mais preocupado com a rendibilização dos mil milhões de euros gastos na compra de 2 submarinos! E vale a pena não esquecer que um já se encontra em reparação no Alfeite.

14.1.11

O mujimbo…

“O mujimbo é uma arte de governo.” (Pepetela, Lueji)

Entre a verdade e a mentira vive o mujimbo (o boato). Em pleno relativismo cultural, só o mujimbo circula impune e impõe a sua lei.  (Um candidato sente-se abraçado pelo povo; um segundo fala em nome do povo; um terceiro diz-se acima do povo.)

A ninguém interessa o número exacto da dívida! A ninguém interessa a delimitação do conceito! E como não interessa a ninguém, o número torna-se intangível e o conceito desliza, sob a forma de noção, para uma suave indiferença que mata definitivamente a verdade e a mentira.

A velha dicotomia extingue-se iluminada pelo mujimbo. 

13.1.11

Se aposta em 2011…

Engenharia de Software Teoria Matemática Avaliação de Risco
História – investigação Prevenção e reabilitação auditiva Manutenção da higiene oral
Análise estatística Analista de sistemas Meteorologia e ambiente
Biologia e ciências afins

Não pense na crise! Procure uma escola onde possa aprender uma das profissões acima enunciadas. Esta lista vem publicada  no i de hoje, 13 de Janeiro.

Creio, no entanto, que este diário se esqueceu  da política, porque o Diário de Notícias acaba de demonstrar que a melhor forma de “ganhar” dinheiro exige filiação numa organização política e posterior estágio num sindicato / ministério. Depois é só esperar pela nomeação para a GALP, EDP, REFER, CGD, Banco de Portugal, Portugal Telecom…

11.1.11

Indicadores…

Hoje, de manhã cedo, numa pastelaria da Praça Dona Estefânia, em Lisboa, um cliente dirige-se ao balcão e declara secamente à funcionária: Quero urinar!

Há dois dias, no Centro Comercial Vasco da Gama, no Parque das Nações, um suposto cliente de meia idade entra num provador e urina ali mesmo.

Felizmente que destes acontecimentos não corre notícia; no entanto, eles são bons indicadores da degradação dos nossos comportamentos…

E a propósito de indicadores, vale a pena considerar o modo como o Presidente da República comentou hoje os números apresentados pelo Governo. Considerou-os, apenas, um indicador…

Um notável indicador de baixa política!

10.1.11

Mudança…

Como já me pronunciei no Facebook, aproveito para confessar a minha opção de voto neste ano de 2011: Fernando Nobre. Trata-se de uma confissão pública de algo que, habitualmente, é secreto. Qualquer leitor atento de CARUMA saberá que ela, há muito, não se revê nos caminhos trilhados depois de 1974, tal como não se revia na política do Estado Novo.

Acredito que a vontade é a figura essencial da mudança e, no actual quadro de candidatos, apenas Fernando Nobre dá corpo à vontade de mudar. Apenas ele a grita, um pouco como Cristo no deserto, acreditando que é possível pôr fim aos centuriões que ocuparam o templo.

9.1.11

Mépris (1963) involuntário?

Em 1963, eu não sabia que Jean-Luc Godard realizava um filme que só, ontem, tive oportunidade de ver – um filme sobre o cinema ( os que o fazem, os que o produzem e os que o vêem). Nessa época, eu aprendia a desviar o olhar – o pecado morava em frente! E ainda hoje não me libertei completamente dessa educação que me ensinou a “baixar os olhos”, a  dissimular as emoções, a tolerar a hipocrisia.

Em 1963, os espectadores (que não eu nem os portugueses até 30 de Junho de 1975 – data da estreia de LE MÉPRIS, em Lisboa) podiam ver Brigitte Bardot inteiramente nua em cenários interiores e exteriores. E é precisamente essa diferença que agora me surpreende: mais do que a geografia é a cultura que nos atrasa; não a falta dela, mas uma mentalidade retrógrada, pecaminosa que nos impregna os ossos…

No filme, a dissolução da relação ( e do argumento) resulta de um gesto in (voluntário) do argumentista que atira BB para os braços do rico produtor americano, como se o corpo (a beleza ) mais não fosse do que uma mercadoria que, inevitavelmente seria sacrificada, pois os deuses não toleram os humanos desafios…

Embora noutro contexto, esta diferença de perspectiva na abordagem do corpo ou da língua já há dias me deixara perplexo e indeciso. Como explicar a actual rejeição da cultura francesa? Em muitos casos, essa rejeição é uma forma de desprezo de quem (in)voluntariamente tudo sacrifica em troca de algum reconhecimento e, sobretudo, de uns milhares de euros…

De qualquer modo, os deuses não dormem!

8.1.11

Castigare aetatem…

De vez em quando, acordo em Latim. Nunca fui romano, mas hábitos antigos vêm à tona sem serem convocados… Algo me diz que deveria dar mais atenção à antiga lição. No entanto, sufocado pelas novas redes, procuro mergulhar nessa onda comunicacional a que, paradoxalmente, falta  o miolo.

De qualquer modo, as redes estão-se nas tintas para a idade, misturam velhos e novos, criam a ilusão de que o tempo deixou de existir, forjando em vida uma imortalidade definitivamente perdida… Tal o pescador que lança a rede de malha fina num gesto derradeiro…

Assim, estou eu, castigado pela idade, a fazer de conta de que já estou reformado, pois de nada serve o trabalho acumulado nem os descontos efectuados. Para o caso, mais valia emendar a idade

6.1.11

Quem são os responsáveis?

Hoje, a situação de incumprimento já leva ao encerramento dos programas, como, por exemplo, o K’CIDADE.
O dinheiro existe mas desaparece antes de chegar aos trabalhadores. Quem é que fica com ele?
O jornalismo de investigação bem poderia seguir-lhe o rasto, porque, de verdade, os parasitas estão de tal modo colados ao filão que, no fim, não sobra um cêntimo…

4.1.11

O corpo da crise…

Por razões particulares, hoje percorri parte da A1. Trânsito fluido. Gasolina e portagens mais caras. Restauração das áreas de serviço às moscas… A crise já começa a ganhar corpo. Menos procura, menos consumo = mais desemprego!

Ao lado, os campos continuam desertos e as cidades fervilham de subsídio-dependentes… Os municípios, endividados, não cumprem os compromissos eleitorais, como está a acontecer com a socialista Câmara Municipal de Lisboa que, impunemente, deixa morrer o Programa K’CIDADE, não honrando os seus compromissos…

A crise ganha corpo porque os governantes, há muito, venderam a alma. E quem perde a alma deixa de saber o que é a HONRA!

3.1.11

K’CIDADE

 

Um Programa que está a deixar de cumprir os seus objectivos, porque alguns dos parceiros deixaram de disponibilizar as verbas necessárias ao pagamento do mísero salário de todos aqueles que, todos os dias, se sacrificam no terreno.

O Programa reúne um conjunto de organizações parceiras,diversificadas e complementares, empenhadas na partilha de recursos e soluções conjuntas para as questões da pobreza e da exclusão social.

Envolvidos no PROGRAMA: a Fundação Aga Khan, enquanto entidade promotora, a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, a Central Business, a Associação Criança e a Associação Comercial e Industrial do Concelho de Sintra.

A reforçar esta missão, uniram-se vontades de outros parceiros e apoios estratégicos, cujas competências e responsabilidades são essenciais ao desenvolvimento e sustentabilidade do Programa, como o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, a Fundação Calouste Gulbenkian,o Patriarcado de Lisboa,  a Iniciativa Comunitária EQUAL, a Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara Municipal de Sintra e a Hewlett Packard.

Se considerarmos os parceiros envolvidos, a situação de atraso no pagamento das remunerações é verdadeiramente escandalosa!

1.1.11

Esquecidos…

De que a nossa vocação é a água, continuamos a “meter água” na Europa… Indiferentes à luz e à sombra, continuamos a beber-lhes o champanhe… Tudo porque um grupo pequeníssimo de portugueses tem na Europa o seu maná…

Assim mesmo, 2011

Desfocado, como convém ao tempo que se anuncia. De repente, parece que regresso ao século XIX!